Hinata gosta de pessoas firmes. Ela gosta da certeza, da confiabilidade.
Crescendo em uma casa onde cada pequena ação sua era avaliada minuciosamente, ela criou alguns... problemas de confiança.
Uma vez, quando ela tinha sete anos, o pai dela chegou até ela repentinamente após uma sessão de treinamento e passou cerca de trinta minutos conversando com ela de modo carinhoso e tranquilo, foi a meia hora mais feliz de sua infância e um dos poucos momentos em que Hiashi a tratou como filha, não como herdeira. Eles conversaram sobre o jardim da propriedade Hyuuga e sobre o festival de primavera que estava por vir. Ela ainda lembra da sensação de felicidade ao receber aquele tipo de atenção rara e carinhosa do pai.
Três dia depois, ela caminhava pelos corredores do complexo quando ouviu uma conversa dos anciãos com Hiashi. Ela consegue lembrar das palavras como se estivessem marcadas em sua alma a ferro e fogo.
"Ela é fraca." O pai disse com desgosto. "É ingênua, dócil e tola."
Hinata esperou, orando, torcendo, implorando em seu coração para que aquela conversa não fosse sobre ela.
"Ela pode aprender." Um dos mais velhos falou.
"Impossível. Ela abaixou totalmente a guarda. Conversei com ela por trinta minutos sobre futilidades e ela parecia prestes a chorar de animação. É uma criança tola demais."
"Ela é sua filha, Hiashi."
"Ela deveria ser melhor." Foi o que o pai respondeu.
Hinata era muito nova para entender naquela época, mas seu coração foi irremediavelmente partido ali. Daquele momento em diante, cada pequeno ato de bondade que recebesse seria tomado com dúvida, cada gesto de carinho seria recebido com desconfiança e cada pessoa que entrasse em sua vida teria sua saída antecipada. Porque ouvir aquelas palavras de seu pai mudou algo dentro dela, fez com que ela se sentisse idiota e suja, não merecedora de amor. As pessoas são voláteis, estão em constante mudança e a qualquer momento poderiam perder a admiração por ela, era uma questão de tempo até que ela mostrasse um defeito qualquer que afastaria os outros dela. Pelo menos foi isso que ela aprendeu com o pai aos sete anos.
Felizmente, com o tempo, ela descobriu que nem sempre precisa ser assim.
Naruto, por exemplo, era diferente. Ele era confiável, caloroso, firme e leal até os ossos. Ele nunca voltava atrás com sua palavra e por isso foi fácil entregar seu coração a ele.
Shino, Kiba e Kurenai também eram diferentes, eles a conheceram quando ela era nada além de uma herdeira rejeitada com profundos problemas de autoconfiança, mesmo assim eles a acolheram e formaram um time com ela, com o qual ela sabe que pode contar a qualquer momento e para qualquer coisa.
E Sasuke... bom, ele também é diferente. Ele não promete nunca mentir, porque ele só promete o que pode cumprir. É por isso que quando ele fica ao lado dela a caminho da consulta com Tsunade, Hinata não sente medo, desconforto ou insegurança, porque Sasuke, ela aprendeu, é firme e confiável.
E pessoas confiáveis são as favoritas dela.
...
Tsunade era uma grande médica, a melhor, ele sabia disso, mas vê-la em ação era outra coisa. Ela não enrolava, não puxava conversa fiada. Era direta e rápida, porém eficaz. Nada lhe passava despercebido, mas ela colhia as informações sem deixar Hinata desconfortável. Ela ignorou Sasuke completamente, o que era bom, porque ambos percebiam o constrangimento que Hinata sentia por ter que estar acompanhada nas consultas.
Quando ela pediu para que Hinata deitasse na maca e erguesse a roupa, ele se preparou para sair do consultório silenciosamente, mas Hinata segurou o tecido de sua capa e ele se manteve quieto e firme ao lado dela, vendo e ouvindo atentamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ponte Sobre Águas Turbulentas [sasuhina]
FanfictionNaruto está morto. Mas Sasuke jurou que cuidaria de tudo aquilo que o amigo deixou para trás. ° ➳ Estes personagens e este universo pertencem a Masashi Kishimoto. HISTÓRIA ORIGINAL - Plágio é crime, punido por lei! Crie sua Própria história. Início...