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Prim. Prim. Prim.

   O som familiar que me acordava toda manhã, começou a tocar, despertando lentamente minha consciência e me fazendo acordar para a realidade.

   Algum tempo havia se passado desde a missão contra a anomalia, a confusão persistente ainda me irritava profundamente, a falta de respostas mais sempre o surgimento de mais perguntas.

XX/2006’
‘07:00 a.m’

   Perfazem quatro dias após o incidente, quatro dias sem ver um vislumbre dos cabelos avermelhados.

Talvez ela esteja fazendo de propósito.’

   A falta de sua presença, tanto me irritava quanto incomodava, fazendo-me sentir novamente no escuro.

   Sem qualquer vislumbre daquele brilho.

   Andando agora pelos corredores da Jujutsu Tech, não consigo deixar de pensar no que aconteceria daqui a alguns dias.

   O sentimento de euforia não estaria lá, a sensação de gratificação por receber uma missão não estaria lá.

   Depois de alguns dias, ele também não estaria mais lá.

Como eu não havia notado?’

   Tornando óbvio o fato de que Suguru estava em um espiral, suas frases não eram mais doces e seus olhos eram opacos. Sua pele antes brilhante, agora ficaria pálida e seca. Seus cabelos antes tão bem tratados, agora apenas despenteados e embaraçados.

   Seus gestos de cumprimento quando me vissem, não mais porque estava feliz em me ver.

Quando eu apenas me tornei uma obrigação?’

   Vendo agora o que eu não enxerguei antes, parecia doer, meu coração apertando de decepção e nojo por mim mesmo.

‘E eu dizia que era seu melhor amigo.’

   Mas não eu poderia evitar, sendo impossível de mudar o passado como ela havia me dito antes.

   Parecia uma tortura, mas poderia ser enxergado como uma benção reviver o meu passado.

   A cada hora que passava, mais eu percebia meus erros. Talvez os Seis Olhos não tivessem me feito ter enxergado melhor.

   Eu fui cego, cego para o que estava na minha frente.

  Antes olhando para você, agora olhando para o meu próprio reflexo.

‘O que era diferente de antes para agora?’

   Agora era apenas você que via o que eu queria mostrar.

Você não percebeu o quanto meu coração estava gritando por você?’

   Você não entendia, apenas observava, não queria enxergar.

Agora eu posso entender.’

   Agora eu consigo entender como é gritar de ajuda, mas não emitir um som.

   Mas novamente, eu não poderia interferir, teria apenas ter que o observar partindo, suas costas viradas para mim, seus passos se distanciando.

   Indo em direção ao que teria que ser feito.

   Não ao que achava certo.

Eu um dia fui uma opção? Estar ao meu lado, foi uma opção?’

   Ouvir a resposta talvez doesse, mas ambos sabíamos que não.

   Enxergar acabou se tornando uma tortura para quem antes era cego.

ParadoxoOnde histórias criam vida. Descubra agora