Pandemônio

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— Você só pode estar brincando — disse o segurança, cruzando os braços sobre o peito imenso

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— Você só pode estar brincando — disse o segurança, cruzando os braços sobre o peito imenso. Ele encarou de cima o garoto com a jaqueta vermelha de zíper e balançou a cabeça raspada. — Você não pode entrar com isso.

Os cerca de cinquenta adolescentes na fila da boate Pandemônio se inclinaram para a frente, a fim de ouvir a conversa. A espera para entrar na boate sem restrição de idade era longa, principalmente para um domingo, e, em geral, não acontecia nada demais nas filas. Os seguranças eram ferozes e cortavam instantaneamente qualquer um que aparenta estar prestes a provocar confusão. Harry Evans, de 15 anos, na fila com seu melhor amigo, Cedrico, se inclinou para a frente, assim como todas as outras pessoas, esperando alguma agitação.

— Ah, qual é — O menino levantou o objeto por cima da cabeça. Parecia uma viga de madeira, com uma das pontas afiadas. — É parte da minha fantasia.

O segurança ergueu uma sobrancelha.

— Que seria de quê?

O menino sorriu. Ele parecia normal o suficiente para o Pandemônio, pensou Harry. Tinha cabelos pintados de azul que pendiam de sua cabeça como os tentáculos de um polvo assustado, mas não tinha tatuagens no rosto ou grandes piercings nas orelhas ou nos lábios.

— Sou um caçador de vampiros — disse, apertando o objeto de madeira. Dobrava com a mesma facilidade que uma folha de grama dobraria de lado. — É falsa. De borracha. Está vendo?

Os olhos grandes do menino eram azuis, excessivamente brilhantes, Harry notou: cor de sorvete de chiclete. Lentes de contato coloridas, provavelmente. O segurança deu de ombros, repentinamente entediado.

— Tá bom...! Pode entrar.

O menino passou por ele, rápido como um raio. Harry gostou do movimento dos ombros dele, do jeito que mexeu no cabelo ao entrar. Existia uma palavra que a mãe dele teria usado para descrevê-lo, despreocupado.

— Você o achou bonitinho — disse Cedrico, parecendo resignado — Não achou?

Harry deu uma cotovelada nas costelas dele, mas não respondeu. Lá dentro, a boate estava cheia de fumaça de gelo-seco. Luzes coloridas enfeitavam a pista de dança, transformando-a em um multicolorido reino de azul, verde, rosa-shocking e dourado. O menino da jaqueta vermelha passou a lâmina afiada na mão, com um sorriso indolente nos lábios.

Havia sido tão fácil — algum encantamento na lâmina, para fazer com que parecesse inofensiva. Outro encanto em seus olhos e, assim que o segurança o encarou, ele entrou. Evidentemente, ele poderia ter passado sem toda a comoção, mas aquilo fazia parte da diversão — enganar os trouxas, descaradamente, na frente deles, curtir os olhares vazios daqueles rostos que tanto lembravam ovelhinhas de rebanho.

Não que os humanos não tivessem utilidade. Os olhos azuis do menino examinaram a pista de dança, onde braços vestidos em peças de seda e couro preto apareciam e desapareciam nas colunas giratórias de fumaça enquanto os mundanos dançavam. Garotas mexiam em seus cabelos longos, garotos balançavam os quadris vestidos de couro e peles nuas brilhavam com suor. Vitalidade simplesmente transbordava deles, ondas de energia que os enchiam de uma tontura inebriante. O lábio do menino se contraiu. Eles não sabiam a sorte que tinham. Desconheciam o que era prolongar a vida em um mundo morto, no qual o sol se pendurava vacilante no céu como uma brasa queimada. Tinham vidas que flamejavam tão brilhantes quanto chamas de velas — e eram igualmente fáceis de ser apagadas.

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⏰ Última atualização: Mar 19 ⏰

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