12_ Eu fiz de novo...

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Drake dirigiu até o centro e estacionou. Olhei em volta procurando algo que parecesse atrativo para ele querer estacionar ali, mas era só o mesmo centro da cidade. A praça com coreto, as lojas, o cheiro de café e maçã e o frio do inverno. Ainda não estava nevando, mas era nítido que em breve nevaria.

ㅡ O que você veio fazer? ㅡ Perguntei, mas quando olhei para ele, percebi que ele não pretendia sair do carro.

ㅡ Nada. ㅡ Se aconchegou no banco e encarou a janela. ㅡ Gosto de ficar observando as pessoas.

ㅡ Por que? ㅡ Continuei olhando para ele, mas ele não me respondeu. ㅡ Qual é! Eu desabafei com você hoje. Mereço ao menos que você responda minhas perguntas. ㅡ Drake virou o rosto para mim e pareceu pensar se me respondia ou não. ㅡ Você não quer que eu confie em você?

ㅡ Quero, mas... ㅡ O interrompi.

ㅡ Só posso confiar em você se não me esconder as coisas. ㅡ Me ajeitei no banco e sorri para ele. ㅡ Me conta. Finge que agora eu sou sua terapeuta.

ㅡ Não tenho grandes coisas para desabafar. ㅡ Passou a mão no cabelo, os puxando para trás.

ㅡ Você? O filho de um mafioso que vê pessoas morrendo na sua frente? Dúvido. Devem ter toneladas de sentimentos reprimidos dentro de você. ㅡ Aguardei que ele dissesse algo, mas continuou em silêncio. ㅡ Okay, não precisa desabafar, só responde a minha pergunta. Por que gosta de ficar no carro observando as pessoas?

Drake olhou para mim, suspirou e encarou o retrovisor.

ㅡ Gosto de fugir um pouco da minha vida. Então vejo as pessoas vivendo a vida delas. Vejo as pessoas correndo pra pegar o transporte, encontrando pessoas que não vêem faz um tempo, comprando um comida que gosta, recebendo uma ligação importante, tropeçando e rindo de si mesmas, viajando em seus próprios pensamentos... ㅡ O meu sorriso sumiu porque não foi nada legal me identificar. ㅡ É bom fugir um pouco da minha realidade e só observar realidade que não parecem tão ruins.

ㅡ Entendo. ㅡ Me encolhi no banco e olhei pra frente no instante em que um casal passou com uma menina que devia ter uns cinco ou seis anos. Ela estava vestida de bailarina e eles estavam de mãos dadas com ela, um de cada lado, sorrindo e falando algo enquanto a menina esbanjava entusiasmo. ㅡ Sabe o que eu fazia antes de cada espetáculo? Ficava na coxia e espiava pela brecha da cortina cada pessoa que chegava. Durante a apresentado não consigo ver nem a primeira fileira direito, por causa da luz que vem na minha cara, mas quando as luzes do teatro estão acesas, consigo ver cada pessoa que entra. ㅡ Puxei o ar com o nariz e suspirei. ㅡ E também gosto de esquecer um pouco de mim e ver as pessoas vivendo. Famílias que iam assistir ao espetáculos, senhoras ricas, mulheres amantes da arte, homens bem vestidos... ㅡ Parei de antes de falar que também vi quando ele se sentou no camarote com Frank. ㅡ Você tem namorada? ㅡ A pergunta me surgiu e eu não guardei, o que fez Drake olhar para mim com uma expressão surpresa.

ㅡ Se eu tenho? Por que a pergunta do nada?

ㅡ É que não é sempre que homens que nem você vão assistir espetáculos de ballet. Sei que o ballet é uma arte que não tem gênero, mas a gente sabe que não é grande parte dos homens que gosta. A maioria que frequenta, ou é acompanhando uma mulher, ou para conquistar uma mulher. Por isso perguntei. ㅡ Olhei para ele esperando uma resposta.

ㅡ Não, eu não tento namorada.

ㅡ Você foi por que você quis?

ㅡ Fui porque você me chamou.

Estava pronta para fazer outra pergunta, mas até me esqueci do que ia perguntar.

ㅡ Você? Tem namorado? ㅡ Ele desviou o olhar para a janela.

Me ame, ChloeOnde histórias criam vida. Descubra agora