The Redhead

A Morte

Só havia passado 12 horas que tudo ocorrera, mas para Amora parecia uma eternidade. Ela tinha providenciado tudo para o enterro da mãe, desde a escolha das flores azuis que a mãe tanto gostava, até o caixão que descia pelo buraco aberto no cemitério. Havia poucas pessoas, alguns amigos e conhecidos da mãe, sua amiga Katy, sua professora de latim. Todos tinham uma expressão séria no rosto, e faziam silêncio, enquanto dois homens jogavam terra em cima do caixão. As pessoas foram despedindo-se e saindo, mas Amora não tinha noção de quem eram, tamanho era o torpor em que encontrava-se. Quando deu por si, estava sozinha no cemitério, gelada dos pés à cabeça, tremendo em um vestido preto que emprestara da Katy. O sol já tinha ido embora, e o frio aumentava a cada segundo. Precisou reunir todas as suas forças pra sair dalí, mesmo assim, andava como se tivessem pesos em cima dos pés. Caminhava em direção à saída, quando chutou algo. Amora abaixou e pegou. Parecia um caderno de anotações pequeno, com capa de couro. Abriu e ficou paralisada ao ver uma foto da mãe, solta entre a capa e a primeira folha. Devia ser de alguém que viera ao enterro. Folheou o caderno e tinha muitas escritas, em inglês, algumas em latim e outras em alguma outra escrita que não reconheceu, além de figuras estranhas.Na última folha havia um desenho, parecia queimado a fogo, um triângulo cortado ao meio com um círculo dentro, que já havia visto em algum lugar.
Amora guardou o caderno na bolsa, e esfregou as mãos congeladas. Devia ir pra casa, se aquecer, mas algo dentro de si preferia ficar alí, congelando. Qualquer coisa seria melhor que enfrentar aquela casa sombria sozinha.