A noite agraciava a ilha Quesadilla dando por encerrado mais um longo e difícil dia para os ilhéus. Bagi se sentia drenada, frustrada e cansada, os músculos de seu corpo doíam e sua cabeça pesava com tantos pensamentos que a atormentavam desde que havia acordado naquela ilha. A platinada fechou cuidadosamente a porta do pequeno quarto protegido que havia construído no subsolo para sua filha, a pequena Empanada, após a colocar para dormir.Sua única razão para ainda continuar mesmo que tudo em si gritasse para desistir. Bagi nunca teve muitos motivos para continuar viva e, por muitas vezes, sequer tinha uma noção de autopreservação se colocando em diversas situações de vida ou morte. Para Bagi, até então, a vida não tinha significado, não até a pequena Empy chegar em sua vida.
Parada por alguns segundos em frente a porta do quarto de sua filha, Bagi suspirou. Valia a pena, pensou. A ex-policial se espreguiçou em uma tentativa de aliviar as dores musculares, então seguiu até o elevador para voltar até seu quarto temporário. Sua casa ainda estava em construção e, provavelmente, ficaria por um bom tempo.
Empanada já estava dormindo, por isso Bagi tinha planos de apenas terminar alguns afazeres do dia antes de finalmente se deitar e descansar. Seu olhar acabou por ir em direção as duas camas juntas, as plaquinhas penduradas acima de cada uma com os dizeres "eomma" e "mamae". Bagi não conseguiu conter o pequeno sorriso que lhe tomou os lábios, uma sensação de mais pura ternura inflou seu coração naquele momento, mas ela logo balançou a cabeça em uma tentativa de se livrar daquilo.
Não se deixaria levar por seus sentimentos sobre algo que não tinha absoluta certeza ainda, isto é, por parte de si ela já tinha a certeza, porém por parte de sua amada...
Tina.
Por parte de Tina, Bagi se corrigiu mentalmente.
Logo quando começou a terminar seus afazeres a platinada escutou um trovão cortar o céu, seus olhos se voltaram até onde o elevador estava pensando se não deveria checar Empanada. A pequena tinha medo da chuva, ela sabia.
Chuva nunca era algo bom na antiga ilha Quesadilla, porém nesta nova versão parecia ser algo costumeiro até. Bagi suspirou voltando a organizar seus baús até que escutou passos vindo de cima, de seu deque. Seus instintos se afloraram, já havia passado por muito para não ficar em estado de alerta por mínimos ruídos. A platinada posicionou a mão em sua espada e, lentamente, subiu os degraus de sua casa para caminhar até a porta e olhar através dela, checando o perímetro ao redor para ver se avistava algum perigo.
Nada. Ou pensou ser o absoluto nada, até avistar uma figura familiar em seu deque.
Alguém havia se sentado ali, não era um dos monstros sem consciência que apenas atacavam os ilhéus, a figura apenas estava a pescar, um hábito que possuía quando queria limpar sua mente, Bagi sabia. Um relâmpago voltou a cortar o céu seguido pelo som de trovoadas e uma chuva fina começou a cair, a ex-policial abriu a porta de sua casa e foi atingida por um cheiro que lhe dominava a mente, acalmava seu coração e a fazia sorrir até para o vento.
Tina.
A chuva começava a engrossar. Bagi retirou a mão que ainda repousava na espada em sua bainha e retirou seu sobretudo, então começou a caminhar calmamente até a mulher que ainda estava sentada perdida nos próprios pensamentos enquanto pescava. Com cuidado para não assustar a morena, Bagi certificou-se de fazer barulho o suficiente para mostrar que estava se aproximando e, com cuidado, colocou o sobretudo sobre os ombros de Tina antes de sentar-se ao seu lado.
— Não quero interromper seu momento a sós, desculpa. Começou a chover, então... – Bagi começou a falar em tom suave apontando para o sobretudo que agora repousava nos ombros de Tina.
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A Memory Of Us | teaduo au
FanficHoje, ela se deixaria sentir sem pensar, sem medos ou preocupações. Apenas por hoje, ela se deixaria sentir o gosto do que era amar e ser amada. O gosto do amor era amargo e doloroso, ela concluiu. (A capa vai ser essa até eu conseguir uma melhor...