No dia seguinte Alex se encontrou com Emília em um restaurante em frente a praia e os dois iniciaram mais uma bela conversa sobre suas famílias e compartilharam vários sonhos e desejos que sentiam em seus corações. Emília contou a Alex sobre a faculdade e como estava sendo o terceiro semestre, era um desafio e tanto mais Emília gostava e Alex percebeu isso, ela tinha uma garra para desafios e gostava de concretizar cada um deles, não tinha medo e nem receio de nada, se errasse tiraria a poeira do pé e tentaria de novo, não gostava de receber não como resposta.
Alex entendeu que no mundo da fotografia ter esse tipo de pensamento é essencial para o seu crescimento. Emília explicou que ela só quer levar conselhos e aprovações de pessoas experientes em artes e que possam mostrar a ela como realmente seguir essa carreira e chegar ao ponto desejado.
Alex contou a Emília que não tinha algo muito concreto na vida na questão de faculdade, ele trabalhava com o pai em uma loja como mecânico no centro de Los Angeles e pensava mais nos negócios da família do que no que gostaria de fazer. Nunca foi bom em muitas coisas e a única coisa que decidiu realmente se dedicar era o surf, contou também sobre a vez que participou de um concurso mais não foi para a frente porque não conseguiu ponto suficiente, mas que estava treinando para o próximo que viria, se desse certo seguiria esse caminho pois gostava do mar e das ondas. Emília o incentivou e ele agradeceu por isso.
- Tirando as artes e a fotografia, o que você mais gosta? - Alex perguntou enquanto eles caminhavam pela calçada tomando um sorvete.
O dia estava quente como de costume em Los Angeles, Alex vestia uma camiseta azul marinho e uma bermuda jeans, já Emília usava um vestido florido com as cores que ele imaginava ser do Brasil. O tempo no restaurante não tinha sido tão rápido como ele imaginava que seria, as várias conversas fizeram o tempo passar tão depressa que o sol já se encontrava em seu ponto mais alto do dia.
- Então naquele dia eu disse que gostava de música, mas não disse qual estilo, eu gosto de música clássica e toco um pouco de piano também - ela respondeu e Alex a achou ainda mais interessante, nunca tinha conhecido uma menina que gostasse de música clássica e também ele mesmo nunca conheceu. Agora era a chance e ele sabia.
- Que interessante, e você aprendeu onde a tocar?
- Meu pai me ensinou na verdade, ele sempre foi apaixonado por instrumentos e um que ele mais amava era piano. Ele queria que eu aprendesse alguma coisa, mas eu não gostava, demorou um tempo até que eu começasse a tocar - ela colocou a mão no queixo e ficou pensativa por um momento - Acho que eu tinha uns 16 anos. Mas e você, já falou que sua paixão é o surf, não tem muitos pensamentos sobre faculdade, então do que você gosta além do surf?
- Então, como eu cresci em uma família misturada com origens brasileiras e italianas, peguei um pouco dos dois, meu pai me ensinou a fazer pizzas - ele riu - Eu tinha uns 10 anos, e eu também gostei bastante, era a única coisa que eu e meu pai tínhamos em comum ali tirando a nacionalidade é claro.
- Eu adoraria provar sua pizza.
- Não vou me esquecer disso. - ele sorriu.
- E tirando as pizzas, você disse que pegou um pouco dos dois, o que você pegou de sua mãe? - eles pararam e se sentaram em um banco, Emília olhou para Alex prestando atenção em cada detalhe do seu rosto, ele não continha nenhuma barba e seu rosto era liso como de um bebê, seu cabelo hoje estava com um visual diferente do da praia, penteado para cima ele fez um pequeno topete e Emília gostou pois combinava com seu rosto. Ele não usava brincos e nem mesmo nenhum piercing, seu único acessório era seu relógio e uma pulseira em seu pulso esquerdo feito a mão. Eram pequenos quadrados brancos puxados por um fio e parecia estar escrito alguma coisa que Emília não conseguiu identificar.
- O jeitinho brasileiro - Ele disse em português e Emília riu, não estava familiarizada com o termo, mesmo seus pais sendo brasileiros percebeu ter pego muito mais a cultura americana do que a brasileira.
- Queria eu ter esse jeitinho brasileiro, mesmo meus pais sendo brasileiros eu puxei muito mais a cultura americana e só tinha a brasileira quando ia para casa.
- Eu também, mas minha mãe ela meio que queria que eu pegasse, e eu sempre gostei também, mesmo nascendo aqui ainda tenho um apego muito grande pelo Brasil.
