• Timeless •

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Após o cheiro se esvair, Jisung lenvantou-se do gramado e logo arrumou suas coisas. Ainda entorpecido, sua mente nublada, não tinha certeza do que iria fazer a seguir e muito menos do que tinha acabado de acontecer. Decidiu ir pra casa, correu pelo campus e então matar as aulas daquele dia, afinal, não teria a mínima condições de focar no que aquele professor rabugento iria falar por aquelas horas, a matéria do dia ele já tinha passado, então poderia faltar. Correu para o ponto de ônibus, inquieto. Olhando de um lado para o outro respirando fundo e se perguntando o porquê de está assim. Por que estava ofegante? Estava fugindo exatamente de que, ou de quem? Sua intuição pedia para voltar e seguir o pequeno rastro daquele aroma, mas sua razão dizia que não era certo. Pelo menos, não era a hora.

Andava de um lado para o outro naquela parada de ônibus, suas mãos sendo levadas constantemente a lateral de sua calça na tentativa falha se secar o suor frio que se acumulava. Sua testa já tinha alguns fios de cabelos grudados e ele se sentia quente apesar do frio do outono. Queria sua casa.

O ônibus logo parou e ele buscou o último acento, respirou fundo fechando seus olhos e pedindo pra chegar em casa e sentir a água fria do chuveiro bater em sua pele. Seu interior se remexia como se fosse uma banda marcial em sua apresentação, sua barriga parecia que estava sendo revirada e sentia vontade de colocar o café da manhã pra fora. O caminho nunca foi tão longo quanto naquele momento, e então o ônibus finalmente chegou até o seu destino após longos minutos de tortura.

Correu em direção ao prédio como se fugisse de alguém, o senhor da portaria estranhou a fuga repentina de Jisung e seu rosto assustado, o que poderia ter acontecido com o jovem de cabelos acinzentados para está daquele jeito realmente era de se espantar. Os dedos trêmulos apertavam constantemente o botão do elevador na tentativa falha de fazer com que a porta se abrisse mais rápido, mas não é assim que funciona, porém ele não entendia naquele momento. O metal se abriu a sua frente e ele entrou ofegante pela corrida, sua roupa parecia que lhe apertava a garganta por não conseguir respirar, seu peito subia em uma tentativa de respiração descompensada e seus olhos assustados olhavam tudo ao seu redor. Ele realmente estava em uma crise de pânico.

Correu pelo corredor até a porta do seu apartamento e buscou por suas chaves, o barulho da mesma em contato com o chão o fez despertar de sua busca pela mesma dentro de sua bolsa finalmente a encontrando. A fechadura parecia dançar na sua frente não encontrando de forma alguma o corpo da chave para então abrir a porta de madeira e adentrar na segurança da sua casa. Após alguns segundos de uma batalha contra a fechadura, Jisung finalmente estava dentro do seu apartamento, seguro, tranquilo, longe do que estava lhe perseguindo. Não entendia o motivo de está ansioso e de ter fugido, mas o medo estava inundando seu íntimo como uma enchente.

Jogou sua bolsa em um canto qualquer, tirou cada peça de roupa que lhe apertava fazendo uma trilha em direção ao banheiro; não é do seu feitio a desorganização, mas no estado que se encontrava a última coisa que passava em sua mente era organizar as roupas sujas em seu devido lugar.
A água que caiu sobre o corpo curvilíneo de Jisung o relaxou instantaneamente. Seus olhos se fecharam em alívio e o cansaço se instalou em seus músculos. Permitiu-se respirar adequadamente depois de todo acontecimento vivido anteriormente, inspirando da maneira correta, enchendo seu peito de ar e pensando no aroma que sentiu alguns minutos atrás. Ao soltar o ar preso, sentiu falta, sentiu o vazio que se instalou em sua pele, em sua alma, lembrou das palavras que veio como um sussurro em sua mente e do que Jeongin disse, e finalmente, cogitou que o garoto poderia está certo.

Tateou pela parede lateral em busca da toalha e sentiu o vapor da água quente sair do box, tinha demorando tempo o bastante pra ter as pontas dos seus dedos enrugadas devido ao contato da água. Desleixadamente secou seu cabelo, seu corpo e então saiu em direção ao seu quarto sentindo ainda algumas gotículas de água escorrer por sua pele devido o cabelo molhado. O contato com a brisa fria e a pele quente o deixou arrepiado e o trouxe lembranças do aroma. Lembrou de como sentiu a necessidade de tê-lo sempre próximo, o aperto no peito pela precisão de querer mais, porém o medo de possui-lo também estava ali. Sua pele ávida e nua reagia a cada pensamento, sentia-se como se fosse um ímã em busca da outra carne pra se sentir completo, pra se sentir quente. Seria capaz de morrer se não tivesse o contato da outra derme sobre si.

