Treinos Noturnos

Só um teste

Azriel deu um chute lateral e o corpo da Gwyn tremeu. Em resposta ela tentou acertar o rosto dele, mas ele se defendeu e lhe deu um soco no estômago fazendo ela cambalear. Az franziu o rosto, percebendo o comportamento diferente, mais fraco dela. A sacerdotisa não deu muito tempo para ele pensar, indo rápido demais pra cima dele com um chute rasteiro, porém aquilo tinha que parar. Antes que chegasse nele, ele desviou e puxou ela pelo braço, colando as costas dela na dele.

— Porque você está assim? — Gwyn, ofegante, olhou de canto com olhos queimando de raiva.

— Apenas um dia ruim. Vamos continuar. — Ela tentou sair do seu aperto, mas ele não deixou.

— Algo aconteceu?

— Não — Praticamente gritou, impaciente. — Vamos, treinar.

As sombras sussurram que aquilo era mentira, algo que nem era preciso, Gwyneth aquela altura era um livro aberto.

— Infelizmente, o treino acabou — Azriel soltou o seu corpo. — Amanhã a gente continua.

— O que? — Gwyn o seguiu furiosa até o bebedouro. — Se essa luta fosse de verdade o oponente nunca pararia porque eu estou apanhando.

— Você está certa, mas não sou seu oponente, sou seu professor, então a luta acaba aqui.

— Idiota. — A valquiria sussurrou e foi até os suportes de espadas e pegando uma começou a treinar.

Azriel balançou a cabeça, tomou um último gole de água e foi até a sacerdotisa. Ele entendia bem o sentimento de querer descontar seus pensamentos na luta, mas ele também sabia que no final do dia mudava absolutamente nada e não iria deixa-la se afundar nisso.

— Se você me disser o que está acontecendo, posso tentar ajudar.

— Já falei que não é nada, só um dia ruim. — Ela continuou a treina, sem olha-lo.

— Engraçado, minhas sombras me disseram que você estava mentindo. — Como se fosse uma confirmação, as sombras dançaram em torno do corpo do Az.

Gwyn parou o estava fazendo, virou para as sombras, não para o Azriel, com um olhar acusatório. Sem dizer nada voltou a treinar, mas Azriel segurou seu pulso.

— Se não se livrar do que está na sua cabeça, isso vai continuar atrapalhando seu rendimento. — Ela suspirou e se sentou no chão, o encantador de sombras repetiu o gesto.

— Eu queria poder beijar alguém. — ela disse rápido, sem olhar para ele, mas Azriel consegui entender e o choque instalou no seu corpo.

— Como?

— Vou fazer 29 anos e nunca beijei ninguém na vida. Nem um selinho. Eu sei que tenho inimagináveis anos para isso acontecer, mas poxa, Nestha e Emerie sempre tem suas próprias histórias pra contar e eu? — Gwyn estava disparando palavras sem parar, sem conseguir deixar Azriel falar. — Sei que tenho um problema, mas não quero continuar assim, quero tentar. Imagina quando eu encontrar alguém? Sem nunca nem saber dar um beijo, seria tão...

— Você quer estar com alguém? — O tom da pergunta foi baixo e rouco, tirando a sacerdotisa do transe.

— Quem não pensa? — Disse com um encolher de ombros.

Azriel limpou a garganta, tentando evitar que sua voz denunciasse o aperto que sentia no peito

— Já tem alguém em mente?

— Não. — Gwyn corou e desviou os olhos dos dele.

— Gwyn. — Ele pressionou com veracidade e ela continua em silêncio. Azriel tentou acalmar seu coração — Vou sempre te apoiar, então pode me dizer qualquer coisa.

Ela olhou pra ele e eles ficaram alguns segundos em silêncio, até que um sussurro dele cortou o ar.

— Estava pensando em você.

Naquele momento parecia que tudo tinha parado. Gwyn encarava Azriel com os olhos hesitante enquanto ele estava totalmente paralisado. Seus olhos estavam arregalados, suas sombras totalmente paradas e até sua respiração parecia irregular. A valquiria, desconfortável, se remexeu, e tentou mudar de assunto.

