Cartas Frágeis, Ao Japão.

Dias nublados.

São José do Rio Preto, São Paulo. 

06 novembro 2023.

Por que ninguém fala sobre, o quão ruim é ter de viver fugindo de alguém que mesmo amando muito, é necessário manter longe?

 O sentimento de que poderia ter sido diferente tem me acompanhado desde aquela conversa, é como se tudo que eu faça ou escute me leve até você. Não que isso seja ruim, pois a memoria de tudo que vivemos é minha unica e fiel forma de consolo, é meu colo quando tudo que eu queria é estar ao seu lado,e Isso me dilacera e me destrói em 1001 partes! Mas sei que vai passar, e caso não passe, ao menos irá diminuir e eu irei aprender a conviver com esse sentimento de saudade.

Afinal, o que o amor não faz né? mesmo que muitos não aceitem a realidade dessa frase: Amar, infelizmente é deixar ir.  Por mais que a vontade seja prender o outro em nossos braços pra sempre, a melhor escolha é deixar ir, assim podemos evitar feridas internas pra nós e até mesmo para o outro.

Uma vez, li em algum lugar que dizia:

O tempo me fez entender que deixar ir não é desistir, não é um ato de fraqueza, mas sim de força e, porque mais ainda que me doa deixá-lo ir, compreendo que há coisas que simplesmente não estão destinadas a ser.

Ao longo do caminho de nossa vida deixamos muitas coisas pra trás, deixamos lugares, situações, costumes e inclusive pessoas no passado. O dia de hoje é tudo o que sobrou ontem, o que você deixou no seu ontem para formar o seu presente, ainda que isso tenha implicado bastante sofrimento. Assumir que viver é muitas vezes cortar vínculos e ficar com as mãos vazias, perder o que em algum momento nos trouxe muitas e esperanças, é algo muito difícil e doloroso. Quanto antes assumirmos, no entanto, mais preparados estaremos para superar esses momentos, essas encruzilhadas de caminhos em que olhar para trás é apenas se apegar ao que não pode mais ser.

Mas, por que tem de ser tão difícil e doloroso?

 A resposta é simples: Pois as vezes mudanças são necessárias e....

Isso pode ser chamado metamorfose:

Na vida, às vezes a gente tem que se arriscar, se reinventar através de uma dolorosa metamorfose, cortar na própria carne, sangrar, mas se libertar de dores ainda maiores que vêm nos torturando em conta gotas através dos dias com a nossa conivência e omissão.

É isso que venho fazendo comigo. Venho me transformando radicalmente em mim mesmo, porém, mais feliz, sem pesos nos ombros, e sem a mínima aptidão de fazer coisas contra a minha vontade ou conviver com pessoas que me sugam e não me acrescentam.

E nessa saga de mudança, vem sendo inevitável começar perdendo pra ganhar depois. Porque ganhar de virada é muito mais gostoso. Porque o mal sempre vem como hospedeiro do bem. Porque certas moléstias só são curáveis através da extirpação de partes importantes de nós mesmos. Porque pra ser feliz, quase sempre é necessário fazer sacrifícios. Porque toda cicatrização é precedida por uma ferida aberta.

-Renée Venâncio

Desde então, passei a entender que nem tudo é por acaso. De uma forma ou de outra, tudo e todos que passarem pela sua vida têm um proposito. seja ele bom ou ruim, importante ou insignificante. Por mais difícil e longo que seja o processo, tudo se estabelece, tudo se transforma e se molda. É como se todos nós fossemos uma simples lagarta, que se rasteja a todo momento, vive de migalhas de folhas, e que talvez nem saiba que tudo isso é apenas o processo de transformação dela, para se tornar uma linda borboleta. e cito mais uma vez, o processo não é tranquilo, muito menos fácil!! Ele requer confiança, maestria, calmaria e muita, mais muita paciência. Não adianta correr contra o tempo na intenção de chegar primeiro, pois o mais importante de tudo é o aprendizado.

É um caminho único, autoral e seu. Ninguém pode o percorrer, além de você mesmo. Precisa ser criado, pois não vem pronto e nem tem atalhos. Dá trabalho, dá. Mas como é importante e necessário fazer da vida um movimento constante de tornar-se o que se deseja ser. Afinal, a vida pede e pode mais.

-Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.