"Vai se foder, eu te odeio tanto." Anne diz para Marie enquanto a beijava violentamente, boca a boca, ambas choravam.
O meio da floresta, a floresta delas, onde estavam a salvo da vida, da opressão, da sua pequena cidade, de tudo, aquele lugar era um porto seguro para os dois. Mas agora, era apenas uma lembrança ardente, doendo na mente de Anne.
O último olhar que elas trocaram foi quando Marie foi embora, ela estava olhando pela janela do carro, chorando tanto que não conseguia respirar, o mesmo aconteceu com Anne.
Marie beijou o marido, Ronald, antes dele sair para trabalhar. Eles tinham acabado de se casar, passando a lua de mel no Havaí, foi muito romântico.
Ele era o melhor cara de todos os tempos, ela pensou. Ela odiava muito os homens, mas depois que o encontrou, ela começou a odiar ainda mais, o único homem que ela amou foi o marido, vendo como ele era um cara bom, como os homens deveriam e poderiam ser legais, isso a deixou muito irritada.
Ela era dona de casa, fazia as tarefas domésticas enquanto o marido trabalhava em um emprego remunerado, essa foi a vida que ela escolheu, a vida na cidade grande era acelerada e ela não conseguia acompanhar o ritmo, então decidiu ficar em casa.
Marie estava muito sozinha. Eles conversavam em ter filhos, mas Ronald sempre dizia que "Não era a hora." e "Isso custaria muito para nós." ambos eram verdade, mas ainda assim a deixava chateada.
Todos os dias depois do casamento foram se misturando, tornando-se iguais, ela ansiava por isso, mas quando aconteceu ela não ficou tão feliz. Ronald era uma ótima pessoa, sim, mas ficar sozinha em casa não era o que ela queria.
Depois de fazer tudo o que precisava, ela sentou no sofá e dormiu, agora seu tempo livre era gasto dormindo. Quando ela não estava consciente o vazio da dormência não conseguia invadir seu coração.
Robert chegou em casa e ela o cumprimentou, assim como todos os outros dias, ele come a comida que ela preparou, assiste um pouco de televisão e os dois vão para a cama, Robert não era uma pessoa que falava bastante, então eles ficavam em silêncio a maior parte do tempo.
Raramente faziam sexo, apenas em ocasiões especiais, como no dia dos namorados ou no aniversário de casamento. Hoje não foi exceção.
Hoje o silêncio foi ensurdecedor, mais que o normal, ela sabia que ele havia passado por alguma experiência ruim no trabalho e quando isso acontece ele fica ainda mais calado. Ela decide quebrar o gelo.
"Este ano está passando tão rápido!"
"Sim."
"Quer dizer, eu poderia jurar que fevereiro foi ontem e agora já estamos em outubro."
"De fato."
"Sabe o que deveríamos fazer? Uma viagem, para quebrar um pouco a rotina."
"Estamos com pouco dinheiro, Marie."
"Não precisa ser nada grande." Ela faz uma pausa. "Talvez pudéssemos ir para minha cidade natal, é uma cidade pequena, mas a festa de Natal deles é incrível."
"Amanhã podemos conversar sobre isso, só preciso dormir agora, querida."
"Ok, boa noite, querido, apenas mantenha isso em mente."
Chegou o dia, ela o beijou, ele foi para o trabalho, voltou para casa, jantou, assistiu TV e voltou para a cama. A mesma rotina.
"Querida, podemos-" Ela tentou terminar a frase, mas ele a interrompeu.
"É sobre a viagem?"
"Sim."
"Podemos conversar sobre isso outra hora? Estou muito cansado."
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Ela voltou com rosas mortas (Versão em PT-BR)
RomansaPromessas quebradas sempre voltam para te assombrar. Anne e Marie tiveram um relacionamento durante o ensino médio, prometeram estar sempre juntas, mas imprevistos atrapalharam isso. Os anos passam e elas acabam se reencontrando. Uma verdadeira bênç...