— Acho que eu devo estar em um momento de carência, por isso disse que não é nada demais. Esqueça, porque eu vou esquecer também. É, é isso. Deve ser culpa do livro que estou lendo e...

— Porque eu? — Azriel perguntou em um sussurro que Gwyn duvidou do que estava ouvindo.

— Hm?

— Porque eu?

— Bem. Você é o único homem que confio totalmente, então... Simplesmente pensei em você.

A sacerdotisa disse aquilo como se fosse nada, mas Azriel sentiu como se uma estrela tivesse explodido em seu peito. Ele deveria se questionar o porquê ou que ele falar que ele era a última pessoa que ela deveria confiar. Ele não era digno dela nem se passasse 500 anos de penitência. Mas ele se obrigou a ignorar esse pensamento e o sentimento novo e brilhante no peito.

— Tudo bem.

— Sério? — Gwyn mal conseguiu conter a animação e o Azriel sem jeito concorda com a cabeça. — Tem certeza? Está tudo bem se você não quiser.

— Não, eu realmente quero. — Os olhos de Gwyn brilharam de um jeito como um mar naquele momento, Azriel percebeu que seria fácil se perder neles.

— Tá, vai ser só um beijinho, nada muito íntimo. Só pra saber como é. Vai ser como um teste puramente acadêmico, ok?

— Ok — O encantador de sombras parecia cada vez mais atordoada quando a sacerdotisa se aproximava. Ele nunca admitiria, mas aquilo parecia um sonho se tornando realidade.

Gwyn respirou fundo e colocou uma mão no rosto dele e a outra no seu ombro. Ela inclinou a cabeça e seus lábios se tocaram. Era para ser algo de poucos segundos, mas ambos se viram aproveitando a sensação.

Se afastando apenas um pouco, eles ficaram se olhando por um tempo. Respirações juntas e a centímetros de voltarem a se beijar. Parecia pouco comparado com aquilo que estavam desejando e isso estava nos olhos um do outro.

— Posso, aprofundar... — corando ela continuou. — Só pra saber.

— Por favor. — Az disse em um sussurro rouco.

Dessa fez, ambos foram de encontro com um desejo feroz. Azriel passou um braço em volta dela e um mão foi para o seu rosto, enquanto gwyn passava os braços em volta do seu pescoço. Eles só perceberam que estavam próximos demais quando a valquiria acabou no colo do encantador de sombras. Mesmo assim, nem um deles se importaram, imersos demais nessa sensação. Até mesmo as sombras rodeavam os dois como se quisessem fazer parte desse momento.

Azriel sentiu algo quebrar dentro de si quando ela soltou um gemido baixo, aquilo enviou um raio de sensações pro seu peito e pênis. E sem pensar muito, aproveitou a passagem para explorar com a língua a boca. Gwyn cega demais pela excitação começou a rebolar em seu colo e enfiou as mãos nos cabelos dele. Aquilo fez ambos gemerem e tentarem aprofundar o beijo mais do que fosse possível.

Az podia jurar ter ouvido suas sombras sussurrando algo, mas ele simplesmente não se importou. O mundo poderia explodir naquele momento que ele estaria feliz. Porém os sussurros não paravam e ele teve que focar sua mente para prestar atenção, mas já era tarde.

— Mas o que caralhos tá acontecendo aqui? — A voz da Nestha estou a bolha que eles estavam. Ambos se viram para ver ela e Cassian parados no canto do ringue.

Os dois estavam surpresos, mas Nestha parecia mais confusa enquanto Cassian parecia estar se divertindo. Azriel simplesmente olhou para eles com um olhar gélido, bravo demais pela interrupção para ter pensamentos lógicos. Gwyn, totalmente vermelha, sem sair do colo de Az, riu sem graça.

— Vocês acreditariam se eu dissesse que são só testes para estudos pessoais?