Por volta das seis da tarde, Haerin despertou do seu pequeno descanso. Ela ainda estava exausta da viagem e com sono, mas se voltasse a dormir, passaria a noite inteira acordada. Se virando para a beirada do sofá, viu Danielle sentada na cama a sua frente, com as costas apoiadas na cabeceira enquanto lia um livro sob a luz de um abajur. Foi então que a Kang percebeu que as cortinas do quarto haviam sido fechadas e a luz principal estava apagada.
Danielle estava com óculos de leitura, e Haerin nem sabia que ela usava óculos. Ela parecia bastante concentrada naquele livro. Pelo que pode ver com a pouca luz vinda do abajur e a parte do rosto que não era coberta pelo livro, as expressões da Marsh variavam rapidamente.
A vendo daquela forma descontraída, se não a conhecesse, a Kang até poderia dizer que ela era uma pessoa calma, simples e quase um anjo, não a diaba de olhar penetrante que a fazia querer arrancar os cabelos. Por causa desse pensamento, se questionou se no fim do dia essa era a Danielle real. A Danielle que irradiava algo muito similar com a paz.
Dentro da empresa atribuíam a ela uma imagem bastante ruim, era sempre a bruxa, a megera, a cobra que a qualquer momento poderia de atacar. Mas, se longe daquele trabalho cheio de pessoas a querendo derrubar por não aceitarem que ela é a melhor e longe de estranhos, ela só fosse uma bela mulher que gostava de ler seu livro tranquilamente, tirando a máscara que usava o dia inteiro?
Era sim uma verdade que a Haerin sabia muito sobre a chefe, elas passavam muitas horas juntas, seria estranho não saber. Só que, olhando por uma outra perspectiva, Haerin não voltava com ela para casa no fim do expediente, não sentava com ela num café para aproveitar o tempo, não tinha sua companhia no almoço de um domingo de descanso ou conversava com ela sobre coisas banais do dia a dia. Ela apenas sabia o que Marsh a deixou ver durante esses três anos e quase nada era de sua vida pessoal.
Se a australiana fosse aquela dama de ferro que mostrava ser para todos a sua volta, seu olhar não teria vacilado quando foi chamada de monstra na frente de todos, ou o mesmo não teria acontecido quando disse que ninguém a aguentava. Ela não teria mostrado preocupação quando Song Kang foi rude com a própria filha. Ela não teria se preocupado em fechar as janelas só para que descansasse da melhor forma possível.
Questões. Questões. Questões.
A mente da Haerin borbulhava com aqueles pensamentos que nunca vieram à tona antes. Pode ser que os estive tendo, pois iria se casar com Danielle em breve e teria que acabar convivendo com ela enquanto fingissem ser um casal. 365 dias ao lado da senhorita dragão da editora seriam complicados, mesmo assim não iria pular fora do barco a essa altura da situação. No entanto, agora pensava que poderia usar esses 365 dias tentando fazer do convívio delas algo melhor, poderia ser cansativo, mas poderia valer a pena no final de tudo.
- Se continuar me encarando assim vou começar a pensar que é porque me achou bonita demais, mas tem vergonha de dizer em voz alta - Danielle levantou seus olhos até a Kang, mas logo voltou sua atenção para o livro.
Nervosa por ter sido pega em flagrante, Haerin levou a mão até os óculos para ajeitá-los.
- Onde estão meus óculos? - se levantou começando a procurar no sofá.
- Na sua penteadeira. Os tirei assim que você dormiu - virou a página do livro. - Já quebrei alguns assim, por isso os tirei.
Ok. Alguém que não desse a mínima para as pessoas a sua volta não se importaria com um detalhe desse, não é?
- Obrigada! - a Kang se levantou indo até a penteadeira que ficava próximo a porta da varanda. - Eu não sabia que você usava óculos.
- Pelo visto ainda existe coisas sobre mim que você não sabe - Dani a mirou por alguns segundos antes de voltar a leitura.
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A Proposta. ᵈᵃᵉʳᶦⁿ
Fanfiction[ EM REVISÃO ] Danielle Marsh é uma poderosa editora de livros que corre o risco de ser deportada para a Austrália, seu país natal. Para poder permanecer em Seul, ela diz estar noiva de Kang Haerin, sua assistente. A jovem aceita ajudá-la, mas impõe...