Emília notou que aprenderia muito com Alex sobre suas origens brasileiras e gostaria disso, se sentia perdida sempre que visitava os parentes e seu sotaque ainda puxado para o americano fazia ela até mesmo esquecer certas palavras em português.
- E essa pulseira? - ela perguntou e apontou com os olhos para o pulso de Alex e ele olhou rapidamente.
- Essa aqui - ele puxou a pulseira - Minha mãe quem fez - ele esticou para mostrar Emília. - Está escrito Brasil, eu sempre ando com ela.
- Que bonito, então sua mãe faz pulseiras?
- Na verdade não, teve um dia que ela apenas decidiu começar um novo hobby e fez uma pulseira para mim e meu irmão para lembrarmos do Brasil.
- Já gostei da sua mãe - ela riu.
- Você vai gostar ainda mais dela quando conhecê-la.
- Então vai ter um segundo encontro? - ela perguntou deixando Alex completamente vermelho, ele queria dizer sim, mas não queria dizer tão rápido para ela perceber que ele queria ter o segundo encontro. Fez um bico e deu de ombros, ela riu e empurrou seu ombro. Nada era mais perfeito do que aquilo. Eles ficaram na praia até o anoitecer e Alex a acompanhou de volta para casa. No caminho conversaram sobre as coisas que mais gostavam e se entendiam em todos os assuntos, nunca havia conhecido uma garota como ela e pensava o quão linda era ela desde a primeira vez em que a viu. Enquanto caminhavam seus dedos se encostaram e o coração de Emília começou a bater mais forte, ao mesmo tempo que era estranho ainda mais por ter conhecido ele há um dia, mas ficou feliz e se encheu de alegria. Queria que ele a abraçasse logo e a protegesse com seus largos braços de tudo que estava a sua volta e sentia que finalmente havia conhecido um menino bom.
Emília andou um pouco mais a frente e rodopiou feito uma criança, o ar estava fresco mesmo já de noite e Alex olhou com amor para ela tendo a certeza de que gostaria de convidá-la para um segundo encontro.
Emília parou e apontou para sua casa, Alex observou a casa, ela era bonita e sem muitos detalhes. Sua casa tinha a cor branca com dois pilares em cada lado para sustentar a parte de cima. Havia uma escada para chegar até a porta da frente e perto dela um banco simples de cor marrom. Duas janelas na parte de baixo e mais duas na parte de cima. Todas as luzes estavam acesas e isso mostrava a Alex que os pais de Emília estavam em casa. Ele a levou até a porta da frente e os dois pararam de frente um para o outro.
- Estamos aqui. - ela disse. - Essa é minha humilde casa.
- Sua casa é linda.
Emília o olhou com carinho e sorriu.
- Obrigada. - ela balançou de um lado para o outro igual uma criança - Obrigada por me trazer em casa, nos vemos novamente. - ela se virou para entrar em sua casa e Alex puxou seu braço de leve fazendo-a se virar para ele novamente.
- Acabei nem te perguntando, mas você gostaria de sair comigo de novo?
Os olhos de Emília brilharam e ela aceitou, deram um abraço e Emília beijou o rosto de Alex, abriu a porta da casa e antes de fechá-la sorriu para ele e isso aqueceu o seu coração.
Os dias foram se passando e foram repletos de aventuras na praia, onde Alex começou a ensinar Emília a surfar e juntos começaram a explorar o mar. Passeavam pela praia e iam a pequenos cafés à beira-mar. No entanto, Alex ainda enfrentava alguns medos relacionados ao seu acidente passado. Tinha medo de que acontecesse novamente e sempre que caía na água tremia de medo. Ele gostava do mar, mas não do que tinha dentro dele. Em cima da prancha se sentia mais seguro e Emília compreendia isso, e com sua natureza encorajadora, estava determinada a ajudá-lo a superar esses obstáculos.
Juntos, eles embarcaram em desafios, enfrentando as ondas e os receios de Alex. Ao mesmo tempo em que Alex ensinava Emília a surfar. A cada queda era seguida por risos e abraços reconfortantes de ambos os lados. O apoio mútuo entre os dois fortaleceu o vínculo entre eles, provando que o verdadeiro amor é capaz de curar as cicatrizes mais profundas e ensinar coisas novas.
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Ondas do Coração
Short StoryNa vibrante atmosfera da ensolarada cidade de Santa Mônica na Califórnia, dois jovens destinos se entrelaçam em uma emocionante história de amor. Alex um apaixonado surfista de alma livre, passa seus dias deslizando pelas ondas do Pacífico, buscan...