Find You Again

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— Terra para Luke, tem alguém por aí? — disse Nico balançando a mão na frente do meu rosto — Você não anda muito distraído ultimamente?

Estávamos na aula de Teologia, eu não gostava tanto, mas era uma disciplina que eu tinha uma grande facilidade em aprender, o professor estava copiando algo no quadro, mas com toda certeza eu não conseguiria prestar atenção nessa aula mais

— Ele não consegue parar de pensar no que aconteceu na cafeteria aquele dia, mesmo se passando quase 2 semanas desde o ocorrido — quem respondeu Nico fora Charlie

Hoje, por um milagre, ela tinha chegado na hora para a primeira aula, mesmo com os cabelos ruivos presos de qualquer jeito em um rabo de cavalo no alto da cabeça e os restos da maquiagem das aventuras da noite passada, mas o importante é que ela estava ali e inteira de preferência

— Não é que eu não consiga parar de pensar, é só que... — Luke não conseguia parar de imaginar se ele estaria bom ou não, foi tão de repente e depois acabou do mesmo jeito que começou

— Acho que você deveria procurar ajuda especializada, talvez isso tenha se tornado um transtorno ou algo do tipo — Charlie passou o braço pelas minhas costas e deu um cutucão forte em Nico diante do que ele disse, Nico apenas gemeu baixinho e se encolheu ficando com a pele corada, não sei se de vergonha ou raiva de Charlie

— Ele passou por um evento traumático, não era de se esperar que ele ficasse bem né idiota — retrucou Charlie se virando para encarar o quadro e o professor logo a baixo — Se fosse eu, talvez eu teria desmaiado junto com o homem no chão e deixado ele morrer, não consigo ver sangue nem a pau

— Eu também achei que não conseguia, mas ver ele, esparramado no chão, implorando para eu salvar a sua vida e eu sem nem saber o que estava fazendo — algo se apertou dentro de mim, um sentimento de culpa e apreensão — Se ele morreu eu nem mesmo vou saber

— Não achar melhor assim? — perguntou Nico — Se ele tiver morrido, não acha que vai ficar pior do que você já está? As vezes a falta de informação é uma dádiva

— Eu não sei o que seria melhor — falei

— Mas eu sim — disse uma voz a nossa frente, quando me virei o professor estava bem na frente da minha carteira me encarando com uma cara não muito agradável, seus óculos estavam pendurados no seu pescoço o que dava ainda mais a impressão que ele perderia a compostura a qualquer momento — Acho melhor vocês ficarem calados e prestarem atenção antes que eu os peça para ir visitar a enfermaria até o fim da aula

— Com certeza senhor — respondi prontamente — Estávamos apenas discutindo...

— Não, não, sem desculpas esfarrapadas, apenas olhe para frente e preste atenção — ele colocou os óculos e continuou — É o último aviso senhor Clark

Apenas assenti com a cabeça e o observei voltar para o seu lugar á frente da turma

Todos da sala observaram a cena em silêncio, mas eu conseguia ver uns sorrisos na cara de alguns e eu não os culpava por isso, eu faria o mesmo se fosse com qualquer um deles

— Porque não me avisou sua inútil — disse brincando para Charlie

— Porque sou exatamente isso — ela me deu uma cotovelada no meio da costela que me fez dar um pequeno gemido de dor — Uma inútil

Do outro lado Nico não conteve um risinho baixo e ganhou uma olhada não muito agradável do professor como resposta o que o fez virar a cara para o livro e começar a ler sobre o que era a aula

Por mais que eu tentasse me concentrar eu não tinha a mínima condição de estar ali mentalmente, talvez Nico estivesse certo e eu devesse procurar um tratamento.

Caso de Amor Entre EstranhosOnde histórias criam vida. Descubra agora