Onze

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Helena

-você tem certeza do que está fazendo ?
Minha chefe me tira dos pensamentos .

-como assim senhora ?
Falo confusa , já que estávamos cada uma em um canto da cozinha . E não falávamos muito .
Pois a mesma era já uma senhora de idade.

Daqui a pouco daria meu fim do turno .
Estava terminando de limpar , para deixar tudo organizado.

- estou falando sobre o tenente menina cooper !

"Haaa"

-bem... vou ser sincera com a senhora porque sei que já percebeu . Eu gosto de joesefh, e o mesmo também sente isso por mim. Ele até me pediu em namoro .

Disse monstrando a minha aliança em meu dedo desesperada , como se eu quisesse provar que daríamos certos .

Aliança essa que eu tinha que tirar sempre que via meus irmãos .

-olha , eu te entendo ok! Eu já tive a sua idade , já me apaixonei loucamente por um homem desse meio militar , e posso afirmar Helena não é um conto de fadas . Você ainda tem muita coisa pra viver .

- E eu vou, não precisa se preocupar!
Disse já farta do assunto .

- olha , já vi que não está me levando a sério, por isso vou ter que jogar alguns factos na sua cara . Já pensou no facto do tenente Müller não residir na vila ? Claro ele tem casa aqui , mas seus deveres estão em Califórnia . Seus pais estão em Califórnia, é quem sabe até uma mulher ele não tenha deixado lá.

- Joe não faria isso !

- pode até ser , mas você esqueceu que daqui a três meses você terá que ingressar em uma faculdade , você tem somente 18 anos Helena e aquele homem 30 ... enquanto você vai estar preocupada com os trabalhos universitários ele vai estar querendo um filho , percebe...?

Minha cabeça doía , larguei o pano em minhas mãos, pegando a minha bolsa e me indo embora .

Ficar naquela cozinha já estava me deixando asfixiada , por que sim no fundo as palavras da minha chefe continham verdades .

Sentindo o vento balançar meus cachos , os prendo e vou subindo a rua em direção a minha casa .

Não era distante , mas não era perto também . Caminhando levava uns 20 minutos .

Enquanto o sol aquecia minhas bochechas , decide ser impulsiva e pegar meu celular .

"Precisamos conversar "
Digitei para joe .

" é quem sabe até uma mulher ele não tenho deixado lá "?

Eu não queria parecer infantil e insegura , mas essas palavras me pegaram demais . Seria muito ingênuo pensar que um homem como joesefh não tenha tido ninguém em sua cidade .

"Aconteceu algo querida ?"

Mordi as cutículas dos meus dedos , nervosa , e decide não responder.

- quer saber deixa assim !
Abri a porta da minha casa , encontrando somente meu pai na sala.

- falando sozinha senhorita?
O mesmo abriu os abraços se levantando .
O abracei rindo, e o mesmo depositou um beijo na minha bochecha me soltando em seguida.

Logo o estranhei , meu pai não era muito de toques . Sempre foi muito amoroso comigo , e tudo mais . Mas se eu pudesse contar todos abraços que ele já me deu este era o décimo nono (19).

18 , porque ele me dava um em cada aniversário e esse abraço era sempre fotografado desde meu primeiro aniversário. E o abraço restante é o de hoje .

- senta aqui filha, o que está passando por essa cabecinha ?faz tempo que não conversamos .

- bom, o facto desse ser o abraço nº 19 que você me dá em toda a minha vida .

Ele bateu de leve em meu ombro rindo

-se te interessa saber esse é o abraço nº 20, abraços devem ser especiais Helena .

-ok!

-não tem curiosidade de saber quando foi o primeiro abraço que te dei ?

-quero saber sim ,pai!
Estávamos sentados no sofá e me aconcheguei em seu peito .

Me sentindo a menina de anos atrás cheia de amargura e dor que era confortada pelo pai.

- bom, nosso primeiro abraço foi quando você nasceu , o seu parto tinha se complicado , foi tudo muito rápido . Em um momento eu e sua mãe estávamos sorrindo um para o outro , e no outro momento ela tinha fechado os olhos como se estivesse cansada, e pasme aí já tinha sido o momento da sua morte.

-pai... não precisa falar mais !

Falei quebrada . E um pouco culpada por não conseguir compartilhar dessa dor profunda que meus irmãos e meu pai sentiam. Minha dor era diferente .

A dor de não ter conhecido ela sequer.

- só quero dizer com isso Helena , que eu te amo muito...

Digerindo as palavras do meu pai, olhei para a aliança que joe me deu , e tive vontade de falar com meu pai sobre isso .

- sabe eu sei que você já vem reparando , e eu estou cansada de guardar isso só para mim.

Ri em desgosto , parecia que eu estava matando alguém .

- sobre você e o menino Müller!

Gargalhei pelo apelido . Só meu pai para me fazer rir .

- pai, ele já é um homem .

- E é isso que eu temo... ele já é um homem e você ainda está aprendendo como ser uma mulher .

- ele que te deu ?
Olhou inquisitivo para a minha aliança .

- sim! É de namoro pai.

-não posso ser hipocrita já que quando conheci sua mãe ela tinha sua idade e eu tinha 28 anos ,mas os tempos mudaram Helena. E tenho medo de que você seja só uma diversão para ele . Mas eu posso dar um voto de confiança tá ? Eu posso fazer isso por você !

Abracei o mesmo apertado .
Logo ouvimos o barulho da porta , deveriam ser os meninos .

- Mas eu vou conversar com ele , de homem para homem viu ?

Assenti revirando os olhos , homens e seus machismos estruturado.
Pelo menos alguma aprovação eu tinha .
Tirei minha aliança enquanto os meninos se acomodavam no sofá .

- sentiu saudades velho?
Héctor diz para o meu pai .

- velho é teu rabo, eu vejo vocês todos os dias , por isso me tranco no meu escritório .

- nem parece que fica preocupado quando a gente é enviado para zonas de guerra !

João resmunga , e era verdade ... só faltava eu e meu pai arrancar os cabelos quando algum deles ia para zonas de guerra . O medo de qualquer batida na porta ser avisando que eles morreram .

Fico arrepiada só de pensar nisso , graças a Deus eles subiram de escalão e não são mais mandados nessas missões . Só se eles se voluntariarem o que não era vontade deles , e eram poucos soldados que se ofereciam para isso .

Apaixonada pela guerraOnde histórias criam vida. Descubra agora