𝑪𝒂𝒑í𝒕𝒖𝒍𝒐 𝒕𝒓ê𝒔

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𝑇𝑢𝑙𝑖𝑝𝑎𝑠 𝑜𝑢 𝑔𝑖𝑟𝑎𝑠𝑠ó𝑖𝑠?

𝑇𝑢𝑙𝑖𝑝𝑎𝑠 𝑜𝑢 𝑔𝑖𝑟𝑎𝑠𝑠ó𝑖𝑠?

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14 de Julho 1956

Em seu belo e sofisticado casaco vinho, em perfeita sincronia com o chapéu preto, Adelaide parou por alguns segundos para dar atenção ao espelho, encontrando os detalhes dos sapatos que possuíam coloração semelhante ao chapéu no topo de sua cabeça, as jóias douradas, de melhor qualidade possível, o vestido preto por baixo do veludo de seu casaco. Ela sentia-se simplesmente diferente, talvez não fosse exatamente sobre o que vestia naquele dia, mas sobre o almoço no qual fora convidada pelo marido a comparecer.

- Bonito, não é? - Hans se referiu a vestimenta da esposa - você gostou, querida?

- humhum - ela apenas murmurou - é... perfeito

A caminho do jantar, dentro do carro vermelho, Adelaide ajeitava o brilho em suas pálpebras, assim sendo sempre elogiada pelo marido, que incentivava sua vaidade; ele estava otimista sobre tal encontro, que tinha como objetivo, apresentar a nova esposa aos colegas de trabalho, sócios e grandes accionistas da empresa onde trabalhava, o mesmo falara tanto de Adela, mesmo antes do noivado, que exibi-la para aqueles homens era como um sonho tornando-se realidade.

Adela, como todas as vezes desde seu casamento, sentia-se nervosa. Hans, o marido, adorava amostrar seu anel e seu belo casamento "abençoado." Desde maio, o casal recebera dezenas de convites para comparecerem em jantares e festas juntos, tudo com a desculpa de conhecer e receber gentilmente a nova esposa do homem, mas no fundo ela sabia que a única razão desse anceio por vê-la era unicamente para fofocarem sobre a mesma por trás. Quase todos os parentes e amigos de Hans que Adela conhecera eram falsos e enxeridos, todos loiros, como uma seita. Ela sentia-se desajustada, sempre escoltada por pessoas de custumes e dizeres diferentes dos dela.

Foi então que descobriu que quando se casa com alguém, de certa forma, também se casa com a família deste.

Da mesa no restaurante, na parte externa onde sentaram-se, os olhos de Adelaide podiam alcançar um garoto esguio do outro lado da calçada, esforçando-se de maneira humilhante para que realizasse ao menos uma venda. Quadros, pinturas aparentemente feitas à mão, isso o que ocupava grande espaço em sua banca. O que prendeu a atenção da garota naquele rapaz era não apenas sua força de vontade, mas também a forma como estava sendo ignorado e rejeitado pelos possiveis clientes e ainda continuava ali, no mesmo lugar, repetindo as mesmas palavras, implorando humanidade em troca de uns trocados.

- O que? Gostaria de um quadro? - os convidados do jantar ainda não haviam chegado, portanto, ao notar tamanha curiosidade da parte da esposa, hans levantou-se e guiou Adela para o outro lado da rua onde o humilde vendedor de quadros se encontrava

- Ah ora, mas vejam só que casal bonito temos aqui - Adela sorriu desconfortável ao notar a famosa cara de amostrado que Hans fazia sempre que recebiam esse tipo de comentários - senhor...?

- Hans Brister!

- Eu gostei muito deste - Adelaide o cortou, seu olhar, preenchido de curiosidade e admiração para as pinturas à óleo de campos e flores

- Bom gosto, senhorita - o comerciante de cabelos encaracolados sorriu demonstrando grande simpatia - eu mesmo que fiz

- Puxa, é talentoso... - Hans se viu enciumado pelo comentário da esposa

- Sim claro, para quem tem muito tempo livre é sempre mais fácil explorar as habilidades - uma feição constrangida assumiu o rosto da garota - duvido que tenha tanto talento para vender quanto tem para pintar

- Bem... - o vendedor ficou sem jeito

- Girassóis - os dedos de Adelaide escorregaram cuidadosamente pela pintura de um campo florido coberto de luz, transmitindo muita alegria

- Pétalas amarelas, "botões" marrom, como seu cabelo e seus olhos - ela sorriu timidamente - deveria ficar com esse, senhorita

Assim então, depois de uma boa olhada em todos os quadros, Adela ficou com três pinturas diferentes com a desculpa de querer colorir as paredes da casa vazia e sem vida. No fundo, Adela insistiu em mais pinturas apenas para calar o marido, que foi desnecessariamente ríspido com o vendedor apenas por uma infitilidade como o ciúmes.

De fato, aquelas pinturas deram um toque cativante na casa dos Brister, um realce a vastidão das paredes brancas tão sem vida, assim como tudo naquela casa que, mesmo tendo um ar luxuoso em sua arquitetura, ainda parecia tão vazia. Logo abaixo da pintura, quando apreciada com muita atenção, Adelaide enxergou o nome do vendedor charmoso no qual aparentimenta pintara aquelas obras tão bonitas, "Timothée Chalamet." Ora ora, quem diria que alguém tão simples poderia ser tão talentoso...

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⏰ Última atualização: Mar 10, 2024 ⏰

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𝑼𝒎𝒂 𝑫𝒂𝒎𝒂 𝑪𝒐𝒏𝒇𝒖𝒔𝒂 ~ 𝘛𝘪𝘮𝘰𝘵𝘩é𝘦 𝘊𝘩𝘢𝘭𝘢𝘮𝘦𝘵Onde histórias criam vida. Descubra agora