CASTELO DE CARTAS

SEGUNDO INFERNO

 Já se perguntou o porquê estar vivo? E uma questão mínima que gosto de manter, o porquê estar vivo. 

 O que te faz querer viver?

 Oque te faz fazer o que faz?

 O que te inspirou a fazer o que faz?

 Por quê?

 Nunca cheguei a uma conclusão, nunca descobri o porquê me manter aqui. Estar sentada aqui tomando uma taça de vinho e cheirando cocaína. Eu era tão feliz antes dela, minha vida é dela agora, toda esperança momentânea que ela me proporciona, e todas as noites em que me vi sem um motivo de querer estar aqui. A solidão se tornou uma parte impreenchível de mim, eu não preciso de ninguém, mas não quero ficar sozinha, não quero ver o escuro daquele quarto novamente, não quero acordar em um hospício. As pessoas vivem me dizendo que o passado não pode me afetar pelo que vivo hoje, mas em todos os sonhos ele vem.

   Não pude prever minhas atitudes, mas podia prever de outras pessoas. Um sexto sentido aguçado, com todas as pessoas sempre foi assim, é como se já a conhecesse, ela vem e eu já previ suas palavras e personalidade, pena eu não ter se identificado com isso na época.
  Eu já fui muito inocente, quem não? Mas eu ia além da inocência, eu era humilde e carente, na verdade, sempre fui assim, até hoje posso dizer. Fazer amizade era difícil, eu não sabia reagir e me comunicar formalmente, exagerada e carente, as pessoas sempre me diminuíam sem um motivo aparente, é o que eu acho. Não citarei nomes aqui já que não sei o destino deste livro. Se não tenho amizades de longa data hoje, devo a essa experiência marcante.

 Durante meu período escolar no terceiro ano letivo, segunda série. Estudei com colegas de infância, conhecidos da minha família. Me passavam confiança, mostravam ser bons amigos e  claro que eu sempre tentava frustrada mente chamar sua atenção ou atender suas expectativas. Seus olhares de desprezo já demonstrava o que sentiam por mim, ou por quem eu era.