"O Mundo Sem Cor Alguma" - Rainbow;;

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O Mundo Sem Cor Alguma

  O barulho de uma folha acizentada caiu sobre o solo, amassando brevemente os fios do gramado abaixo, de vegetação fraca e quebradiça. Na planície – que deveria ser verde, dançou devagarinho recebendo a suave brisa do vazio esbranquiçado.
  A árvore do tronco áspero e torto agradeceu com o balançar da brisa quando as poucas das suas folhas não cairá desta vez. Restavam apenas quatro em cada extremidade de seus galhos finos e espetosos.

  A cada ventania calma, era possível ouvir diferentes vozes em uníssono. A cada barulho dado, um eco diferente era realizado e tudo isso, só naquele vasto vazio cinzento.
  O espaço era deserto, não tinha nada por perto. Esbranquiçado como leite, lembrava neve. Cinza como poeira, lembrava carvão. Mas ainda sim: Era um vasto espaco vazio... Com um grande e melancólico ar.

  E somente aquela planície cinza.

Mesmo em meio a penumbra do vazio, em meio a tanta solidão sem cor, havia apenas uma vida sobre aquele lugar.

   Sentada sobre o gramado desgastado, a silhueta sem cor era similar á forma de uma mulher. Era pálida, como se nunca tiverá ganhado sangue em seu corpo. Seus cabelos eram desgrenhados, formando suaves cachos sobre as pontas desajeitadas. Seu busto era elevado, coberto por um colete em uma tonalidade mais escura. Usava de calças similiares á jeans azulados, mas de azuis não havia nada.
Sobre os braços, luvas que cobriam desde do antebraço e cortadas nos dedos eram listradas em um preto e branco linear, com exceção do outro par que já havia um preto completo e rasgado.

Daquele corpo mórbido e desanimado, um item de suas roupas chamava atenção sobre todo o espaço vazio.

O vermelho.

O vermelho do seu longo cachecol dava ênfase em cada movimento em que fazia enquanto pairava sobre o ar.
 

Em tantas dúvidas e em tantos pensamentos, ela não havia mais certeza de nada. Não sabia quanto tempo estava alí, nem se "tempo" podia existir. Mas a estranha sensação de estar alí por mais de anos, era familiarmente condizente.

Turbinava de questões, mantinha perguntas de como permanecia viva. Presenciando as mesmas coisas todos os dias —– se é que era possível haver dias.
 
  Temeu perecer várias vezes ao longo da sua vida, negava acreditar que deveria cair. E assim, continuou. Esperando aquela que deveria voltar.
 
   Se é que ela realmente voltaria.

Embora o silêncio tomou conta como de costume, uma nova brisa invadiu seu espaço. Fazendo os cabelos desgrenhados serem invadidos pelo vento e novamente, uma das quatro folhas planar para o chão.
   A respiração manteve em compasso, aguardando sem excitação o fim de mais uma brisa, como sempre viu acontecer. Como sempre aconteceu.

Mas desta vez... Foi diferente.

Um fleiche de luz emanou de uma fenda recém-aberta sob o ar. Mais, e mais fendas foram se abrindo. A medida que surgiam brilhavam em um tom encantador e até mesmo hipnotizante. Aquilo era vívido, contagiante e trazia uma sensação satisfatória em meio a tanta solidão.
 
Sua cor era familiar. Entendia que era similiar ao vermelho de seu cachecol... Era tênue e ao mesmo tempo forte. Era suave, ao mesmo trazia choque.

  Aquilo era Rosa.

   A mulher arfou como resposta. Em meio a tanto tempo, algo nunca assim havia acontecido antes.
A boca contraiu enquanto se recuou com o corpo para trás, os olhos possivelmente espantados eram escondidos pelas medeichas de cabelo negros. Não se contentou em levantar, não ousou ter reações drásticas pela a ação brusca dada pelas fendas. Não, aquilo era novo. Era inusitado.

Delly's Memories - Capítulos soltos;Onde histórias criam vida. Descubra agora