Depois de meio dia, chamei um motorista de aplicativo e desci morro, iria no comércio comprar umas coisas que não deu para trazer, as pessoas no morro me olhavam como se fosse uma estranha, umas mulheres com roupas bem vulgar também me olhavam dos pés a cabeça e cochichavam, se eu estivesse em Salvador iria perguntar qual era o problema, mas infelizmente não estou e o dono desse morro não foi muito com minha cara, melhor evitar.
Comprei meus cremes, hidratantes e um perfume, o meu já estava acabando, depois voltei para o morro e me barraram na entrada.
— porra, mó viadagem, meu filho eu tenho oque fazer, sai da minha frente. — tentei explicar 20x que tenho autorização nessa merda desse morro e que sou moradora nova.
— foi mal ai mina, nos não te conhece, só com o chefe, aguarda aí.
— você acha que eu vou fazer oque com esse morro segurando 2 sacolas meu amigo? tá viajando. — o sol tá de lascar.
— só com a autorização do chefe caralho, segura a onda pra mim não te descer esse fuzil.
— primeiro vai tomar no cu, segundo fala comigo direito que eu nem lhe conheço e terceiro seu chefe sabe que eu existo.
— que porra essa no meu morro? — o chefe dele apareceu seu camisa, se eu não tivesse um leve rancinho dele diria que era um gostoso, que corpo definido é esse amigos.
— acontece que seu guardinha aí tá teimando comigo, dizendo ele que eu vou prejudicar vocês tudo com duas sacolinhas da Avon, me poupe.
— tu chegou ontem e já tá me arrumando problemas né caralho.
— a culpa não é minha se você insiste em dizer que eu sou uma infiltrada ou informante, sei lá como se chama isso. E seu empregado é jumento e não entende um " eu sou nova morada, seu chefe sabe da minha existência " vai implicar com o carai.
— se liga na tua parceira, não aturo que me desrespeitem nesse caralho, eu sou o dono dessa porra toda e quando eu falar tu tem que abaixar a cabeça ouviu? E ele não é meu empregado. — ele deu um empurrão no meu braço que meu celular caiu e a sacola também.
— é oque então? Traficante? quer eu fale isso? Ele é seu traficante, da no mesmo idiota e você tentou me assustar com um empurrão? Não medo de você, não sou retardada para abaixar a cabeça quando você mandar e você não é meu pai, grande merda ser dono de morro.
— tu tá pedindo pra morrer garota, não vou ter a mesma consideração por causa da sua tia! — ele ia me jogar no chão mas a Lara e o Gb apareceram.
— tu é louco Ph? Tá usando muita droga? — Lara saiu puxando meu braço e pegou meu celular e as sacolinhas do chão.
— colfoi mano, tá vendo bicho solto com a mina? Que implicância é essa com a garota caralho.
— essa menina me testa, dá próxima ela não vai ter outra sorte! A filha da puta bate de frente comigo na tora.
— você que tem medo que firam seu ego, deveria mudar sua forma de amedrontar os outros se não...
— Gabriela já chega, vamo embora — Lara saiu puxando meu braço para subir o morro.
— eu vou matar essa menina Gb! — ouvir a voz dele de longe.
— você tem algum tipo de problema? Se ele te matar não vai fazer diferença alguma na vida dele.
— mais fácil eu matar ele primeiro de raiva.
— sim uma hora ele infarta contigo — ela disse rindo.
— que bixinho filho da puta, quebrou meu celular novinho, desculpa xingar a sua mãe.
— eita Gabi, você não usa película.
— não, deixa la, é bom que os encosto vai tudo com ele.
— só não faz mais isso entendeu? Se eu não tivesse chegado com o Gb, você não estaria viva nem pra contar história.
— pra mim tanto faz — sentei na calçada da porta da minha tia.
— não tem medo de morrer?
— eu tenho medo é de viver.
— nossa, por que? Aii não, depois você me conta, eu preciso ir, tenho curso no asfalto e preciso correr.
— vai lá, obrigada.
— nada, não enfrenta o Ph pelo amor de Deus.
— se ele parar de implicar comigo e fingir que eu não existo, tá ótimo.
Entrei pra dentro de casa e minha tia estava tirando um cochilo já rede, subi pro meu quarto para arrumar tudo, não desfiz as malas ainda e não pretendo desfazer por tão cedo, mó trabalhão, tô fora. Depois de algumas horas dormindo minha tia me chamou, ela pediu que fosse comprar o pão antes que os pães da padaria esfriasse, era no final da tarde já.
— boa tarde Gabi, cadê dona Luci?
— oi boa tarde, ela esta em casa.
— 10 pães de sal? — assenti e ela foi buscar — filha, da onde você derrubou esse celular, a tela tá toda quebrada.
— pois é dona Zélia, foi um encosto que passou e derrubou, mas tudo bem, meu celular é novinho sabia? — falei isso porque o Ph entrou na padaria e parou aonde eu estava, ele revirou os olhos com ódio e quando peguei meu pão que me virei ele segurou meu pulso tentando controlar a raiva.
— me solta seu idiota — puxei meu pulso de volta. — filhote do Satanás — falei indo até o balcão mas sem que ele ou ouvisse.
Sai da padaria e um homem me empurrou no chão umas duas ruas depois.
— aí mas oque é isso, não se tem paz nesse morro não? — coloquei a mão na cabeça porque tinha batido na parede com muita força, saiu um pouco de sangue, só depois que olhei pra saber quem era. — você é louco? fumando droga?
— tu me chamou de empregado na frente dos meus parceiro e depois de traficante sua filha da puta, vou te mostrar quem é traficante agora.
— você é doido? Eu não falei pra te ofender e se você trabalha pra outra pessoa é empregado e a profissão é traficar, mentir em alguma coisa?
— tu não sabe da história de vida de ninguém garota.
— sim e nem quero saber, eu não me mentir, sinto muito se te ofendeu, mas não mentir em momento algum, puta que pariu que dor do caralho.
— que caralho é esse aqui Df? tá metendo o louco no meu morro caralho — Ph iria tirar uma arma da cintura mas eu entrei na frente do rapaz.
— para com isso, tudo que acontece você resolve matando pessoas? É assim que você protege um morro com tanta gente? Foi um mal entendido, deixa o rapaz em paz.
— tu tá com a porra da cabeça sangrando e tá defendo o cara? Qual é a tua ?
— ele tem razão, eu que não deveria ter falado de uma forma inadequada sobre ele e eu não quero sua "proteção" só porque é dono do morro, não preciso de você pra nada.
O tal do Df me olhou impressionado por tê-lo defendido já que ele basicamente me agrediu, mas não me importei, era demais ver mais uma pessoa morrer na minha frente, já perdi minha mãe e me acho culpada por não ter percebido que ela estava doente desde o começo e imagine ele matar esse moço que nem conheço por minha causa.
Passei a mão já minha cabeça mais uma vez e não tinha muito sangue, foi um corte pequeno, nem falei mais nada e segui meu caminho, quando cheguei em casa pós o pão na mesa e subi para o meu quarto, antes que minha tia reparace em alguma coisa.
(Este livro só vai estar completo gratuitamente em outra plataforma, quem quiser o link comenta)
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Morro do Vidal
عاطفيةGabriela Nogueira tem 19 anos, mora atualmente no estado da Bahia com a sua mãe que acaba falecendo combatendo contra o câncer no pulmão, um mês depois ela decide ir embora para o Rio de Janeiro morar com sua tia no morro do Vidigal, com a expectati...