Capítulo 16 - Devolta à Rota

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Caribe Amazônico, Alter do Chão, Pará 

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Caribe Amazônico, Alter do Chão, Pará 

Ninguém nunca gritou comigo. Meus pais não me educaram desse modo, e todos que tentaram levantar a voz para mim ouviram merda e se calaram. Lauren é a única pessoa que impõe respeito. Acho excitante quando ela fica toda irritada, dá calor, vontade de ficar nua, de abrir as pernas e deixá-la meter com força, até a raiva passar. Mas na delegacia foi diferente. Ela estava furiosa de um jeito tão inédito que eu perdi o chão. Eu havia feito tudo errado de novo, sem perceber, distraída com as loucuras do funk carioca. Só que, desta vez, quem saiu algemada foi ela. Seu berro para eu sair de lá ficou pulsando na minha cabeça como um soco.

Depois seu silêncio abriu tanto espaço entre a gente que tive certeza de que Lauren não suportava mais minhas doideiras, quiçá minha presença ao seu lado. Não queria que sua amizade por mim se transformasse em rancor. Então, antes que eu fizesse algo muito pior, decidi ir embora, assim Lauren ainda podia guardar boas lembranças e algumas maluquices para dar risada sozinha quando se lembrasse do tempo que passou comigo. Se é que ela ia pensar em mim de novo depois de nossa passagem pelo Rio, que era para ser linda, mas se transformou em uma tragédia.

Voltei para o único lugar onde eu sempre sou aceita, nunca questionada e muito menos repreendida. Chorei e desabafei com minha mãe, confidenciando a ela todos os detalhes de nosso passeio pela Cidade Maravilhosa. Como sempre, Sinuhe só me deu carinho. Era o que eu precisava para continuar sem Lauren dali para frente. Foi a noite mais longa e triste da minha vida.

O dia havia nascido, mas dentro de mim estava escuro, frio, sem vida. Eu não conseguia encontrar maneiras de sair daquele breu, então a porta do meu quarto se abriu e meu sol particular o adentrou para iluminar minha existência vazia. Como um girassol, eu me virei em sua direção e sorri em meio às lágrimas. A Lauren que vinha me buscar era aquela mulher decidida, que só com os olhos me tomava para si, como se eu já lhe pertencesse.

Se ela me queria, com tanta intensidade e desejo, mesmo eu sendo uma louca incorrigível, eu iria com ela até o fim do mundo, ainda que de lá eu tivesse que voltar sozinha e partida em algum momento. Já experimentei deixá-la e dói tanto que eu tenho certeza de que não cheguei inteira a São Paulo. Mas com ela aqui, em meus braços agora, estou completa outra vez. Ainda enroscadas — sou incapaz de desgrudar dela neste momento e, por alguma razão que desconheço, Lauren parece se sentir do mesmo modo que eu —, a gente toma a decisão de partir em um jatinho particular, depois de uma pesquisa na Internet sobre horários de voos para a região norte do país.

Estamos com pressa de continuar nossa aventura juntas. Chega de pausas, de brigas, de contratempos. Temos dinheiro e podemos contornar qualquer um que surgir. E, definitivamente, não vou fazer Lauren cruzar o Brasil em um voo comercial que dura cerca de dez horas de viagem e tem duas conexões. Ela dá de ombros para minha proposta de poupá-la.

— O que são horas intermináveis em um avião, se eu tenho você ao meu lado? — diz rindo, fazendo seu corpo deslizar no meu.

— Sei — brinco também, aproveitando o clima bom. — Eu te deixo puta, excitada, te faço rir... Mas entediada, ah, isso não!

Eu Sempre - Camren (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora