prólogo

4 2 1
                                    

Chamai-me Nolan. Um jovem de 16 anos em busca de si mesmo.
A vida é engraçada, não é mesmo? Como a maioria das histórias começa com uma mudança, pode ser uma mudança drástica que melhora a situação até o final, ou uma mudança simples que vai complicando o caminho. A mudança é a peça chave para um começo incrível, assim como nessa história.

Recentemente, embarquei na leitura de Moby Dick e fiquei impressionado com a mudança ocorrida na trama. Assim como Ismael, eu não tenho interesse em permanecer em terra firme. Não, não é que vou me aventurar nos mares. Simplesmente não me identifico com o ambiente ao qual estou inserido, principalmente com as pessoas.

Apesar de ter interesse, eu nunca fui bom em socializar, nem mesmo com aqueles que compartilham dos mesmos gostos que eu. No lugar onde moro, estudo e convivo, já tenho uma imagem preestabelecida. Conheço a todos e todos me conhecem.

No ano passado, a única pessoa com quem eu tinha algum tipo de contato mudou-se da minha cidade. Contradizendo o senso comum sobre nerds e geeks, eu e meu antigo parceiro de travessuras, Brian Myers (sim, igual ao assassino do Halloween, bem sinistro), fazíamos de tudo, desde furar os pneus dos carros dos atletas até divulgar as escapadas entre os alunos. Mas o meu favorito era contar aos pais sobre a festa secreta que rolava na sua casa, entre outras coisas estranhas que eu prefiro esquecer.

Qual era a minha motivação para isso? Aproximar-me de Brian. Afinal, mesmo sendo parecido comigo, nós não conseguíamos nem manter uma conversa normal por 20 segundos. No entanto, as nossas conversas sobre nossos planos perversos duravam a noite inteira.

Em nossa última conversa pelo Discord, Brian mencionou que agora estava estudando em um colégio particular interno, em outro estado. Foi nesse momento que percebi que essa poderia ser a minha busca pela baleia branca, o meu Moby Dick. Decidi mudar de ares, conhecer novas pessoas e descobrir mais sobre mim mesmo. Levei um bom tempo, mas consegui convencer meus pais a me matricularem lá também. Tive que esperar o ano virar para me planejar melhor, mas aqui estamos, indo em busca das baleias em um Civic.

Meu pai dirigia concentrado, sem desviar o olhar da pista. Às vezes, ele ajeitava seus óculos e coçava seus cabelos cheios de gel, mas nada demais. Minha mãe, com o cabelo amarrado para evitar que caísse em seus olhos, lia um livro de receitas. E eu segurava o livro de Moby Dick em minhas mãos. Apesar de ser um leitor, meu ritmo para ler as coisas era muito lento, por isso nunca consegui ler grandes sagas e provavelmente demoraria um ano só para ler três livros de Harry Potter. Então, eu teria um longo tempo para me dedicar à minha leitura atual. "Eu estava me tornando louco pela leitura!"

Após alguns dias de viagem, encontro-me próximo a um novo capítulo da minha vida, em uma situação complexa que eu mesmo criei. Se eu fosse, eu mesmo, para onde eu já estava, isso já seria uma mudança considerável, mas uma mudança drástica de ambiente parecia mais apropriada. Maldito momento em que decidi ler esse livro.

Eu saio do carro, pois chegamos, e já estou impressionado desde o momento em que entrei e vi um portão eletrônico sem porteiro. Acredito que aqui aconteçam muitas escapadas, ou talvez não, um bom sistema de segurança é capaz de prender até o Michael Scofield de Prison Break, ou talvez não, mas você entendeu, um bom sistema funciona. Enquanto estou fora do carro, vejo um aglomerado de dormitórios em um lugar que se assemelha a um campus universitário. Não consigo contar quantos dormitórios há, mesmo que tivesse tempo para isso. É uma mistura de gramados com ruas e estradas de tijolos asfaltados. Geralmente, é nos hospícios que esses lugares ficam tão distantes da cidade, mas presumo que todos aqui pensem que isso seja um hospício, mesmo que não seja, eu acho... Parece uma mini cidade com uma escola gigante no final. Se eu quiser ver mais coisas, terei que explorar depois.

As pessoas descem de seus carros, retirando caixas e abraçando seus pais. Por algum motivo, há muitas lágrimas sendo derramadas. Não sei exatamente o motivo, mas a emoção está no ar. Não é o caso dos meus pais, minha mãe assume a responsabilidade por todas as minhas coisas, Ela me adverte para ficar longe das drogas, enquanto meu pai aperta minha mão e me deseja boa sorte. Não é o gesto mais afetuoso do mundo, mas ele estar pagando por tudo já é todo o carinho que preciso. Eles me ajudam a desfazer minhas malas no meu quarto. Basicamente, é uma casa com até seis quartos, onde cada um deles abriga duas pessoas. É um sistema extremamente desconhecido para mim. Meus pais partem sem muita cerimônia, me deixando à minha própria sorte. Agora é oficial. Aqui vou eu, para o Colégio Franklin.

"Muitas são as almas solitárias que vagam pelo mundo, buscando seu lugar de pertencimento."

Sem Tempo Para MudançasOnde histórias criam vida. Descubra agora