10. Me leve à cidade

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Aviso: eu (autora) esqueci de postar esse capítulo por umas duas semanas. Ou eu sou muito tapada ou tenho TDAH kkkkk

O garoto estava sentado sobre seus próprios joelhos, observando o mais velho medir sua temperatura com as mãos

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O garoto estava sentado sobre seus próprios joelhos, observando o mais velho medir sua temperatura com as mãos. August lhe acordou com um café da manhã e um chá que cheirava à flores. Ele havia dormido no quarto do rei. Era muito maior do que o quarto de hóspede em que estava alojado.

— A febre baixou — disse sorrindo.

— Que bom… onde você aprendeu esse chá?

— Sua avó me ensinou. Ela entendia muito dessas coisas.

— Ah. E você sabe onde ela aprendeu? — “Será que minha avó sabia de nossa linhagem?”

— Não... Por que a pergunta?

— Só curiosidade.

O mais velho organizava algumas coisas em uma mesa longa junto à parede, repleta de livros e objetos estranhos, como garrafas e instrumentos de medida. Além de muitas plantas.

— Então eu tive um tio e um primo? — questionou, voltando ao assunto anterior.

— É… — apertou os lábios, caminhando de volta à cama — Você entende, não é? Se eu soubesse do seu nascimento, ou soubesse que você estava perdido em algum lugar… — August se sentou ao lado do filho, acariciando-lhe o rosto — Se eu soubesse de você, não descansaria enquanto não te encontrasse.

Remi o achava estranho, porque seu pai estava sendo muito carinhoso e gentil. Mas não chegava a ser fisicamente ruim.

— Eu posso conhecer o meu primo? Eu nunca fui amigo de um garoto da minha idade — falou calmo, mesmo que entusiasmado por dentro. Era meio surpreendente ter mais alguém da sua família vivo — 20 anos é quase a minha idade, não é?

— Sim. Ele deve fazer 21 em breve, e você fará 20 daqui algumas semanas… Ei! Precisamos de uma comemoração para você. Uma festa de boas vindas bem grande, pelo seu aniversário e pela sua chegada.

— Festa?

— Sim, mas antes temos mais algumas coisas. Você precisa de roupas novas, sapatos, um quarto próprio — o loiro tinha um sorriso empolgado em seus lábios, que despertava a curiosidade do menino.

— Isso parece… legal…

— São só alguns detalhes — agora ele segurava nas mãos do filho, este tinha um olhar de expectativa genuína — Ah, precisamos falar com a sua irmã para ela ajudar. Ela não gosta muito de aniversários, mas adora festas. Acho que vai gostar de preparar sua recepção — disse se erguendo da beirada da cama — Eu fiquei tão preocupado com você que nem a procurei. Será que ela já sabe que eu cheguei?

Remi ficou assustado por um instante. Ele deveria distrair o rei, mas agora já não fazia diferença. Além do mais, Lily já devia estar bem longe à essas hora.

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O vestido que Antoine comprou era meio vagabundo. E ele ficará irritado por isso. “Mal agradecida e  fresca” acusou. E não havia nenhum restaurante ou mercearia aberta, então não dava para comprar comida.

A janta era um ensopado meio sem gosto, requentado e com poucos legumes, apenas massa e um pouco de carne, acompanhado de um pedaço de pão que devia estar mais duro do que aquelas paredes. A princípio, Lily recusou, mas se arrependeu, pois não tinha nada para comer naquela casa. Foi difícil passar a noite.

— Eu vou passar o dia no trabalho hoje. Devo voltar umas 6 ou 7 horas — falou ele ao amanhecer. Antoine usava exatamente as mesmas roupas do dia anterior, desde as botas ao cabelo despenteado _ Desculpe, mas não posso faltar sem explicações. Você vai ter que ficar aqui.

— Tá bem. E o que eu vou comer? — Lily o observava na porta do quarto. Ele havia lhe dado uma bengala de madeira junto com as roupas, o que facilitava sua locomoção.

— Ainda tem sopa — respondeu. A menina fez uma cara de nojo, mas abaixou a cabeça para que ele não a visse. Passar o dia naquela casa minúscula com fome seria no mínimo sufocante.

— Antoine… eu… posso ir com você pra Cidade? — questionou sorrindo docemente. Antoine ergueu uma sobrancelha, encarando-a, e virou o rosto novamente.

— Não vou te carregar o dia todo.

— Você não precisa! Eu posso andar sozinha.

— Você não vai aguentar andar tanto, e não tem nada pra você no meu trabalho.

— Mas eu não me importo. Posso ficar passeando por aí.

— E se você se perde?

Lily pensou, então sorriu novamente, piscando os olhos para o maior.

— Ah, você me salvou uma vez, não foi? Pode me salvar de novo, herói.

Antoine ficou paralisado por um segundo, e depois se virou, de costas para a menina. Ela insistiu:

— Por favor, Tonie! Posso andar só por perto do seu trabalho se você quiser.

O rapaz permanecia de costas. Suas bochechas eram cobertas por seu cachecol azul. Ele pensou um pouco.

— Tá bom. Mas eu não me responsabilizo! Você vai descer a montanha sozinha, ouviu? E é melhor se agasalhar.

Pelo o que Antoine analisou, Lily era muito bonita e doce, e meio rude. Também parecia perdida e levemente assustada, apesar de esconder. Tinha muito controle em relação ao seu humor aparente, o que gerava um pouco de desconfiança.

— Eu vou ter que usar essas roupas mesmo, né? Tá bem… — aceitou. Ele olhou para trás, vendo-a com o mesmo poncho e gorro que usou antes — Não estou sendo mal agradecida, tá?! Só estou desconfortável por usar roupas masculinas.

— Elas são de quando eu tinha uns dez anos…

— Isso explica porque parecem acabadas — retrucou. O garoto sorriu.

— Ficaram ótimas em você!

— Haha. Muito engraçado.

Os dois seguiram pela trilha montanha abaixo. Lily percebia o quanto era difícil andar andar na neve mancando. A bengala afundava e seu corpo parecia mais pesado. O caminho terminava em uma rua deserta, que parecia ter vários desvios para as outras ruas do lugar.

— Tudo bem — Antoine parou, a garota vinha alguns passos atrás. Ela olhava para todos os lados observando as montanhas, a neve e o bosque — Meu trabalho fica perto. Consegue me encontrar aqui antes do sol se pôr?

— Acho que sim — respondeu distraída e com um sorriso.

— Estou começando a achar que isso é uma má ideia…

— Eu sei me virar…

Antoine respirou fundo com a resposta. A menina parecia muito alegre com a ideia de passar o dia andando em uma cidade estranha com uma perna machucada e sozinha.

— Fica com isso — o garoto pegou sua mão e deu-lhe algumas moedas de ouro — Caso precise de alguma coisa.

— Isso é muito dinhei-

— Não se preocupa — interrompeu — Não me faz falta.

A jovem pensou. Ele já estava a ajudando demais.

— Quando eu voltar pra casa, vou retribuir tudo que me der.

— Tudo bem — aceitou — Eu realmente não me importo.

Ele terminou de falar, colocou as mãos no bolso e saiu. Seu cabelo ondulado balançava sobre o cachecol que lhe cobria o pescoço e os ombros, mas sua boca não estava tampada hoje.

O Vilarejo Esquecida e o Esconderijo das Fadas - Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora