O despertar do amor

Anjo maldito

❆ Ethan ❆

O jardim da casa, que sempre fora o refugio de Vini, agora acolhia Alex, o ômega gostava de deitar na grama, sob um grande arvore de ipê branco, a beleza de Alex se destacava nesse ambiente, em contraste com as diversas flores brancas caídas, dando a sensação para quem visse que ele estava deitado sobre a mais branca neve. 

– Oi – Ethan disse, se aproximando do menor – Posso me juntar a você? 

– Claro, vem – disse gentilmente. 

Ethan se senta ao lado do menor, observando a sua beleza, seus olhos azuis, e principalmente, seus cabelos brancos, o que Ethan nunca havia visto em outra pessoa, era algo encantador e extremamente marcante – Pode deitar a cabeça no meu colo – sugeriu ao menor, que estava distraído olhando para o céu, e vendo as flores caírem.

– Tem certeza? – Alex questionou, seguindo as instruções quando recebeu uma confirmação, em pouco tempo ele estava rendido ao alfa, que lhe fazia carinhos, passando os dedos entre seus cabelos, essa era uma situação que Alex não poderia imaginar, aquele alfa lhe sendo carinhoso, ele sabia que Ethan lhe dava a atenção que nenhum outro tinha, além das constantes gentilezas, mas não poderia deixar de lembrar dos momentos em que era grosseiro e agressivo, ele não podia deixar de se perguntar o que estava acontecendo, já que aquele homem, em sua teoria, bipolar, não esclarecia em definitivo.

– Floquinho, se não for te incomodar, eu gostaria de saber mais sobre você e o seu passado – Ethan pergunta com cautela, com medo que o assunto pudesse machucar Alex.

– Tudo bem – Alex disse com um sorriso sem jeito – Sobre mim... eu sempre fui muito bom nos estudos, com piano e violão e com algumas artes marciais, meu único amigo era o Angel, nos crescemos juntos, amo desenhos animados, bolo de cenoura e pirulitos – Alex fez uma pausa, com receio de responder a segunda parte da pergunta... com medo de reviver seu passado.

– Se você não se sentir confortável para continuar, tudo bem – Ethan disse, gentilmente.

– Não se preocupe, eu estou bem – Alex respondeu – Bom, eu não cheguei a conhecer minha mãe, ela morreu me dando a luz, por isso o meu pai sempre me odiou, ele a amava, mais que tudo, mais até que a si mesmo, quando eu era menor, ele cuidava de mim, apesar de não demonstrar carinho ou afeto, mas isso só durou até os meus 15 anos, acredito que eu comecei a ficar muito parecido com ela, então ele não suportou, foi mais ou menos nesse período que ele começou a beber. Sabe... cada vez que ele chegava bêbado ele me batia muito, eu quase morri algumas vezes, Angel me salvou na maioria, mas apesar disso eu não o odeio, eu podia vez o quanto ele se torturava com isso, ele não é ruim... apenas se perdeu por tanta dor – Alex explica.

O ômega evitava olhar para Ethan enquanto contava seu passado, as poucas vezes que reparou o seu rosto era perceptível a raiva em seu olhar, mas antes que o alfa pudesse dizer algo ele continuou – Eu já pensei várias vezes em simplesmente me matar, assim toda dor sumiria, mas não fiz... não se engane, não foi por falta de coragem, afinal, não tenho amor nenhum a vida... foi por ele, ele está vivo, mas sua alma está morta, seu olhar não tem vida... se eu tomasse essa atitude ele não suportaria a culpa. Eu não posso dizer que aceito, entendo ou perdoo o que ele fez, mas eu posso imaginar a dor que ele sente, e como ele perdeu o controle de si mesmo.

– Você é muito forte e sensível, meu pequeno floco. Eu não posso tolerar a atitude dele, isso não se faz com um filho, mas em certo ponto eu entendo a dor dele, eu me sentiria igual caso perdesse o amor da minha vida – Ethan disse, com a frustração se misturando a raiva – Você não precisa mais se preocupar com nada disso, esqueça o seu passado – disse gentilmente.