alguém para tornar tudo mais tolerável

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- Vocês são mesmo só amigas? - A senhora Bae pergunta e vê sua filha parar seu movimento para lhe olhar.

- Sim. - Joohyun responde indiferente, voltando a bebericar em sua caneca de chá.

Era cedo e as duas Bae estavam a mesa, conversando decentemente pela primeira vez em anos. Era claro para Joohyun que sua mãe estava tentando, mas até quando?

- Você nunca trouxe nenhuma amiga, então eu não a conhecia, vocês se conheceram na escola? - A mulher tenta mais uma vez.

- Não, ela estava em uma ponte onde eu estava para me jogar. - Se sua mãe queria uma conversa honesta, ela teria uma conversa honesta.

- Oh. - A mulher não pôde dizer nada além de uma palavra monossilábica.

Joohyun toma mais um gole de chá. Introduzir a bebida em seu hábito diario havia sido sugestão de Seulgi, e agora ela fazia uso disso sempre que podia.

- Você pode me perdoar? - A mulher pergunta, seu tom de voz quase em sussurro e a postura como de quem teme pela resposta. - Eu sei que não fui uma boa mãe pra você, me arrependo por isso. - Joohyun estranha ver os olhos da mulher marejados.

- Seu pai tinha uma briga estúpida com seu avô, ele me dizia que teria um filho homem e seria seu orgulho. Ele o exibiria como troféu para seu avô que sempre desprezou tudo seu pai fazia. - A mulher começa a contar a história, seu olhar evitava a filha, tamanha a vergonha que sentia. - Imagine a decepção que sentiu ao ver seu primeiro filho vir com uma doença crônica? Mais ainda quando soube que na segunda gravidez teria uma garota. - A mulher suspira exausta. - Ele odiou, seria o balde de água fria em seus planos.

Joohyun entendia o motivo de seu pai, era um motivo burro, mas entendia. Mas e sua mãe?

- Eu queria ficar bem com meu marido e achei que negligenciando minha filha seria o caminho certo, não fui sábia, acho que deveria ter tentado amenizar a situação entre vocês antes que ficasse nesse estado. - Mais um suspiro. - Antes de tudo isso tomar a proporção que tomou.

Joohyun também concordava com aquilo. Sua mãe poderia ter ficado ao seu lado ao invés de simplesmente lhe ignorar.

- Eu percebi o tamanho do meu erro quando eu liguei para ele dizendo que você tinha voltado pra casa depois de sete dias fora e ele me mandou expulsar você. E mesmo assim eu fiz, pelos motivos que você já sabe, mas eu me arrependo.

- Eu não te culpo por ter escolhido ficar do lado dele, eu já esperava que essa fosse a sua escolha. - Joohyun resolve deixar as coisas mais claras, ela não esperava nada de seus pais, pelo simples motivo de que ela nunca teve nada deles.

- Eu sei que fiz escolhas erradas e que não posso concertar nada do que já foi. Mas se eu puder, se você me permitir, eu quero tentar me redimir e quem sabe aprender como ser uma boa mãe.

A mulher encontra as mãos de sua filha e as acaricia. O coração de Joohyun dispara, ela não sabe o que fazer ou dizer.

Não está acostumada com aquela conversa toda de perdão e concerto, ela só conheceu a dor e agora está pensando sobre como reagir quando a ação que lhe é importante não é o que está acostumada a lidar.

- Se ele voltar pra casa você vai aceitar seu pedido e me mandar embora outra vez? - Pergunta o pensamento que lhe ocorreu.

- Eu não sei, a casa ainda é dele então eu não posso intervir. - Os olhos de Joohyun caem em desânimo. - Mas eu prometo te ajudar no que posso, te manter perto, tentar fazer com que a raiva dele diminua e ele te deixe voltar.

- Eu não acredito em você.

- Joohyun você é minha filha, eu nunca enganaria você.

- Eu acho que preciso pensar sobre isso. - A garota se levanta e saí da presença da mãe, esbarrando com uma Seulgi sonolenta no caminho.

Borderline - Seulrene Onde histórias criam vida. Descubra agora