— Mas que merda!
Jogou os objetos da mesa ao chão. O rapaz à frente estava irado, claramente pertubado pelos acontecimentos em que se encontrava. Suas mãos estavam trêmulas, a respiração alterada.
Suas pálpebras se fecharam apertadas, tentou ponderar para avistar uma forma de acalmar sua irritação. Sua indignação. Mas não conseguia.
(“Não sou um fracassado. Eu sei que não sou.”)
O corpo soltou espasmos. Os músculos das faces se contraíram. Ergueu o rosto para frente do espelho. Os olhos pesarosos enchiam-se de lágrimas, os fios castanhos caídos à frente da testa e o boné azul.
O inconfundível boné azul.
Se recompôs momentaneamente, em misto de mágoa e tensão. Seus sentidos estavam confusos, a mente estava balançada. Não poderia deixar que suas frustrações o deixasse se levar, sabia que teria capacidade o suficiente para fazer terem o reconhecemento de seu esforço e sonhos.
Ele sabia.
(“Eles ainda vão ver que eu sou capaz de me virar sozinho.”)
Foi quando um barulho estrondoso ecou.
–— AH!? — As íris rapidamente foram na direção do som. A virada brusca o fez derrubar alguns dos lápis que sobraram sobre a escrivaninha.
— Quem ‘tá aí?! — Perguntou. Analisando o vidro da janela aberta, sendo empurrada pela ventania ao lado de fora.
Sentiu o coração sair pela boca, quando ouviu mais um estrondo. Dessa vez vindo na direção de sua cama. Suas cobertas estavam bagunçadas, como se algo ou alguém amarrotou-se sobre ela.
Ponderou chegar perto. Uma vez que havia deixado a sua ilustre armadura roubada em seu closet, sem ela não poderia se defender da forma que gostaria. Tomou como decisão arriscada pegar a luminária vermelha de sua mesa e em passos sorrateiros, ir se aproximando com cautela da cama de casal ao centro do quarto.
— É a última vez que eu pergunto… Q-Quem ‘tá aí?
Os passos foram cautelosos, apertou em mãos a luminária enquanto sua mandíbula se enrijeceu. Via que tinha uma silhueta ao chão do outro lado da cama, que lentamente se revelava se reerguendo.
Foi quando a silhueta levantou.
Revelava fios encaracolados castanhos, um tanto que desgrenhados. As vestimentas estavam em bom estado, com uma blusinha curta avermelhada, por debaixo havia um collat negro cobrindo seu torço e braços por completo.
As mãos eram levemente calejadas, com band-aid e luvas. As calças eram escuras, um tanto quanto soltas, mas justas ao corpo.E por fim, foi quando avistou a face da dita cuja em sua frente. O nariz era redondo assim como o rosto, as orelhas eram mais notórias com formato um pouco mais afastadas. A boca era carnuda, com caninos afiados. Sobre as bochechas havia diversas sardas.
E quando essa abriu os olhos afiados e dourados, Caquito sentiu temer a vida.
A este ponto, o rapaz ficou completamente em transe. As mãos que premeditaram o golpe pela luminária foram travadas, e nem ele saberia explicar o porquê.
A troca de olhares foi demorada, em silêncio.
Quando menos esperou, a garota misteriosa formou punhos nas mãos, enquanto os pulmões se inflaram em reflexo.
O mesmo arregalou os olhos, firmou mais os dedos na luminária vermelha, enquanto fez o mesmo gesto que a outra.E foi inevitável.
— AAAAAAAAHH!
— AAAAAAAAHH!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Delly's Memories - Capítulos soltos;
RandomHistória criada para agrupar vários pedaços e capítulos de uma outra história maior. Os capítulos são soltos e estão fora da ordem cronológica oficial. Apesar disso tudo, cada capítulo carrega uma memória. Um pedaço da história - seja fútil ou não...