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A ânsia de vomitar se manifestava na minha garganta, misturada com a dor. Abro meus olhos em encarando o teto com misto de sensações embrulhado no estômago. Em um pico, tossi sentido o gosto de remédio na minha boca, ao olhar para a mesa do canto da cama, está lá, o remédio com copo d'água.

Joe queria ter certeza que o incidente não aconteceria de novo, ficar gravida do seu filho. De tantos estupros, sete deles tive aborto caseiro. E eu não ficava triste, não ter um filho de um homem como ele é como evitar que outro nasce nesse mundo.

A dor no canto da minha sombrancelha indica que alguém me bateu... Rafael, foi assim que apaguei por completo. E meio a isso, forçaram o remédio descer guela abaixo. Todo meu corpo dói, é inevitável. As marcas no meu corpo só mostrava o quanto eu tentava ser durona, e não conseguia.

Eles podem me usar e fazer o que quiser, na hora que quiser. E eu nunca sair daqui.... Pós está tanto tempo em um país e não conhecer ninguém além de poucas pessoas que é permitida.

Estico meu braço causando desconforto no corpo, olhando a hora no celular e tomando conta que já é outra dia 7:30h. Me sento na cama apoiando meus pés no chão. Sinto algo quente escorrer pelas minhas costas...

Passo a mão sobre, e o levar até o meu campo de visão, levo um susto do sangue em meus dedos. Desprezível Rafael. Retiro todo cobertor, estando nua, assim como vim ao mundo. Minha tosse sai fraca, e o meus ombros relaxam. Pego o short e a blusa que estava próximo a cama e visto, sem ao menos se preocupar com roupas íntimas.

Em passos lentos caminho até o corredor onde fica o banheiro. Escuto vozes mas não dou a mínima, deve ser aqueles dois canalha. Minha garganta ainda tosse enquanto caminho segurando nas paredes.

Entro fechando a porta, olho meu rosto meio inchado. Como estava acostumada com isso, sempre o mesmo rodízio. Não gosto de ficar lamentando, mas sempre é doloroso.

Retiro a blusa para cuidar dos outros machucados. Fico encarando meu corpo com cicatrizes e hematomas. Após, retiro o short e olho entre minhas pernas. Aquilo me faz querer morrer, o quanto dolorido estava e vermelhão ao redor.

- Você é feia .... - Digo olhando para minha buceta.

Entro no chuveiro tomando um banho rápido, minha cabeça ainda está tonta e estou forçando a ficar em pé. Todo esse pesadelo se repitia a cada duas semanas, um mês, mais ou menos depois, eu marco com o tatuador e passo símbolos por cima das cicatrizes, mas ainda poucas ficam evidente.

Carrego exatamente vinte e sete tatuagens. Vinte e sete cicatrizes que a violência, o trauma e o abuso sexual imprimiram em mim, cada uma como um lembrete sombrio que não consigo apagar.

Termino o meu banho, colocando a mesma roupa. Dou uma ajeitada no cabelo e escovo os dentes. Saio indo na direção da sala. Eu não me importo de encontrar aqueles dois, quando Rafael está qui, Joe fica sem falar comigo. E eu agradeço até.

Ainda me apoiando na parede enquanto me equilbio com as pernas. Passo pela sala sem olhar quem estava lá. Mas com a certeza que era eles.

Chegando no final da sala para encontrar com a cozinha, escuto uma voz diferente perguntando sobre mim, para Joe.

- Q.u.e.m. é. ELA? - A voz diz autoritária e alto suficiente para eu escutar.

Me viro para encarar o rosto de um que está vestido em um terno cinza, com um cigarro entre os dedos e sentando na poltrona de Joe. Joe vai me matar.

Os olhos de Joe me examinar junto ao homem, que ponha a mão sobre o queixo e me fita. Joe mexe nervosamente as mãos no joelho. Parece que o homem intimada ele.

27 O Pesadelo Onde histórias criam vida. Descubra agora