Lapidação

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Hoje foi um péssimo dia para acordar.

Acho que fui atropelado por uma carroça sendo puxada por cinco cavalos e todos eles me pisotearam. Jungkook estava certo, acho que estou forçando demais.

Estou a mais de meia hora apenas deitado na cama olhando para o teto e pensando se volto a dormir ou se levanto. Ou talvez eu possa apenas ficar aqui deitado olhando para o nada e tentando pensar em nada, o que é bem difícil considerando o fato de que faltar um dia de trabalho é um grande pretexto para me mandarem embora sem mais nem menos.

Por que essa cidade é tão tecnológica para algumas coisas, mas tão ancestral em outras? O que realmente deveria ter evoluído, no fim, ficou para trás. Se eu fosse o próximo Rei, definitivamente daria um jeito de mudar várias coisas nas leis do reino.

Quando eu era mais novo acreditava que os Companheiros poderiam palpitar e realizar ajustes para melhorar a vida dos súditos, quando cresci entendi que de fato eles poderiam, mas nunca fizeram. Me pergunto se foi por medo, ou ganância.

No meio do devaneio escutei leves toques na porta do meu quarto e me arrastando, me levantei da cama para atender e dar de cara com um Jimin extremamente pálido e aparência febril.

— Eu até diria bom dia, mas tudo em mim dói e queria te pedir pra me levar no médico Hobi. - Disse se apoiando no batente da porta praticamente não aguentando seu próprio peso nas pernas.

Me levantei da cama me obrigando a me sentir melhor e cuidar do meu amigo. Enquanto o mesmo continuava no batente da porta, já me vesti com calças, blusa e a jaqueta que estava do lado da minha bolsa que no momento já se encontra nos meus ombros.

— Vamos? Vou te levar no posto da avenida. - Falei já o segurando para auxiliar a descer as escadas. Tem um posto de saúde bem grande na avenida que fica a duas ruas de casa. - Avisou bonitinho?

— Hobi, acho que eu aviso mais sobre minha vida para o bonitinho do que para nossa própria família.

Jungkook sendo mais família do que a nossa própria de sangue, são tempos difíceis, mas a comunicação entre províncias são algo, como posso dizer? Caro.

Com uma demora maior do que a habitual, finalmente já estávamos fora de casa e as ruas estavam vazias, pelo menos isso. Jimin estava praticamente sendo carregado por mim, eu sentia seu corpo quente e tremendo ao mesmo tempo. Sua febre deve estar alta. Também o ouço gemer a cada passo que dá. Será que ele pegou alguma virose?

— Eu espero não ficar internado, podemos aguentar uns 4 dias comigo em casa, mas semanas vai ser fora de mão. Não posso deixar as contas da casa nas suas costas.

— Limãozinho, se preocupe em ficar bem e não nos problemas. Eu dou um jeito - Escuto Jimin bufar ao escutar o apelido que ele finge não gostar. Dei esse apelido a ele quando ainda morávamos em Ametista, com 5 anos Jimin se esbaldava nas tortas de mousses de limão que minha mãe fazia. Acho que no seu aniversário de 10 anos ele bateu o recorde de comer fatias de torta de limão do reino, tenho certeza disso.

Creio que não andamos por cinco minutos e já estávamos no postinho, que graças aos Deuses não estava tão cheio, apenas os idosos das redondezas. A moça do atendimento estava sentada lendo algum tipo de livro e assim que notou nossa presença, o guardou imediatamente.

— Bom dia senhores, em que posso ajuda-los? - Sorriu bastante simpática.

— Bom dia, meu amigo acordo se sentindo mal, poderíamos fazer uma consulta? - Assim que citei o estado de Jimin, a mesma se virou pra ele e claramente notou a palidez anormal e os olhos fundos e escuros na cara de alguém que definitivamente não está no seu normal.

The Emerald Kingdom - SopeOnde histórias criam vida. Descubra agora