Dragão Krayt

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É difícil explicar a dor de perder algo, quando você percebe que talvez, aquilo nunca tenha de fato sido seu.

Não foi difícil sair do planeta. Quando você tem créditos, qualquer pessoa se dispõe a fazer o que você pede. Isso não significa que você não teria problemas.

Problemas que você facilmente resolveu, com uma boa surra - a sua forma favorita de resolver problemas - e uma mira cravada na cabeça de um engraçadinho.

O único lugar possível que você poderia ir, seria para Tatooine, mesmo que os Hutts tenham colocado metade da cidade atrás de você. Mesmo que imperiais estejam atrás de você, o que aparentemente era algo que tinha sido resolvido. E mesmo que você odiasse esse planeta.

Os Tuskens iriam te abrigar, você poderia passar um tempo apenas existindo. No meio do nada, com um povo esquecido e odiado o suficiente. Sem pensar em muita coisa, apenas fazer o que fosse necessário para a sobrevivência.

Infelizmente não havia como se desconectar da criança. E agora, você vinha tendo pesadelos terríveis. Cenários que você nunca viu, mas que pareciam ser tão reais. Havia uma menina que lutava bravamente para sobreviver. Essa mesma menina se encontrava com a criança, mas era claramente uma ordem cronológica de momentos diferentes. Era confuso, te deixava com medo e raiva. Você sempre acordava com a roupa completamente encharcada de suor. Sem saber o que era real, ou o que poderia ser fruto da sua mente. Se ele estava tentando se comunicar, ou se era seu cérebro que não se desligava da pequena criatura.

Claro, teve os momentos - vários - que você preferiria ter tiro de blaster no meio da sua testa, a sentir aquele emaranhado de sentimentos pelo Mandaloriano. Lembrar dele, da voz, do corpo, do jeito mandão e estóico, lembrar como ele era diferente estando só vocês três.

As lembranças. Um pequeno fio solto, que vai desfiando aos poucos todo o tecido.

O deserto mexe com a cabeça das pessoas. Mas havia algo em sua mente, você via coisas que as pessoas não viam, ouvia coisas que as pessoas não ouvia, você não conseguia controlar, as vezes você pensava que estava começando a ficar louca.

Viver com os Tuskens não é fácil. A cultura é muito diferente, e sempre estão em guerra. Por um lado era bom, fazia você desligar um pouco e agir no automático. Mas por outro lado, você reconhecia que isso estava despertando algo em você, seguindo por um caminho que você tinha medo de não conseguir voltar.

"São muitos para você?" um senhor de guerra disse em Tursken, enquanto você treinava com alguns guerreiros, mais precisamente seis deles.

Isso te fez lembrar do Mandaloriano. Enquanto escorria sangue pela sua testa e seu rosto estava todo salpicado pela areia e seu corpo fazia um esforço para se levantar, pensando em como Din nunca treinou com você dessa forma.

Você sorriu, levantando mancando, alcançando seu Gaderffi.

E era assim, nesses momentos que você era tomada por um ódio descomunal, que você sentia uma energia fluindo pelo seu corpo, uma força que dominava seus movimentos, seus reflexos eram aumentados, sua velocidade se tornava quase imbatível, que você derrubava seis dos guerreiros mais fortes da tribo.

"Chega!" O senhor de guerra gritou em Tusken, enquanto você estava prestes a afundar seu Gaderffi na cabeça de um dos guerreiros. Seus dentes amostra, um som animalesco saindo de sua garganta. "Eu disse, chega" ele repetiu, tocando em seu ombro, fazendo com que você se virasse tentando golpeá-lo com o seu bastão, mas imediatamente seu golpe foi bloqueado pelo senhor de guerra.

Você precisou piscar algumas vezes para voltar a si mesma. Seu peito subindo em descendo em velocidade alterada.

"Vamos de novo" você disse em Tursken.

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⏰ Última atualização: Mar 05 ⏰

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