Já dentro do seu quarto vestiu-se com uma peça íntima e pegou seu notebook que estava esquecido em cima da mesa de estudos e se jogou na cama logo abrindo na barra de pesquisa. Seus dedos ágeis digitavam pelas teclas em busca de respostas pelas dúvidas que vagavam pelo seu subconsciente.

"...O amor romântico, celebrado ao longo dos tempos como um dos mais avassaladores de todos os estados afetivos, serviu de inspiração para algumas das conquistas mais nobres da humanidade; tem o poder de despertar, estimular, perturbar e influenciar o comportamento do indivíduo."

─ Acho que o Wikipedia é o pior lugar pra se buscar o significado de o que é o amor... ─ Jisung levou suas mãos aos olhos e se jogou para trás caindo na cama e respirando profundamente. Sua mente não desacelerava por um minuto até que o som do toque do seu celular o despertou.

Jisung? ─ a voz conhecida de Jeongin do outro lado da linha soou.

─ Oii Innie.

Onde você está? Procurei você por todo o campus depois que a palestra acabou e você não é de faltar nenhuma aula, está se sentindo mal? Hyunjin disse que te viu sair às pressas. ─ Jeongin despejava uma chuva de questionamentos preocupado com o amigo enquanto Jisung apenas ouvia com seus olhos fechados se perguntando o porque de ter atendido o maldito telefone se sabia que Jeongin iria fazer esse discurso todo.

─ Como foi a palestra? ─ mudou de assunto para não ouvir mais nenhum puxão de orelha, definitivamente não estava no clima.

Foi ótima. Teve um antigo aluno que foi convidado. Ele é incrível, se formou em literatura francesa e acredito que você gostaria muito de conhecê-lo pois ele é escritor. E sem falar que ele é muito charmoso. ─ finalizou com um tom de voz brincalhão que fez Jisung rir soprado.

─ Você foi pra palestra ouvir sobre os ensinamentos ou prestar atenção nos caras que estavam por lá, Yang Jeongin? ─ riu.

Ora, eu não tenho culpa se o cara é um coroa muito do charmoso tá?! Eu que não curto pegar um velhinho por ele eu faria esse sacrifício.

─ Cruzes! Você falando assim parece que o cara é um velho com o pé na cova. ─ a risada contagiante de Jeongin fez com que Jisung também sorrisse e esquecesse um pouco a tensão que antes pesava sobre seus ombros.

Não é pra tanto, ele deve já ser quase um quarentão, ou nem isso. Mas ele é uns dez anos mais velho, é experiente, é inteligente, charmoso, alfa, tem aqueles olhos de gato muito misterioso, ah Jisung, você deveria ter ido.

─ Já chega Jeongin, eu entendi que você gamou no coroa ─ riu ─ Mas eu preciso ir tá? Eu te mando mensagem depois.

A ligação foi encerrada e um suspiro audível de Jisung foi ouvido. Ele se sentia cada vez mais estranho, evitou a conversa com seu amigo, faltou as aulas, fugiu de algo que não sabia bem o que era, tudo em um único dia. Isso realmente não está dentro do seu normal. Fitou o teto branco do seu quarto, sentiu os pensamentos tomarem conta da sua mente e a falta de algo ainda desconhecido preencher o seu coração. A cada batida desritmada como se buscasse um maestro para colocar o ritmo assim como em uma bela orquestra de violinos; os seus olhos que buscam contemplar a beleza que parece ser irreal aos olhos humanos; as pontas dos seus dedos que buscam pelo contato da pele do outro pra saciar a vontade carnal que existe no mais íntimo da alma e assim se entregar selando um pacto entre dois corações.

Respirou fundo mais uma vez, buscou seu celular e foi até o contato de quem sabia que realmente poderia o ajudar naquele momento. Não existia outra pessoa capaz de lhe enteder melhor.

Alô? ─ só bastou um único toque pra voz rouca soar do outro lado.

─ Acho que estou apaixonado e estou ficando louco. Preciso de você, Felix.

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Do outro lado da cidade, um Alfa estava trancado em uma cabine de um dos banheiros encontrados por si dentro daquele prédio. Sua respiração ainda descompensada e o aperto em seu coração estava o deixando zonzo. Sabia que seu lobo não estava bem, pois já havia em poucos momentos da sua vida se comunicado com o seu interior.

"Precisamos do nosso Ômega."

Querido Leitor • Minsung • ✒️Onde histórias criam vida. Descubra agora