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- Olá, boa noite, senhor

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- Olá, boa noite, senhor. Poderia me dizer onde fica o banheiro, por favor?. - Lanço um sorriso tímido e adoto uma postura indefesa, como se não soubesse com quem estou lidando.

O velho me olha de cima a baixo, passando a língua entre os lábios enquanto empurra o final do terno para colocar a mão na cintura; Essa é a postura do " chefão " ?.

Respiro fundo para conseguir manter o teatro e não revirar os olhos, se quero que isso acabe logo, preciso ser rápida.

- Se você não sabe andar por este lugar, porque está aqui dentro, querida?. - Seu olhar que antes era de malícia, se torna um desconfiado, o que não me ajuda nenhum pouco.

- Eu vim com o Freddie, senhor, aquele que está ali na porta. Aquele homem disse que não me deixaria sozinha por nenhum minuto, e cá estou sozinha sem ao menos saber onde fica o recinto. - É arriscado envolver alguém inimigo no seu plano? Sim. Muito? Muito. Porém, pareço estar enferrujada para pensar em planos melhores, porque a única coisa que ronda a minha cabeça é Jaqueline.

Vejo sua guarda abaixar e seu olhar voltar a ficar duvidoso, o que me fez agradecer por dentro. Para um líder, ele é muito fraco e fácil de se enganar, mas isso não é uma reclamação.

- Com licença, dama, se me permite. -  Evans estende sua mão e eu entendo o recado, coloco minha palma sobre a sua e começamos a andar para fora do salão, mas não deixo de notar o buraco que quase se abre em minha nuca pelo olhar fervente de Jaque.

Olho em sua direção e não consigo ver nada além de seus olhos, reparando também na submetralhadora pequena em seus grandes dedos. Seus olhos se penetram nos meus e consigo vê-los ficarem mais escuros, quase um cinza, o que pra mim é atraente, já que isso significa que ela está irritadinha. Desvio minha cabeça e volto a prestar atenção no homem ao meu lado: Velho; Enrugado; Feio; Esquisito e Com cara de broxa.

Chegamos até o fim do corredor e uma porta agora está entreaberta, me dando a visão de uma cuba com torneira. Solto a mão de Evans devagar e coloco apenas metade do meu corpo para dentro da porta, olho em seus olhos e enrolo um cacho em meu dedo, entrando por fim no banheiro esperando que minha tentação tenha dado certo. Quase consigo fechar a porta, se não fosse o pequeno empurrão do lado de fora na mesma, abro toda a porta e o velho esquisito abre a boca.

- Nenhum obrigada, querida? - Evans olha em meus olhos, tentando talvez, é... dar um sorriso com sua dentadura?. Contenho a cara de nojo e o respondo.

- O meu Deus, me desculpe. Não sei onde estava minha educação. Muito obrigada, senhor. -

- Por favor, dama, não me chame de senhor. Para você é Evans ou até chefão. - O ancião que já tem 15 séculos seguidos se fecha em uma pose de durão, tentando talvez ficar maior que eu, o que é ridículo. Não consigo segurar minha cara de espanto e vejo que isso o faz sorrir mais ainda. O homem agora adentra no banheiro junto comigo, fechando a porta que está atrás dele, sem tirar os olhos de mim. Confesso que esse ato me assusta um pouco.

- Sabe, querida dama, um homem de verdade jamais deixaria uma mulher como você sozinha. Com todo o respeito, você é muito bonita, menininha. - Velho sendo velho, homem sendo homem, nada que surpreenda.

- Obrigada pelo elogio, senhor. - Me faço de besta e me corrijo - Digo, chefão. - Solto uma risadinha tampando a boca com minha mão. 

- Você deveria estar com um homem de verdade, menininha. E eu posso te ensinar como um homem de verdade age. - Evans se aproxima mais e eu viro de costas, dando de cara com uma cortina, que cobria um vidro que era possível abri-lo. Abro a cortina, dando visão para o jardim do lugar e abro o vidro, sentindo a gelada brisa da noite daquele lugar. Coloco a mão no meio dos meus peitos disfarcamente, e pego o spray.

- Se importa caso eu retoque meu perfume, Evans?. - Coloco meus olhos e meu nariz o mais pra fora possível.

- Não haverá problema algum, a não ser que a menininha não me deixe sentir de perto esse cheiro maravilhoso. - Sinto suas mãos em minha cintura e meu corpo congela na hora. Eu faria isso do jeito mais amigável possível, mas não vou permitir que outra pessoa toque um centímetro de pele minha.

Me volto a sua pessoa e a mão do velho rotaciona ainda em minha cintura, ficando de forma certa agora que estou em sua frente. Coloco o dedo indicador em meus lábios e faço o barulho que indica que deve haver silêncio. Abaixo meu corpo, ficando mais perto de seu rosto e agora uso a ninha mão para cobrir a sua boca, sinto um beijo na palma de minha mão e não aguento mais um segundo sequer naquela situação. Espirro o spray em seus olhos e nariz, sentindo agora o beijo se transformar em mordida, quanto mais dói, mais eu aperto para o líquido sair.

As mordidas em minhas mãos param e vejo seu corpo cair no chão desacordado, batendo antes a cabeça na privada, o que faz com que a poça de sangue se espalhe um pouco ao seu redor. O sangue que escorre da marca deixada em minha mão é limpado no vestido, que é da mesma cor, não deixando qualquer rastro. Abaixo ficando agora mais perto não só de seu rosto, mas de todo seu corpo desacordado no chão, espirro mais ainda agora dentro de sua boca também, esse spray é tóxico. Mexo no bolso de seu terno ridículo e procuro as chaves de seu escritório, onde ficam os papéis de seu negócio falido e ridículo. Perco a paciência e puxo o corpo pela gola, fazendo o mesmo chacoalhar e o barulho das chaves escondidas no bolso interno aparecer.

Enfio minha mão tentando achar e sinto um puxão em meu cabelo, me assusto e desequilíbrio de meus saltos, caindo em cima da poça se sangue que mancha minha pele e meu vestido. Mas que porra, esse spray não funcionou por qual motivo?.

O corpo do homem sobe em cima do meu e seus mãos estão em meu pescoço, tentando me fazer perder o ar, o que me incentiva mais ainda a ter força para jogar novamente sua cabeça na privada. Evans está fraco e eu me recuso a morrer para um velho, morrer nas mãos de um homem! Finalmente consigo virar seu corpo e fazê-lo bater contra a ponta da privada, agarro em seus cabelos e mesmo tentando recuperar 100 do fôlego, bato sua cabeça contra a privada uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete... E as outras vezes não contei. O corpo de Evans fica mais pesado ainda e eu sei bem o que significa, o velho morreu. Largo seu corpo e o empurro para o mais longe de mim, escutando uma batida na porta e logo a mesma sendo aberta, não preciso olhar para trás para ver quem veio atrás de mim, só ela viria para me proteger ou me ajudar em algo.

- Tira ele daqui, por favor. - Não olho em sua direção, mas vejo Evans sendo puxado pelos cabelos por uma mão que eu conheço muito bem.

- Esse sangue, ele não é seu, né?. - O seu tom de voz está preocupado de uma forma que eu jamais vi em toda nossa história.

- Nenhuma gota me pertence, amor. Tira ele daqui, por favor. - Ouço seu suspiro aliviado e finalmente os pés de Evans somem da minha vista, me fazendo ouvir o barulho da porta sendo fechada também.

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