Capítulo 4

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– Que merda – resmunguei –.

Eu estava revirando os armários atrás dos ingredientes que Elijah prometeu que tinham em casa e não precisavam ser comprados por mim, eu acreditei e agora não achava a droga do leite. Sinceramente viu, é por isso que não se deve confiar nessa família.

– Onde está todo mundo? – Klaus chegou de repente com a cara amarrada –.

– Hayley está no banho e o seu irmão provavelmente está contemplando sua ordinária existência em algum lugar – sorri –. Para onde vai?

– Isso não é da sua conta, bruxa – disse ao sair da cozinha –.

– Nossa, como é delicado – debochei –, você sabe onde está o leite, por acaso?

– Atrás do suco de laranja – murmurou –.

– Puta que pariu – esbravejei –, você ainda vai me matar com seu jeito sorrateiro de ladrão.

– "Jeito sorrateiro de ladrão"?

– É, – resmunguei –, esse jeito silencioso de chegar nas pessoas... ah, você entendeu.

– O que está fazendo?

– Não é da sua conta – retruquei –.

– Agora eu compreendo porque não gosta de Niklaus – ele se apoiou na porta –, você é igual a ele.

– Ah tá – ri –, se serve de consolo eu não gosto de nenhum de vocês.

– Costumamos sentir aversão a pessoas que são parecidas conosco – ele continuou mesmo eu não perguntando nada –.

– Se me comparar a esse lunático de novo, eu acabo com você – apontei a espátula para ele –.

– Por favor, eu imploro que não faça isso, se você me matar como eu poderia contemplar a minha ordinária existência?

– Claro que você ouviu – suspirei –.

– Não se desculpe, já ouvi coisa bem pior – pediu em tom de inocência e eu o olhei feio –.

Continuei mexendo a massa de panquecas, seu olhar examinando cada movimento meu cuidadosamente – eu sentia a tensão em meus ombros, o cheiro de perfume e loção pós-barba impregnado no ar –, ele entrou na cozinha:

– Precisa de ajuda?

– Não precisamos fingir amizade, a Hayley não está aqui.

– Não estou fazendo por você, mas pela cozinha clássica em perfeito estado que temos aqui – forçou um sorriso –.

– Vai à merda.

Ele retirou o terno e dobrou as mangas da camisa, sua atenção voltada para a frigideira em cima do fogão, ele colocou um pouquinho de manteiga e esperou derreter, sua voz foi casual quando disse:

– Algumas coisas chamaram a minha atenção durante a sua discussão com a Hayley – ele se empertigou –, fiquei intrigado com o "pergaminho" que você mencionou, posso saber do que se trata?

Senti um arrepio em minha coluna, passei por ele colocando um pouco de massa na frigideira quente e espalhei as bordinhas:

– Ah, não era nada – dei de ombros –, eu sou obcecada por história e estava negociando com um colecionador alguns pergaminhos de um faraó.

– Entendo – ele cerrou os olhos –.

– É – respondi seca e dei as costas para ele –.

Separei as frutas já lavadas e me virei a tempo de vê-lo virar o lado da panqueca, estava perfeita e eu o odiei ainda mais por isso. O silêncio durou muito pouco, sua voz soava como uma acusação:

A Bruxa ✦ The OriginalsOnde histórias criam vida. Descubra agora