PENHASCO 2.

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Claire abre a porta do quarto de Jaden para que pudesse limpá-lo enquanto o garoto estava na escola. Rebecca havia ido trabalhar e ela, por hoje, estava de folga. Quando se tem filhos e uma família, digamos que descansar não era uma opção. Ao menos, não por hora.
Recolhe todos os brinquedos que estavam espalhados pelo chão, levando-os até a caixa reservada unicamente para eles. A cama, sua escrivaninha e materiais de estudos em casa.
Puxando para que a gaveta da mesma abrisse, ajeita todos os papéis, algumas atividades e testes que o garoto fazia durante a semana. Um punhado era passado, folha por folha e a mãe sorria orgulhosa pelas notas altas e mesmo que houvesse um "B" dentre elas, não tinha problema. A educação que o dera não o cobrava arduamente estar no topo, mas ser um bom aluno, com responsabilidade e ele exercia de forma fiel. Uma nota mediana não era o fim do mundo, tampouco definia a inteligência do filho. E quem nunca havia ido mal em algum teste?
Continua até que conseguisse uma em espessura e texturização diferentes, reconhecendo ser uma foto.

Jaden guardara a foto que tirara com Rhea Ripley no show da WWE, no qual haviam levado-no para assistir. Ela sabia que a mulher era a wrestler favorita dele, o que era irônico visto que já haviam sido casadas legalmente e após o término, nunca ter tocado em seu nome. Só não esperava aquilo, não naquele momento.
Não era como se a australiana ainda mexesse com seus sentimentos, tampouco deixava-na a mercê dela, porém, ainda sim, não era uma boa visão tê-la sorridente ao lado do menino. Não quando a mesma fizera de tudo para não ocupar tal posto ou ter os sorrisos dele para si.
Devolve tudo para o lugar, engolindo em seco antes de empurrar e fechar a gaveta por completo.

E de repente as lembranças acertaram-na em cheio depois de anos.
"Eu já havia superado ela, não? Então por que isso doía como facas enfiadas em meu peito, ainda? Nós tínhamos tudo, éramos felizes juntas e simplesmente foi sumindo diante dos meus olhos. Agora ela era campeã mundial e todos exaltavam seus passos, inclusive o meu filho, aquele que era para ser nosso. Era para ela estar voltando para casa nos intervalos das viagens. Para estar bagunçando a cama que eu acabara de arrumar enquanto beijava cada parte do meu corpo e sussurrava o quanto sentira saudade. Nós éramos para ser, Demi, por que diabos você teve que foder tudo?", Claire pensava.

Limpo as lágrimas, buscando controlar minha respiração descompassada pelo choro e abaixo, pegando o balde e os produtos que usava para a limpeza. Depois acabaria isso.

{...}

POV: DEMI BENNETT.

Olho as horas no relógio de pulso e limpo a testa que escorria o suor, com uma toalha de rosto que Priest arremessa em minha direção. A coloco sobre o ombro e o porto riquenho lembra-me do compromisso que havia feito com eles.
Um parque de diversões estava na Flórida. Um dos vários que passavam por aqui e eles não perderiam uma noite. Confesso que a idéia também agradava-me bastante, mas algo fazia meu estômago doer.

"Copos vazios, silêncio e ruído
A casa é grande demais, vazia demais
Comigo
Sobras a falta que faz
Que não volta mais..."

Aquilo no qual eu não conseguia desvencilhar-me. A porra de seis anos e ela ainda não saía de meus pensamentos. Tudo que fazia lembrava-me ela e aquela casa parecia uma prisão. As paredes ficavam menores com o passar dos anos, melancólicas e pacatas. Mas ela estava bem e somente isso importava.
Claire Nieven estava casada novamente, tinha uma bela família e um filho com os olhos dela, como sonhamos desde que a propus em casamento. E eu não fazia parte disso porque a culpa era toda minha.

Nós nunca mais teremos 26 anos, comendo algodão doce, brincando de tiro ao alvo para conseguir pelúcias das quais tínhamos dificuldade em carregar pelo tamanho, andando em montanhas russas e no topo da roda gigante, como em um clichê de romance, ficarmos noivas. Poderia ter sido em qualquer lugar, caro e luxuoso, nos ares ou até mesmo em uma das sete maravilhas do mundo, mas aquela era Claire e para ela, como havia me dito há seis anos atrás, nunca haverá pedido melhor em todo o mundo. Era dessa forma que nos encaixávamos perfeitamente, e no fim das contas, se foi.
Isso me faz pensar em como a mulher que escolhera para ser sua nova esposa, a pediu em casamento. Se havia sido como os romances de Claire...

𝙏𝙃𝙀 𝙉𝙄𝙂𝙃𝙏𝙈𝘼𝙍𝙀 - 𝙍𝙃𝙀𝘼 𝙍𝙄𝙋𝙇𝙀𝙔.Onde histórias criam vida. Descubra agora