Acordei com Brian me chacoalhando e dizendo que estávamos atrasados para a detenção. Minha dor de cabeça era terrível. Levantei-me devagar, ele me entregou uma garrafa de água e um pacote de salgadinho.
— Eu até queria comemorar a sua primeira ressaca, mas não temos tempo para isso agora.
— Como você entrou aqui? — questionei, bebendo a água.
— Duncan me deixou entrar. Agora se veste e vamos.
— Já estou vestido.
— Vai desse jeito? Deve estar fedido.
— Não conseguiria me trocar nem se eu quisesse. Minha cabeça está explodindo.
— Tá bom, então vamos lá, rei da festa.
Peguei um óculos de sol e fomos em direção à sala de detenção. Quando chegamos lá, o diretor ainda não havia chegado. Pensei que pontualidade era a única coisa presente em estraga-prazeres. Sentamo-nos perto das garotas, e Naty me cumprimentou. Pensei que as coisas estariam estranhas depois de ontem, mas parece que ela não se lembra da última parte ou simplesmente não liga. Não passou muito tempo e uma mulher apareceu com uma expressão séria, do tipo que se usa em um funeral.
— Gostaria de informar — começou a mulher — que o diretor os livrou da detenção por hoje. Ele ficou muito abalado, pois ontem à noite encontrou seu cão morto. O diretor era muito apegado a ele.
Aquela frase partiu meu coração. Seria eu a causa da morte do cachorro? Era óbvio que sim, afinal eu basicamente o envenenei. Imediatamente me senti culpado, e a culpa pesava mais ao ouvir todas as garotas dizendo como aquilo era horrível. Se o preço para ter amigos era a morte de um animalzinho, jamais cogitaria em fazer isso. Tudo parecia mais pesado, minha respiração ficou mais acelerada e as vozes das pessoas mais abafadas. Tudo que consegui pensar foi em correr, e eu corri para bem longe, até perceber que estava indo inconscientemente para a beira do lago.
Sentei-me à beira do lago, ainda meio aflito. Meus desejos me fizeram cruzar uma linha proibida como ser humano. Era um peso muito forte para eu carregar. Eu tinha que me confessar. Grande Nolan expulso antes mesmo das aulas começarem.
— O que foi, cara? — disse Brian, que havia me seguido até lá. Na surpresa de vê-lo chegar, acabei me assustando.
— O que foi, sério? — falei alterado. — A gente matou um CACHORRO!
— Calma, você não sabe se foi por causa daquilo. Se acalma — disse ele com as mãos levantadas.
— CAI NA REAL, BRIAN, foi nossa culpa.
— Se acalma, Nolan. Tá tudo bem.
— Não, esse seu plano idiota me fez matar uma vida inocente.
Assim que olhei atrás de Brian, vi que Ian se aproximava, devagar, como se estivesse com medo de finalmente chegar.
— Ele tem razão, Nolan — disse Ian, assim que se aproximou de Brian. — Não fomos nós.
— E como você sabe?
— Assim que fiquei sabendo, fui me confessar para o diretor. Ele disse que o veterinário falou que foi a velhice. O cachorro já era velho e vivia tentando fugir.
— E se o que a gente fez só piorou o estado dele? — disse, já não contendo as lágrimas que vinha tentando segurar desde que fiquei sabendo do ocorrido.
— Não, Nolan. O máximo que fizemos foi colocar ele para dormir. Não foi nossa culpa.
— Não foi sua culpa, cara — disse Brian.
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Sem Tempo Para Mudanças
RomanceEm busca de amizades, o jovem Nolan Clark toma uma decisão corajosa: mudar-se para um colégio interno. Determinado a deixar a solidão para trás, ele se depara com Angela, uma garota misteriosa que se autodenomina a deusa Afrodite. A partir desse enc...