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 Meu coração estava preenchido de ternura e admiração. Como papai disse a tempos atrás, ele e mamãe estavam ocupados, e por isso não aproveitaram o aniversário de vinte anos dos dois juntos, entretanto, hoje os dois tiraram um tempo a noite para que pudessem sair em um jantar romântico e aproveitarem. Eu mordiscava fraco a minha unha, para aliviar um pouco a ansiedade enquanto Kitsune ficava em meu colo tirando uma soneca e Himiko fazia suas lições de casa.

— Himi, me dá um pedacinho desse chocolate. — Estendi a mão para ela, esperando gentilmente que ela me desse, devido todo o empenho que tive para agarrar da mão do garoto, que no fim não valeu de nada já que tinha muito mais no estoque, lembrar disso até me dava um pouco de vergonha.

Himiko pegou a barra de chocolate e quebrou um mísero pedaço para dar a mim. Revirei os olhos e ri baixo, entretanto peguei e coloquei em minha boca. O chocolate realmente tinha um sabor incrível, agora entendia o porquê da obsessão de Himiko. Acariciei o pelo de Kitsune, que ronronava alto e aproveitava o afeto.

— Como está sendo a escola, Himi?

— Eu não gosto dos professores.

— É... nem eu. — Rolei os olhos. Alguns professores da escola que eu estudava pareciam ser um pouco decentes, mas eram apenas normais como os demais, adultos e seus costumes de querer pagar pose de superior com adolescentes era algo sempre tão entediante. — Mas e suas amiguinhas?

Himiko soltou o lápis e me encarou, engoliu a saliva e ajustou o cabelo alaranjado, se preparando para falar. — Eu e elas brigamos! — Sua voz saiu bastante expressiva, mostrando sua decepção.

Arqueei minha sobrancelha e ajustei minha postura, ficando mais interessada na conversa, já que Himiko nunca foi de arrumar brigas. — Sério? Me conta, o que aconteceu?

Himiko hesitou um minuto, então jogou o cabelo para o lado e olhou para o chão. — Elas falaram que meu cabelo é estranho. — Seu tom de voz baixou gradativamente.

Eu lembrei de quando eu era menor, a lei no Japão sobre cabelos é rígida, eles gostam que todos estejam do mesmo jeito, pedindo até mesmo para que meninas pintem o cabelo para uma cor escura.

— Seu cabelo é lindo, Miko. Lembra o que a mana sempre te falou, ninguém é melhor que você e você não é melhor que ninguém. Seu cabelo é muito lindo, Miko. Ele carrega genes de muitas pessoas que se amavam.

— Mas ele não é bonito.

— Eu acho muito bonito, Miko. — Suspirei. Crianças nunca sabiam o que falavam, quando Himiko crescesse todos iriam admirar o cabelo dela. Sei porque é algo que eu vivi.

— Só você, papai e mamãe.

— Não é verdade isso. Você acha ele feio?

— Não mas...

— Então, Miko. A única pessoa que deve ligar para sua aparência é você. Você não é o que os outros ditam. — Coloquei Kitsune no sofá e caminhei até Himiko, revirei os fios alaranjados dela e caminhei até a porta, pois havia escutado barulhos de batidas nela. Foi aí que vi Kaori, tínhamos combinado que iríamos fazer algo para aliviar o tédio. No fim, Kaori quem colocou na pequena cabeça de Himiko e fez ela entender como seu cabelo era lindo do jeito que era.

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Dei um sorriso de orelha a orelha quando vi mamãe e papai chegar, os dois pareciam felizes como nunca. Mamãe vestia um vestido preto e um colar branco, pai usava uma roupa preta, não muito formal mas também não muito básica.

— Como foi o dia com Himiko? — Masato retirou os sapatos e guardou, então colocou um chinelo e entrou na sala.

— Foi bom. Kaori veio aqui.

BEST CRIME - Wakasa imaushiOnde histórias criam vida. Descubra agora