Borderline - Seulrene

a infelicidade não dura pra sempre

- Mãe? - Seulgi e sua mãe estão fazendo algo que não fazem a bastante tempo. O almoço.

É domingo, dia de folga da Kang mais nova e dia de almoço em família. Mãe e filha estavam agora na cozinha, a mais velha preparando o almoço enquanto a Kang mais jovem cortava os legumes.

- Sim Seulgi. - A mulher diz, enquanto sua atenção está na panela, saboreando o caldo da carne para saber como estava o gosto.

- Eu estive pensando sobre uma coisa. - Seulgi também não está prestando atenção em nada além dos legumes que agora corta de forma desleixada.

- Sobre o que? - Sua mãe lhe incentiva a continuar.

- O que mudaria se Yerim contasse sobre... Você sabe, sobre gostar de garotas.

Sua mãe para. Encara a garota que está de costas para si, de cabeça baixa e ainda cortando os legumes.

- Eu ficaria sabendo. - A mulher começa, com o tempo ganhando a atenção da mais nova. - Talvez contaria para seu pai se ela estivesse segura para isso, sentaríamos juntos, falaríamos sobre. - Seu olhar pesa, lágrimas preenchem seus olhos que estão agora distantes, imagina a situação. A senhora Kang imaginou aquela situação com sua filha várias vezes.

- Eu queria ter ficado sabendo antes, mas não tinha ideia que Yerim gostava de garotas. - Conclui, voltando seu olhar para a filha mais velha.

- Ela sabia esconder bem, eu também não suspeitava. - Seulgi sorri, como uma tentativa de consolar sua mãe talvez.

- Ela pode ter tido seus motivos para não contar, talvez achasse que iríamos ser contra, mas a verdade é que eu ainda sou uma mãe. Pensei muito sobre isso, cheguei a conclusão que meu amor não mudaria por saber que teria uma nora no lugar de um genro.

Aquilo tudo era muito legal na teoria, falando sobre sentimentos de uma pessoa que não estava mais entre eles, na prática Seulgi achava um pouco diferente e por isso entendia sua irmã, agora mesmo ela estava morrendo de medo.

Sua mãe ainda lhe encara, ela percebe isso, a mulher parece estar esperando alguma coisa a mais que não vem, resolve ter a fala novamente.

- E você? O que mudaria pra você? - Seulgi não esperava pela pergunta. A surpreendeu, seu coração acelerou de repente, e se sua mãe soubesse sobre Joohyun, o que mudaria?

- Ela continuaria sendo minha irmã, nada iria mudar. - Resolve responder a pergunta sinceramente. - Mas acho que teria mais atenção sobre as coisas, eu não tinha ideia das coisas que aconteciam na escola.

A mulher concorda. Naquele ponto estavam todos no mesmo barco, todos queriam ter prestado um pouco mais de atenção nas coisas que deixaram passar.

A senhora Kang volta para a carne na panela e Seulgi se aproxima para despejar os legumes cortados.

- Como está Joohyun? - A mulher pergunta e vê sua filha deixar cair no chão algumas cenouras cortadas.

- Ela está bem, a mãe dela também parece bem melhor. Foram ao shopping hoje. - Seulgi tenta parecer menos nervosa do que está.

- Por isso não a chamou hoje? Vocês andam tão grudadas, achei estranho que ela não esteja aqui hoje. - Sua mãe diz, com o sorriso de quem mostra que não está incomodada com aquela situação.

Seulgi sorri sem graça.

- Eu gosto que você tenha uma amiga que seja tão especial pra você, nunca te vi considerar alguém assim, ninguém além de Yerim. Acho que ela gostaria de conhecer Joohyun. - Sua mãe desliga o fogo e vira-se para sua filha outra vez.