11 de maio de 2022
Quarta
Ser professor não era para qualquer um. Poucos conseguiam aguentar a rotina, cuidando do planejamento de aulas, relatórios, correções, pesquisas, alunos gritando seu nome a cada cinco minutos e todas as outras dificuldades a lidar tendo uma sala tomada por crianças, adolescentes e até adultos. Em oitenta por cento do tempo, Dahyun tinha certeza que iria perder a cabeça com a quantidade de demandas para atender em uma única semana.
Com o início de um novo bimestre as coisas podiam ser bem mais tensas. Ela tinha sorte em trabalhar numa escola que se preocupava com mais do que cumprir currículo usando metodologias tradicionais e ultrapassadas, porém, encaixar os projetos em seu cronograma era sempre um desafio. A coordenação tentava ter tudo no papel no começo do ano letivo para os professores se prepararem, no entanto, às vezes as ideias surgiam depois, uma nova necessidade era apresentada e a Kim não tinha outra escolha a não ser cumprir as ordens.
Quando entrou no curso de Pedagogia, sua mãe havia dito que ser professora era um trabalho de vinte e quatro horas, sete dias por semana. Quando não estivesse em sala de aula, sua mente não iria parar de pensar no que fazer no próximo dia, seu tempo de descanso seria invadido por obrigações que não pode cumprir nas horas de expediente e até seu sono ficaria prejudicado com preocupações sobre a efetividade de sua didática.
Ela não estava mentindo.
Felizmente, Dahyun podia compartilhar seus anseios e dificuldades com alguém que compreendia, recebendo conselhos e auxílio nas tarefas a serem feitas. Ela tentava retribuir Chaeyoung na mesma proporção, porém, seu conhecimento em química era bem limitado e seu contato quase nulo com adolescentes não era de grande utilidade. A loirinha, no entanto, sempre apreciava um ouvido para aguentar suas reclamações e isso a Kim podia oferecer com perfeição.
Outro fator que a aliviava era sempre ter tido turmas prestativas e engajadas. Começar a carreira com o caos foi seu maior medo durante os anos finais da graduação, em especial depois de ter tido experiências conturbadas nos estágios obrigatórios, como a maior parte de seus colegas pedagogos. Ela aprendeu muito naqueles semestres, é claro, mas esperava nunca mais passar por aquilo. O período sendo mal remunerada e ouvindo absurdos continuava lhe fazendo estremecer.
— Senhorita Kim, o que é isso? — Um dedinho curioso adentrou sua visão, cutucando os vários grãos espalhados na mesa de concreto.
— São feijões, Yeonjunnie. Nós vamos plantar eles amanhã.
Apesar de antigo, o plantio de feijões era sempre uma boa tarefa para o ensino de ciências infantil. Além de trabalhar os conceitos, eles podiam aprender sobre responsabilidade, noção de tempo e até o emocional, considerando a ansiedade para os brotinhos crescerem e uma provável frustração se eles não vingassem.
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Pieces Of Love
FanficChou Tzuyu tinha gravado em seu coração o nome daqueles à quem pertencia: os Myoui. Por anos, a segurança foi uma peça fundamental para o funcionamento da família, ajudando Mina, sua paixão, a sobreviver a um casamento conturbado e criar seus filhos...