𝐒𝐄𝐈𝐒

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VOCÊ tentaria fazer com que Mio fosse com você. Mas por que ela aceitaria isso sendo que só podia de demitir?

- Por favor, Mio. Eu preciso que você vá comigo. - você implorou a olhando.

- Eu não sei, Miya. Isso é tão arriscado, não sei o que o Nanami pode pensar se descobrir e-

- Ei. - você interrompeu ela. - Ele não vai descobrir. Calma. - passou a mão pela bochecha dela, mas logo se afastou. - Então... Ele deixa as chaves com você, não é? - ela assentiu. - Só precisamos pensar para onde vamos e como.

- Eu só vou te ajudar nisso porque sei que você só quer se livrar dele. - ela te olhou.

- Obrigada, Mio! - você a abraçou.

Você gostava da companhia dela, ela te ajudava e você fazia o mesmo, então vocês se davam bem.

Você estava deitada na cama de forma desajeitada, apenas pensando no que você faria quando fugisse com a Mio. Precisavam ir para um lugar onde ninguém encontraria vocês, talvez isso fosse impossível. Você não pode negar que tem um pouco de medo de nada funcionar e você viver presa ao Nanami, mas não custa tentar.

- Miya. - Kento tocou o seu rosto e você o olhou rapidamente. - Está em que mundo? Estou te chamando e você não me responde. - cruzou os braços.

- O que? Só estava pensando. - desviou o olhar para o teto.

- Ajeitei a sua postura na cama, garota. - ele disse autoritário.

Você suspirou e se ajeitou, logo cruzando os braços e o encarando.

- Tem que se comportar como uma garota, você não é um garoto, Miya.

- Não tô nem aí. - deu de ombros. - Você só sabe me controlar, que saco.

- Me respeita. Eu sou o homem aqui. - segurou o seu queixo com firmeza.

Você revirou os olhos e se afastou, em seguida olhou para a grande janela.

- Eu não quero me casar. Não com você.

Nanami levantou as sobrancelhas e se sentou próximo a você.

- O que quer dizer com não com você? - te olhou indiferente.

- Que eu não amo e nunca amarei você. - voltou a olhá-lo.

- Claro que vai. - ele riu anasalado. - Você só precisa de tempo, afinal nunca deve ter se relacionado com ninguém.

Aquilo acabou por despertar uma lembrança em você, na qual você já nem se lembrava direito.

O dia estava ensolarado e você estava correndo pelo parquinho, você tinha apenas dez anos e amava brincar com os seus grupos de duas pessoas, Lia e Mia, elas eram irmãs.
Yuma te levava para o parquinho escondido dos seus pais todos os fins de semana, mas claro que uma hora eles iriam descobrir.

Enquanto você brincava com a sua paixonite de infância, Lia. Yuma estava caminhando até a sorveteria com a Mia para comprar algo para vocês se refrescarem.

- Acha que é errado quando gostamos de meninas também, Lia? - você a olhou. A pequena soltou um riso e segurou os seus ombros.

- Não, nós podemos gostar do que quisermos, Miya. Os meus pais dizem que é errado, mas eu sinto aqui... - apontou para o seu peito, onde se localizava o coração. - Que isso não é errado. - sorriu.

- Acho que eu gosto de meninas. - você coçou a nuca. - Seria minha amiga mesmo se eu gostasse de garotas? - a olhou.

- Claro, Miya. - ela abriu um sorriso e se aproximou de você, logo deixando um selinho em seus lábios. - Isso é pra você ver que não é errado, eu gosto de você.

- Miya.

Você arregalou os olhos com as bochechas levemente rosadas e teve o seu corpo puxado. A sua mãe.

- O que pensa que estava fazendo? - apertou o seu braço.

- Essa é a sua mãe, Miya? - Lia interrogou confusa. - Oi, tia. - sorriu.

- Eu preciso ir, Lia. Até logo. - você acenou enquanto a sua mãe te arrastava para longe, indo de encontro com a sua irmã voltando da sorveteria.

E com dez anos você levou a sua primeira surra. Segundo ela gostar de pessoas do mesmo gênero era errado, completamente errado. Isso ficou apenas entre você e ela. A sua irmã apenas levou um sermão por sair escondido.

- Miya.

Uma lágrima desceu pelo seu rosto automaticamente e você o olhou novamente.

- Você está bem? - segurou o seu rosto.

- Claro que estou. - disse limpando as lágrimas.

- Claramente você não está.

- Sai fora, Nanami. - você o empurrou. - Qual o problema? - aumentou o tom de voz.

- O único problema aqui é você. Não acha que está na hora de começar a me tratar melhor? Nós vamos nos casar em duas semanas, precisa entender que eu sou o seu homem.

- O que?

- Eu marquei a data e os convites já estão sendo feitos. - ele afirmou se levantando.

Você cerrou os punhos e abaixou a cabeça mordendo os lábios na tentativa de segurar as lágrimas.

- Amanhã depois das aulas de etiqueta eu vou te levar até a sua mãe, ela se ofereceu para ajudar em tudo relacionado ao casamento.

- Eu não quero. Faça tudo sozinha, eu não me importo. - tentou sair, porém Kento te segurou e te puxou para perto.

- Não é você decide isso. - acariciou a sua bochecha.

Você teria que pensar rapidamente para onde iria já que estava cada vez mais próxima do seu casamento. Precisa fugir antes.

O jantar foi silencioso, Nanami não dizia nada, apenas te observava as vezes.
Depois de passar pelo jantar desconfortável, você tomou um banho e se vestiu para dormir.

- Miya...

Kento te chamou enquanto terminava de secar os seus cabelos na toalha.
Você apenas o olhou esperando que ele comece a falar.

- Eu quero que me responda algo. - ele se aproximou, em seguida se sentou na cama.

- Rápido. - você disse se deitando.

- Gosta de garotas? Eu ouvi a sua conversa com a sua irmã no casamento e o que você disse hoje... Bom...

- Não, não gosto. Boa noite, Nanami. - respondeu se virando de costas.

Continua...

𝐃𝐄𝐋𝐄, 𝐍𝐚𝐧𝐚𝐦𝐢 𝐊𝐞𝐧𝐭𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora