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   Satoru perdeu a luta contra Sukuna e estava em seus últimos momentos de consciência quando ela apareceu.

   O seu arredor estava escuro, a falta de luz denunciava que já estava anoitecendo, os pequenos brilhos em sua vista poderiam ser considerados estrelas.

   Mas Gojo não saberia confirmar se realmente era noite ou era apenas a vida fugindo de seus olhos, sua alma o abandonando para ter algum descanso.

   O platinado queria fechar os olhos, ele queria sucumbir ao sono e admitir sua derrota, sua segunda derrota.

   Sendo a sua primeira quando ele não conseguiu salvar seu melhor amigo, não conseguiu perceber que os olhos violetas imploravam por ajuda, suplicando por atenção.

   Ou ele apenas não quis. Talvez ele não quisesse ajudar Suguru, talvez ele apenas tivesse ignorado, sendo egoísta o suficiente para pensar que ele deveria estar sozinho no topo.

   Quanta ignorância em uma mente não jovem.

   E agora em seus últimos momentos, ele pensava que merecia, merecia cada fardo, cada morte que estava em seus ombros. Mas ele não se importava com o peso, isso não era nada para o Xamã mais forte do mundo.

   O mais honrado entre o céu e a terra.

   Ele queria rir, queria rir sobre a frase que um dia ele disse.

   Se ele era o mais abençoado, porque ele estava aqui agora? Jogado no chão, não sentindo nenhuma fibra de seu corpo, seus olhos pesados implorando para serem fechados.

   Mas Satoru sabia que se cedesse, nunca mais os abriria.

   Talvez ele merecesse a morte. Ela nunca foi desconhecida para ele. Sempre o acompanhando em suas missões, levando sua respiração, seus passos e seu tempo.

   Isso… tempo, era isso que ele precisava, mas já era tarde demais.

   Gojo não tinha esperança, não tinha esperança de viver no amanhã, de ver o sol nascer novamente, ele sabia que não veria mais seus alunos juntos, que ele não estaria junto aos seus alunos.

   Mas o destino não pensava da mesma forma.

   Foi quando ela apareceu, quando ele estava morrendo, quando ele já não tinha mais oxigênio no pulmão.

   Satoru viu uma luz, ‘talvez fosse o fim?’ ele pensou.

   Mas pudesse ser pior, ou melhor do que isso, dependendo do ponto de vista.

    Ele não conseguia enxergar, estava tudo tão embaçado. Mas ele conseguiu distinguir o sorriso dos borrões no rosto da mulher.

   Suas palavras foram tão doces quanto mel, enrolando o feiticeiro de jujutsu, mais forte da atualidade, em seu dedo mindinho. Promessas foram feitas, juras que Satoru queria acreditar.

   Ele precisava de alguma esperança para agarrar, não era hora de desistir, ainda havia um caminho para seguir e foi isso que aqueles lábios pintados de vermelho queriam dizer.

   Satoru não podia desistir.

   E ela iria garantir isso.

   Mas Gojo não era idiota, um acordo não vem só com benefícios, um sorriso doce não é dirigido para qualquer estranho, ninguém abraça o pior inimigo.

   A menos que você tenha uma faca em mãos.

   As palavras sussurradas em seus ouvidos, deslizando como água, uma água pura, direta da nascente.

   Mas não… aquilo era veneno.

   Satoru poderia descrever aquela mulher de diversas formas.

   A flor mais chamativa do jardim, aquela que o sol se sente honrado em banhar com seus raios. Mas até a mais bela flor tem espinhos e essa não era diferente.

   Ele também poderia dizer que ela era um lobo. Um lobo em pele de cordeiro. Ela estava enganando ele, cantando mentiras como versos de canções para ninar.

    Mas a cada trecho ele acordava, mais ele se tocava o que estava acontecendo, sua consciência gritava para ele correr.

   Aquele sorriso era mortal, suas unhas afiadas em sua direção.

   Sua mente gritava para fugir.
   Mas seu corpo não obedecia.

Afinal, o que poderia ser pior que a morte?

ParadoxoOnde histórias criam vida. Descubra agora