Naquele mesmo dia
August caminhava pela vila com calma, observando a vizinhança que não via há tempos. As casas mais antigas seguiram em pé, e algumas novas haviam sido construídas. O rei trajava um casaco, botas e um lenço verde escuro que lhe cobria a cabeça e o pescoço. Suas mãos mantinham-se firmes nas rédeas de seu cavalo preto.
O loiro desceu em uma das ruas mais distantes do Vilarejo, em frente a um bar antigo e levemente imundo. O atendente estava de costas no balcão, um homem gordo de camisa branca — deveria ser branca — e avental azul. O lugar fedia a álcool e mofo, o salão era ocupado por várias mesas, as poucas em que havia alguém estavam ou muito agitadas ou com alguém dormindo. O loiro se debruçou sobre o velho balcão de madeira, encarando as costas do dono.
— Pendura uma garrafa de vinho esta noite?
— Não — respondeu o dono ainda de costas — Não vendemos fiado.
— Nem mesmo para um velho amigo? — o homem inclinou a cabeça ao ouvir isso, se virando com certa dificuldade, pois o espaço entre o balcão e a prateleira de bebidas era pequena demais para si.
— August! — exclamou ele, abrindo os braços em alegria — Quanto tempo… Eu não te vejo nessa nessas bandas desde-
— É, eu sei — interromper — Na verdade, é sobre isso que vim falar.
— Mas assim, direto? Não, diga logo o que vai beber.
— E eu já não lhe pedi o vinho?
— Certo, certo — riu — Mas como andam as coisas? Dizem que você casou, teve filhos…
— Filha. Uma filha de dezessete anos. E minha esposa morreu.
— Dezessete? Ah, essa é uma ótima idade. Já tem noivo?
— Não. Minha filha é muito jovem, não pensa nesse tipo de coisa.
— Tá bom — riu — Há quanto tempo a mãe dela morreu?
— Dez anos.
— E Érica há vinte — falou uma que saía da casa nos fundos do bar — Exatos 10 anos de diferença. E já faz uma década! Isso pode ser maldição, viu? Perder alguém a cada certo tempo.
Não era isso, ele sabia que não.
— Lembra de mim, alteza? Joana — apresentou-se. A senhora tinha um porte acima do peso e tranças pretas caindo sobre um vestido encardido — Você dizia que eu tinha um corpão!
— Lembro sim, Joan. Você continua espetacular — cumprimentou, beijando-lhe a mão.
— Ah não, imagina. Eu estou toda despenteada. Você que envelheceu bem: continua com a pele limpa e o cabelo arrumado.
— Você ainda não cortou isso?! — berrou o marido, referindo-se ao cabelo do outro.
— Por que cortar? Eu fico ótimo. Até sua esposa acha que eu sou um espetáculo — riu.
O lugar inteiro fedia, e a música ao vivo era melancólica, tocada por um grupo de irmãos em alguns instrumentos de corda ao redor de um piano antigo.
— Tudo bem — findou o rei ao se sentar, tentando não se desanimar totalmente — Eu… vim falar sobre a Érica — começou ele, as pessoas ao redor comentavam sobre a volta do antigo príncipe até a Vila pacata — Marcos, sua irmã era parteira da vila quando nós morávamos juntos…
— Ah, pobre irmãzinha. Ela largou tudo depois que soube que não podia ter filhos.
— Sinto muito por ela-
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O Vilarejo Esquecida e o Esconderijo das Fadas - Parte I
FantasyApós a chegada de um suposto príncipe bastardo no reino, a princesa desapareceu. Sem lembrar como saiu do castelo, Lily acorda aos cuidados de Antoine, um morador das montanhas que pretende ajudá-la a voltar pra casa, até descobrirem a existência de...