21_ Eu quero você

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Eu estava num estranho bom humor. Estava me sentindo tão bem naquele dia que me peguei cantarolando a tarde após tomar um banho quente e vestir uma roupa cheirosa.

Talvez o fato de eu ter um alimento novo e saboroso na geladeira todo dia seja o motivo. Ou o fato de agora eu ter minha própria sala de dança com espelhos barras seja o motivo. Ou o fato de eu não me sentir mais amedrontada com relação a Drake. Resumindo, tudo estava estranhamente bom pra mim. Pela primeira vez em anos eu consegui parar, respirar e só admirar a paisagem.

Poxa, teve um momento que eu fiquei sentada na frente da janela só vendo umas sete crianças brincarem na rua. E eu estava sorrindo. Não estava comparando a minha vida. Não estava triste por não ter vivido aquilo. Eu estava feliz por elas terem uma infância saudável e por ter a oportunidade de só sentar e observar.

Foi quando Drake chegou em seu carro e estacionou em frente a casa. Ele não saiu de imediato, ficou pelo menos uns dez minutos no carro.

Parando pra pensar, essa situação também não deve ser nada boa pra ele. Sei que é a minha cabeça que o Grove quer, mas Drake também o está desafiando. O que significa que Drake também está em perigo e isso me faz sentir um pouco culpada.

Ele tem feito muito pra me fazer sentir bem e confortável aqui. E olha, ele esta fazendo um ótimo trabalho. Acho que eu não vou morrer se for um pouco mais agradável com ele.

Drake finalmente saiu do carro e entrou na casa. Eu não saí do quarto já de cara, fiquei mais uns minutos olhando a vista lá fora. Primeiro porque o pôr do sol estava a coisa mais linda. Me pergunto quantos pores do sol como esse eu já perdi enquanto me afundava na minha própria tristeza.

O segundo motivo por ter enrolado um pouco mais pra levantar foi o fato de eu ter dançado quase que a tarde inteira. Depois que a sala ficou pronta e Drake saiu, eu fiquei horas dançando.

O sol acabou de se por, a noite chegou e eu finalmente tomei coragem de levantar e sair do quarto. Assim que pisei no corredor, a imagem que encontrei foi Drake saindo do banheiro. O cheiro de banho, misturado ao fraco vapor da água quente que saía do banheiro, junto à imagem de Drake sem camisa me deixou tonta por um momento.

Eu não o tinha visto sem camisa antes, tinha? Acho que eu me lembraria. Tem feito tanto frio que não tinha porquê ele ficar sem. Me senti uma pervertida por querer que fosse verão agora só para que ele ficasse assim o tempo inteiro.

A cicatriz em seu braço chegava até seu pescoço e eu tinha acertado com relação à tatuagens. Ele tinha algumas nas costas que notei enquanto ele virava para apagar a luz e fechar a porta.

Quando Drake virou-se na minha direção, logo percebeu que eu estava parada feito uma estátua olhando pra ele.

ㅡ Você ta bem? ㅡ Sua pergunta me fez querer entrar no quarto e me jogar embaixo da cama.

ㅡ To! ㅡ Apertei os olhos me sentindo ainda mais idiota e toquei a parede com a palma da mão.

Drake olhou pra mim com um olhar desconfiado e eu desviei o olhar. Por que de repente pareço uma adolescente tímida que esbarrou no crush de infância?

ㅡ Precisa de alguma coisa? ㅡ Ele perguntou e eu o olhei de novo.

ㅡ Sair. ㅡ Minha curta resposta o deixou confuso. ㅡ Preciso sair um pouco. Se importa de me levar para dar uma volta?

ㅡ Não, eu só vou me vestir. Me espera lá embaixo que eu já desço. ㅡ Drake passou por mim e entrou num dos quartos do corredor. Me escorei na porta, perdendo as forças e me sentindo uma idiota.

Eu nem estava realmente querendo sair, ainda estava com dor nas pernas. Mas pedi isso porque foi a única coisa que me veio a cabeça na hora.

Sem escolha, entrei no quarto e coloquei uma roupa mais quente. Arrumei o meu cabelo, deixando ele solto e fiz uma maquiagem de leve só pra esconder as olheiras de tantas noites mal dormidas.

Me ame, ChloeOnde histórias criam vida. Descubra agora