Helena
Na mesa só ouvia o barulho dos talheres, e o bolo no centro da mesa apesar de ser lindo me causava uma angústia no peito.
Até quando meus aniversários seriam assim?Pensar nisso me enervou
- porquê insistem em comemorar algo que não deixa vocês feliz?
Falo alto , despertando meus três irmãos e meu pai de seus pensamentos.- Do que está falando? senta e come Helena!
Meu pai diz
- Dá para ver pela cara do pai que ele preferia estar no cemitério agora, chorando por ela!
Digo entre dentes magoada- não é justo!
Falo já deixando uma lágrima cair-o que não é justo é isso que está fazendo conosco Helena, compramos o bolo pensando em você
João disse mesmo sendo o irmão do meio entre os três, ele era o mais rigoroso de todos .
- até quando vamos continuar fingindo que ela não morreu? Que eu sou uma assassina?
Héctor meu irmão mais velho bateu forte com o punho na mesa, me deixando assustada e baixei minha cabeça imediatamente.
As vezes eu esquecia que vivia com 4 militares.
- você não é nenhuma assassina ok? A mãe sabia do risco de ter você e mesmo assim ela teve, nós estávamos ciente e mesmo assim escolhemos Você. Escolhermos a nossa princesa , a nossa Helena.
Sem ter tempo de reagir senti lágrimas molharem meu rosto.
- chega desse clima ruim gente, vamos cantar os parabéns de helena . Esse é um dia feliz a mãe nos deu a oportunidade de poder ter uma última lembrança sua, em pessoa... que é você helena
Henrique meu último e o mais humorado de todos os meus irmãos diz.
E enquanto eles cantavam os parabéns, cenas minhas ao longo dos anos foram passando pela minha cabeça, o quanto meu pai foi durão por criar 4 crianças mesmo sendo militar e bem ocupado.
E eu sei que ele tentou suprir a presença feminina que eu nunca tive... ele tentou.Com a visão embaçada por conta das lágrimas , eu encarava o reflexo da vela e o rosto sorridente de Henrique .
" pede um desejo Heleninha"
Ouço meio que distante a voz do meu irmão, já que estava focada nos olhos do meu pai... era o dia que ele tinha perdido a mulher dele, como eu podia? Eu tinha tirado a vida do amor da vida dele!
" eu desejo que ela volte a vida"
Eu sabia que esse desejo nunca aconteceria, isso não era um filme de ficção! Era vida real. Mas eu não merecia desejar nada , e meus irmãos não precisavam saber disso.
- o que pediu?
Henrique perguntou , ele era o mais velho mas bem grudento em mim, queria sempre saber tudo que se passava comigo até se eu precisava de absorventes , não vou negar que sua preocupação as vezes era sufocante .
Mas assim como o pai , eu entendia que ele só queria suprir a presença feminina que eu nunca tive.
- é segredo!
Disse envergonhada, e senti seus dedos acariciando meu cabelo cacheado enorme... puxado da mamãe .- agora que você tem 18 anos, não sabemos que te dar de presente !! Pede alguma coisa que nós e o pai compramos!
Pensei bastante , e com 18 anos a única coisa que eu queria mas do que nunca era me libertar um pouco da gaiola militar que me rodeava.
- eu quero começar a trabalhar !
Falei feliz e decidida , vendo as caretas se formando em suas faces e meu pai contorcendo o nariz
- você não precisa!
João como sempre impondo limites.
-nós damos tudo que você quer, e além de tudo podemos aumentar a sua mesada.
Henrique como sempre com sua possessividade passiva
- sim!
Hector afirmou concordando , dos três ele era o menos neurótico mas ainda assim concordava com os outros .- pai!
Apelei para o meu pai
- seus irmãos têm razão é muito perigo...
Fiz minha melhor cara de cachorro abandonado .- tudo bem!
- pai!!
Meus três irmãos gritaram em conjunto com um tom de decepção.- o quê? Ela passa o dia limpando e arrumando a casa e cozinhando para vocês, ela já tem 18 anos . Mas tem algumas condições.
- não importa! Eu aceito pai.
Quem me visse diria que eu estava desesperada atoa, e que era melhor ficar em casa, mas vocês sabem o que é passar a infância estudando em escola militar?
Não ter amigas, porque simplesmente as meninas daqui do condomínio militar , iam para as cidades grandes estudar e se formar muitas casavam e nunca mais voltavam, nunca fui permitida nem de viajar pelo trauma de perder alguém que meu pai e meus irmãos sentiam.
É como se eles tivessem colocado na cabeça que eu era a mamãe, mas eu não sou .
- estão precisando de pessoas na cantina do quartel para servir , e não é muito o salário mas já que quer tanto trabalhar né.
Meu pai disse rabugento
E eu sorria de ponta a ponta, eu poderia sair com mais liberdade também.- não fica muito feliz não, é o quarteirão onde estamos destacados , estaremos de olho.
Henrique disse já mostrando seu ciúmes ridículo, e meu semblante caiu.
Droga!! Era como dar voltar no mesmo lugar , porcaria de vila militar.
Um dia ainda iria namorar ,casar e sair daqui
PenseiPorque se eu dissesse isso em voz alta era capaz deles me amarrarem e apontaram arma em todo filho de algum soldado que chegasse perto de mim.
Não que eles ainda não tivessem feito isso.
- vai dormir, amanhã eu te levo para a entrevista .
O que era desnecessário, meu pai era tenente quem negaria algo para ele?
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Apaixonada pela guerra
Romancejoe Miller era reconhecido por sua carreira militar, teve a sua primeira farda vestida com apenas 18 anos, encontrou seu caminho no exercito americano. e hoje com 30 anos trabalhando para as forças especiais, o mesmo se depara com ela. uma menina de...