Um mordomo o guiou para uma porta dupla em um corredor extenso, adentrando uma sala de jantar vermelha, iluminada por candelabros.
— Você chegou! — disse o rei.
— Sim — respondeu seco, caminhando até ele.
— Sente aqui — ele indicou uma cadeira à sua esquerda — Estava esperando vocês para o almoço.
O cacheado se sentou em silêncio, eventualmente notando a cadeira posta à sua frente.
— E a princesa? — questionou.
Neste mesmo instante, Lily atravessou a porta sem ligar para o que havia em sua frente. Trazia um livro aberto sobre os olhos, — que parecia ser a única coisa digna de atenção no local, — sua capa era escura e seu título dourado quase invisível.
— O que eu falei sobre livros na mesa? — advertiu August.
— Sim, sim. É falta de modos, eu sei.
Ela continuou a leitura em silêncio, ignorando a repreensão do pai. Então este se virou para o garoto:
— Você gosta de ler, Remi?
O rapaz apertou os lábios, pensando em uma resposta.
— Eu não leio muito…
— AÍ, POR MIRA!
O grito assustou o príncipe, que encarou a irmã com medo, mas o rei já estava acostumado com aquilo.
— O que aconteceu? — questionou ele com certo desinteresse, encarando-a pelo canto do olho.
A menina removeu os olhos do livro com calma, completamente pasma.
— Charles morreu — respondeu com pesar, deixando que um grande silêncio tomasse conta do ambiente.
— Quem? — perguntou o irmão. O pai riu:
— É mais um personagem de livro — ele disse.
A menina não retrucou nada, apenas colocou o livro, agora fechado, ao seu lado na mesa, e esperou que as criadas entrassem para servi-los.
— E o livro acabou. Estou de luto — concluiu dramática.
O rei riu novamente, como sempre fazia diante os surtos literários da baixinha.
"Tudo isso por um livro?" Pensou Remi.
O almoço era um frango cozido com verduras, arroz branco, macarrão e salada de folhas. Também tinha um purê, pães, sucos, sobremesas, e muito mais do que Remi já imaginou que veria em uma mesa.
— Eu adoro repolho com tomate na salada — disse a menina.
Uma senhora de cabelos pretos e terninho servia a todos com suco de frutas enquanto outras colocavam a comida em seus pratos. Uma moça apareceu ao lado de Remi para lhe servir.
— O Senhor quer mais carne no seu prato?
— Hã?...
O garoto ficou estático. Ele olhou para o rei que já comia, perguntando mentalmente o que fazer.
— Pode comer o quanto quiser. Não precisa ter vergonha de pedir — respondeu com um sorriso gentil.
O menino continuou assustado, mas se virou a criada em resposta.
— Hm, sim?
A moça sorriu e obedeceu, se retirando em seguida.
— É estranho ter pessoas fazendo tudo por você, né? — questionou Lily, encarando a surpresa do irmão.
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O Vilarejo Esquecida e o Esconderijo das Fadas - Parte I
FantasyApós a chegada de um suposto príncipe bastardo no reino, a princesa desapareceu. Sem lembrar como saiu do castelo, Lily acorda aos cuidados de Antoine, um morador das montanhas que pretende ajudá-la a voltar pra casa, até descobrirem a existência de...