𝑷𝒓𝒐𝒍𝒐𝒈𝒐

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Os fogos de artifício iluminavam todo o céu noturno e estrelado da praia lotada de pessoas vestidas de branco para simbolizar a paz, toda felizes, sorrindo, bebendo.

Mas porquê isso parece tão sem graça?

Era o meu dia favorito do ano afinal, o último dia e entrada para um novo ano. Eu deveria estar feliz, não é mesmo?

- S/nzinha! - A Voz feminina é levemente aguda soa antes do corpo feminino de Jade pular em meus braços.

Eu sorri levemente, entrelaçando meus braços em volta da cintura fina e delicada de minha melhor amiga vestida com um longo vestido branco de fenda, já sobre o efeito do champanhe.

- Não está feliz? - Ela pergunta sorrindo após dar um beijinho em minha bochecha.

Como eu iria falar para ela que só estou aqui porquê ela me obrigou?

- Claro que estou... - Minto descaradamente, sorrindo para manter a farça.

As vozes das pessoas ao redor e da música alta me incomodavam, estava tarde e eu estava cansada do trabalho, só queria me jogar na minha cama e dormir por todas as noites que passei acordada.

- Então porque está com essa cara? - Jade questiona obviamente notando meu desconforto desde que cheguei.

- Só...estou com dor de cabeça. - Digo a primeira coisa que me veio em mente, não que seja mentira.

Ela nada diz, firma o olhar encarando fixamente meus olhos como se lê-se minha alma me fazendo segurar a respiração por um segundo, sabendo que ela me conhecia melhor que eu mesma.

- Você não está bem. - Ela afirma.

- Não estou? - Eu pergunto.

Minha melhor amiga pode não ser psicóloga, mas sabe onde mais dói.

- Quer ir para casa?

Essa pergunta me tira um suspiro de alívio, mesmo sabendo que não era sobre aquela casa que ela está se referindo.

- Sim... por favor.

Ela sorri de forma acolhedora, segurando minha mão delicadamente e entrelaçando nossos dedos.

Eu correspondi ao sorrisso e me deixei levar enquanto meu refúgio me guiava entre a multidão, me levando para longe de tudo aquilo que me trazia memórias nada boas.

Esperamos por um uber que demorou um pouco para chegar devido ao feriado a qual poucos estão trabalhando.

Minhas pernas pesaram assim que sentei no banco de trás do carro, enquanto Jade cumprimentava e iniciava uma breve conversa com o motorista - Me perdi em pensamentos olhando pela janela enquanto o carro já se movia para longe da praia.

Meu olhar passou pela areia cheia de pegadas até os fogos no céu que indicavam o início de um novo ano.

Duas combinações para mim perfeitas, ao qual eu amava antes.

Mas hoje tudo o que sinto por elas é um grande nó na garganta.

Pois cada vez que escuto o barulho das explosões dos fogos de artifício, me lembrava da noite que eu perdi tudo.

Meu irmão.

Meu quase namorado.

Meus "amigos".

A cada explosão que ecoava nos céus, uma memória me vinha em mente.

Eu atirei em meu próprio irmão com minhas próprias mãos, não que eu me arrependa, nem mesmo o considero mais meu irmão.

Sam ficou bem graças a ajuda dos paramédicos que chegaram assim que o pior aconteceu, ele se aposentou para se dedicar mais a esposa e os filhos, compraram uma pequena casa de praia em outra cidade e ele nunca deixa de me mandar mensagens e fotografias de meus sobrinhos.

Lucas morreu após o tiro perfurar seu estômago, fiz questão que o corpo fosse enterrado ao lado do túmulo de Levi para que permanecessem juntos assim como estiveram ao me manipular, não os dei o privilégio de um funeral, de qualquer forma eles não tinham ninguém para os da-lhe flores de despedida.

Jack resistiu ao tiro por sorte, mas assim que ganhou alta no hospital foi preso por tráfico de drogas, assassinato de aluguel, sequestro, e cúmplice. Sinceramente, eu não o culpo pois assim como eu, ele também foi manipulado, mas isso não é motivo para deixar de odiá-lo por tudo o que fez.

Jake só está vivo pelos aparelhos que o mantém na maca do hospital, em estado de coma e sem data prevista para acordar, se acordar...

- Você chegou ao seu destino. - A Voz do GPS do carro diz assim que o motorista parou em frente a um dos prédios principais do centro da cidade.

Só então sai de meus pensamentos, saindo do carro junto a Jade após pagarmos pela corrida.

Passamos pela porta automatica de vidro, chamamos o elevador e Jade apertou o botão do nosso andar, as portas se abriram e então seguimos para o AP que diviamos.

Jade pegou a chave na bolsa branca da Gucci, abrindo a porta e trancando-a assim que adentramos o moderno apartamento.

Joguei minha bolsa em cima da mesinha de vidro no centro da sala de estar, passei pelo balcão de mármore negro que separava a sala da cozinha, abri a geladeira pegando uma garrafa de vinho lacrada.

- Vinho a essa hora? - Minha melhor amiga questiona se aproximando do balcão.

- Não tem hora para beber vinho - Digo simples, já abrindo um dos armários de cima e pegando uma taça de vidro - E de qualquer forma eu não bebi nada até agora.

Jade me observa abrir a tampa com o abridor de garrafas, enchendo a taça pela metade.

- Não vai me oferecer? - Ela pergunta fingindo se ofender ao me ver beber um gole do líquido vermelho.

- Você já bebeu demais por hoje. - Digo terminando de beber o vinho, guardando a garrafa e lavando a taça.

- Tem razão... não estou com sono, o que acha de assistirmos a um filme? - Ela pergunta mudando de assunto.

- Já esta tarde...

Eu digo mas sou interrompida ao vê-la fazer a típica face de cachorrinho pidão e biquinho manhoso, me fazendo ceder automaticamente sorrindo para ela.

- Dorama? - Pergunto tirando um sorriso de ponta orelha de Jade que já segura meu pulso me puxando para o grande sofá cama preto.

- O meu preferido! - Ela diz de forma empolgada, ligando a tv e colocando na Netflix.

- Mas já assistíamos esse mais de mil vezes. - Eu digo enquanto ela se acomoda em mim como se eu fosse uma almofada.

- Não importa, vamos assistir mil e um. - Ela diz e coloca o dedo indicador em frente aos lábios como sinal de silêncio pois a abertura da série estava começando.

Eu apenas rolo os olhos sorrindo, sabendo que ela nunca se cansaria de assistir essa mesma série romântica.

O ponteiro dos minutos no relógio de parede passavam, minha melhor amiga não parava de falar e surtar a cada mínimo contato que os personagens principais tinham.

Enquanto eu já sentia minhas pálpebras pesarem e meus olhos se fecharem lentamente, eu lutava para mantê-los abertos, sabendo que Jade ficaria irritada se eu dormisse durante a série.

Me desculpe querida, mas eu perdi a essa batalha contra meus próprios olhos que se fecharam fazendo minha vista escurecer e os sons ao redor ficarem inaudíveis, já não consegui abri-los, e nem queria.


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⏰ Última atualização: Apr 29 ⏰

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Hacker - Jake DonfortOnde histórias criam vida. Descubra agora