A praia, os brinquedos e nós.

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Hoseok ajeitou melhor seu chapéu de praia quando terminou de passar cuidadosamente o protetor solar pelos braços, peitoral, pernas e rosto

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Hoseok ajeitou melhor seu chapéu de praia quando terminou de passar cuidadosamente o protetor solar pelos braços, peitoral, pernas e rosto. O sol de Maui era intenso no verão, e ele detestaria qualquer queimadura em sua pele. Garoto da cidade e cuidadoso ao extremo; chegando a ser paranoico com certas coisas, principalmente quando relacionadas aos males do verão. Ele não costumava sair de férias para cidades praianas ou até mesmo outro país, preferia ficar no aconchego de sua casa, ou curtir a piscina do condomínio em que morava quando o calor era de lhe sufocar. 

Mas se pegou pensando nas férias em que costumava ir para Maui com os pais, considerou que talvez não fosse ruim sentir a areia macia nos seus pés, ou a água gelada lhe envolvendo. Se lembrava bem da última viagem a Maui e de como havia sido divertido, tudo bem que para uma criança tudo é legal e sinônimo de diversão; mas isso não desconsidera o fato de que realmente aquele lugar lhe agradava. As pessoas também, se lembrava de um amiguinho avoado que encontrou durante todos os dias que esteve ali. 

Era um garotinho incrível, realmente. Hoseok se recordava de como sentiu falta do menino, do triste adeus que deram um ao outro em meio a lágrimas e um abraço forte. Lembranças de sua infância o deixavam nostálgico e um pouco frustrado, não imaginava que um garotinho tão feliz se tornaria naquele bolo de preocupação e manias.

Hoseok estava em seu último ano da faculdade de administração, sequer sabia se era realmente o que queria para si, mas se dava inteiro para conseguir se manter como um dos melhores alunos do curso. Vivia atarefado e mal tinha uma vida social, tudo que fazia era resumido aos estudos, e ao trabalho de meio período no escritório do pai. Mal respirava, e felicidade era um sentimento que ele desconhecia a bastante tempo. Talvez ele se resumisse à exaustão, nada mais que isso.

Seus pais estranharam a atitude tão repentina de ir para o Havaí sozinho, sem convidar nenhum amigo ou parente, mas Hoseok só queria um tempo livre de tudo, de todos, e da vida que tinha. Achou melhor ir sozinho, deste modo tinha mais liberdade para fazer o que bem entendesse a hora que bem quisesse, e aquela independência era um sentimento bastante aprazível para o garoto. Também lhe trazia um sentimento doce e fugaz de alívio, não era como se tivesse carregando o mundo em suas costas, ele realmente se sentia bem, leve e preenchido por uma paz consumidora. Até porque faz dois dias que estava ali e o primeiro dia ele pode fazer aquilo que mais desejou em meses: dormir e comer, comer e dormir.

Só tomou coragem para levantar da cama no segundo dia; e ali estava, por volta das dez da manhã, sentado em uma cadeira de praia, banhado em protetor solar ganhando a aparência de um palmito, enquanto ouvia uma música lenta nos fones de ouvido, observando as ondas do mar serenas, e as pessoas indo e vindo daquele pedacinho do céu na terra.

Riu meio bobo consigo mesmo por lembrar-se daquela frase. Crianças realmente tinham as melhores ideias, era engraçado de se observar. Se perguntava onde havia ido parar as suas ideias e criatividade para as coisas, lembra-se de ser tão agitado e criativo. Por que de repente ele não conseguia pensar em nada além daquilo que tinha na cidade? Além do futuro prometido por seus pais que nem mesmo desejava?

De Gwangju ao Havaí.Onde histórias criam vida. Descubra agora