Sou um romântico incurável

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《《Alex》》

Ele nem sequer perguntou se o meu sonho foi bom, não se deitou para dormir e ainda me fez passar por aquela cena toda ! Aaagh! Não consigo esquecer das pessoas gargalhando enquanto ele ria junto delas e o quão forte seus tapas foram e por um breve momento, não tão breve assim, foi a melhor punição que eu já recebi, mas realmente doeu e muito!.

– Que frustrante !! – Reclamei me remexendo por debaixo do cobertor e abafando todo o som descontando no travesseiro. Foi como um grito alto e baixo graças ao mesmo.

Não  sei por quantas horas dormi mas agora eu já estava melhor e descansado mas e ele ?

– Quando que ele vai descansar ? – Perguntei ao vazio e escuro quarto.

Me levantei e fui ascender a luz mas logo a apaguei pois no meio do caminho ouvi passos vindos do corredor.Será que eles já chegaram ? Vão vir me ver todo babado após um ótimo sono ? Que depreciativo, eu vou correr pro banheiro! E o fiz.Ainda no escuro bati em móveis como a estante derrubando alguns livros nos meus pés  e logo batendo os dedos na porta do banheiro.

– Aaaaargh! Porra!  Que droga! Por quê eu não enxergo igual os gatos ? Por quê minha genética não tem isso? – Exclamei raiva por todo o quarto.

– Alex!? Tá tudo bem aí? – Era o Tyler quem estava passando pelos corredores e foi ele quem entrou no quarto, ascendeu as luzes e me viu pulando num pé só.Que legal...

Ele observou a cena inflando suas bochechas de tanto ar, esse que queria sair em gargalhos mas ele os evitou, sua boca tremia e um barulhinho  não tão baixo saia, não se segurou eu acho.

E eu continuei pulando até milagrosamente a dor passar.Foi então que eu olhei melhor  o lobo  alí em pé.Ty estava segurando uma bandeija e também um sorriso lindo e meigo em seu rosto.Logo depois ele disse algo que me desmoronou...

– Eu não sabia se você iria querer omeletes como eu, então te trouxe frutas  e um café com leite. Tá meio... improvisado e meio posto na bandeija de qualquer jeito mas se você não quiser eu faço um ou dois omeletes... Não sei.– ele estava falando tudo aquilo com vergonha, olhava para qualquer canto do quarto menos em minha direção.Já eu, quase chorando por algo tão simples mas tão significante.

É  sempre eu o primeiro a acordar todas as manhãs  então ele quase não tem vez de preparar algo e seria completamente  normal ele não fazer isso  por mim de primeira mas agora que fez, eu perdi um pouco a noção do tempo e dos sentimentos.

– E- Eu a-adorei! Eu só vou... Eu só vou... escovar os dentes! É vou escovar os dentes !. – Eu não podia chorar, deixaria na cara que ou eu estava extremamente sensível a qualquer ato de cuidado ou que já cai na rede dele, e bom era pior, era os dois.Eu estava gaguejando e em momentos como esse, perco até o jeito de falar e simplesmente fraquejo sem força para me manter.

Rapidamente entrei e fechei a porta e alí  eu desabei.Era só o que eu queria, que ele mostrasse que me ama.Sei que somos como irmãos não de sangue mas somos quase e que ele é  meu melhor amigo e eu o tenho a vida toda mas... mas mesmo assim, mesmo assim! Não é suficiente !Então imaginar de vez em quando que namoramos, é  gostoso e errado e fantasioso e falso e doloroso e... egoísta.Ele me ama é  visível mas platônico.Almejo o outro tipo de amor, não de irmão, não de amigo.

– Hã... Tá bom..., vou esperar.Seu café vai esfriar se demorar...– Sua voz foi abaixando conforme ele terminava sua fala, ou talvez eu estivesse muito longe para ouvir, ou ele estava na porta e depois na cama, ah... sei lá.

Como me recompor e começar o meu dia, o nosso dia?.É meu aniversário e não cantei nem parabéns e já chorei.Vamos, levante  do chão e lave esse rosto, bota um sorriso firme e vai lá e não esquece de escovar os dentes— minha esquizofrenia fictícia me incentivava.— E o fiz, saí do banheiro e caminhei cheio de coragem, até ver ele sentado no meio da cama, de pernas cruzadas e com a bandeija a sua frente, olhando para ela, olhando para mim e agora intercalando enquanto sorri.Eu vou morrer, eu sei que eu vou, é  simplesmente  muito, muito para um dia só.

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