𝐌𝐄𝐃𝐃𝐋𝐄 𝐀𝐁𝐎𝐔𝐓 | Katsuki Bakugou

3

Entrei pela porta do prédio no qual se encontrava o apartamento em que eu estava ficando, e automaticamente algumas mensagens começaram a cair em meu telefone, o que me fez prestar atenção em algo a mais que meus pensamentos. Tirei o aparelho do meu bolso, dando uma pequena checada, antes de subir os degraus da grande escada.

Haviam me incluído em um grupo. No grupo deles. Respirei fundo olhando para o lance de escadas a minha frente, e me encorajei a subir, mesmo lentamente.

Quando finalmente cheguei na porta de meu apartamento, me permiti a checar novamente meu celular, vendo que havia centenas de mensagens naquele grupo em específico, que eu havia sido incluída. Mas as ignorei completamente, enquanto abria a porta e me deparava novamente com Rule, jogada no sofá assistindo a TV.

— Merda, fui bullynada com essa merda de camiseta - falei, fechando a porta e tirando a camiseta, ficando apenas de sutiã e me juntando a ela no sofá - Tu não saiu daqui desde que eu cheguei?

— Bom - diz ela, sentando no sofá - não tinha muito o que fazer, mas lavei a louça - ela me olhou - falei pra não ir de Nirvana.

— Mentirosa, você disse pra usar - ela fez careta, como se fosse pega na mentira - Esse sábado a gente vai em uma festa, beleza?

— Ah sim sim, da banda da Kyoka, não? Fiquei sabendo, bem, agora cala a boca que eu quero ver o filme - ela disse, de forma divertida, fazendo com que eu apenas soltasse uma risada.

——

— Que droga, por que eu? - ele discutiu pela milésima vez, enquanto eu só esperava de boca calada parada perto dos dois, como uma estátua.

— Já falei, você é muito rude - President Mic gritou, apontando para os fundos da loja ordenando - vai mostrar o que ela deveria fazer agora.

Bakugou resmungou algo, totalmente descontente em ter que me mostrar as coisas novamente, mas aceitou e começou a andar raivoso, esperando que eu o seguisse, e assim fiz.

— É o seguinte, eu vou ser muito legal e você vai falar pra ele que eu sou gentil - ele me disse, olhando para algumas prateleiras - então, você fica aqui e vende as coisas, se algum cliente entrar nessa quinquilharia - continuou, dando ênfase na última palavra.

— Eu ouvi isso, garoto e explica pra ela direito - ouvimos um grito de longe.

— Cuida da sua vida, oh - ele respondeu baixo, mas raivoso.

— Eu ouvi isso também.

— Bom, qualquer coisa que você ver que tá acabando aqui, é só você pegar do estoque, e você também pode atualizar ele no sistema - fiz que 'sim' com a cabeça.

— Sky, oi - antes que eu pudesse responder, apareceu o menino de cabelos vermelhos, acenando e vindo em nossa direção, parecendo contente.

— Eai, Kirishima - respondi contente em o ver também, abrindo um sorriso sincero.

— Ótimo, que tal a gente pegar um cházinho pra ficar batendo um papo, ao invés de fazer algo que preste - o loiro disse, enfurecido.

— Jesus, Katsuki, o que aconteceu? Pra que esse mau humor todo? - o outro perguntou.

— Não é você que tem que ficar de babá.

Kirishima riu, e me olhou com um sorriso divertido, se inclinando para o loiro.

— Olha, eu não estaria reclamando se fosse você - falou baixo mas não o suficiente para que eu não pudesse ouvir, e saiu de lá, fazendo eu sentir meu rosto um pouco quente e vermelho.

Bakugou bufou, se encostando nas prateleiras. Agora só havia nós dois naquela parte da loja, ainda levando em conta que a clientela estava baixa. Então, em um momento de coragem, resolvi puxar algum assunto com o mais alto.

— Então, alguma dica pra atender os clientes? Já que você é tão generoso - falei com ironia, mas ainda com vergonha.

— Ah, engraçada você - ele se abaixou, vendo alguns pacotes de cordas soltas, de qualquer instrumento.

— Meu senso de humor é muito elogiado, ok - eu respondi - E o que vocês vão tocar no sábado? - perguntei para puxar assunto, já que aparentemente ficaríamos um tempo ali, organizando as coisas.

— Sábado? Você vai? - ele perguntou, surpreendido.

— Óbvio, por que a surpresa? - ri.

— Nada - ele hesitou - você fez amizade rápido, Nirvana.

— Achei que a gente tinha combinado de não usar mais esse apelido ridículo.

— Nah, eu não me lembro de combinar nada.

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Amarro meu cabelo com uma presilha, para que os fios não se encontrem ao meu rosto, já que estava tentando fazer uma maquiagem simples. Hoje era o dia de ver meus novos amigos tocando, então uma emoção tomava meu corpo. Tentei ao máximo arrumar as imperfeições do meu rosto, e fiz um delineado simples. Queria ousar no batom vermelho, mas me faria ficar com vergonha, então gentilmente desisti da ideia.

Meu vestido preto e curto, de couro, estava lindo e chamativo no tom certo, onde não chamava a atenção toda para mim, mas também não passaria em branco. Nos pés eu não conseguia me desfazer de meu all star todo preto, ele era novo e simples para usar com qualquer roupa que eu quisesse. Eu estava de fato empolgada.

— Gatíssima, amiga! - Rule disse ao me ver indo em direção a porta.

— É uma droga você não ir, sabe disso, não é? - perguntei, na intenção de fazê-la mudar de ideia.

— Eu não consigo me encaixar na vibe, acho que pra mim, hoje, ficar em casa vai ser perfeito.

— Eu queria poder te animar - falei - você tem certeza que não acha melhor eu ficar?

— Eu tô bem, eu gosto de tirar um tempo pra mim, você sabe disso - ela sorriu me olhando, um sorriso cansado.

Não havia sido uma boa semana e mesmo que afastada de seus pais, ela sentia muito quando a família estava em briga, um peso enorme a se suportar. Mas ela sempre faz isso... sempre tenta mascarar o que sente com alguma piada ou apenas tirando um tempo pra si. Eu entendia ela, entendia isso. Fiz uma expressão compreensiva e me despedi, olhando para a hora em meu celular. Oito e meia, na hora certa para chegar até às nove, pagando um motorista para me levar, afinal, não combinei nada com as meninas, mas uma coisa era certa. Seria uma noite do caralho.