ℐᥒ 𝒜𝗇𝗈𝗍𝗁𝖾𝗋 ℒιfᥱ - 𝒱ιgιᥲᥒ ·․ˑ ✦

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Victória descia as escadas devagar, não queria que Bernardo, seu padrasto, escutasse. Cada passo era um arrepio, estava segurando no corrimão, devido a escuridão não enxergava nada. Ligava o celular, o hórario marcava exatamente 22:23, Vivi não entendia o porquê de sua mãe ter saído justo na noite em que Bárbara havia cancelado a noite do pijama, que seria a fuga de Vic, ela não queria de jeito algum dormir na mesma casa em que o padrasto estava, apesar de Vini estar lá, o garoto permanecia trancado em seu quarto. 

Era torturante para ela se sentir desconfortável e insegura em sua própria residência.

Vivi estava no ultimo degrau da imensa escada, ainda descendo com cautela, mas sentiu um arrepio na nuca ao sentir uma mão grande em seu ombro.

─ Vivi? Ainda está acordada? ─ O homem alto falava meio grogue ligando a luz.

─ É Victória para você. E eu já estou indo dormir. ─ Ela tentava desviar de Bernardo, mas sem sucesso.

─ Que isso, Vivi... Não seja tímida. ─ Bernardo segurava sua cintura.

Victória engolia seco, cada palavra que aquele homem dizia fazia a garota tremer.

─ Eu... ─ A voz da garota falha quando seu padrasto descia uma de suas mãos para a coxa de Vivi, a fazendo arrepiar novamente. ─ Eu preciso ir dormir. ─ Ela encontrava sua voz e tira as mãos gigantes de seu corpo.

Estava sentindo um puta medo, não era a primeira vez que aquilo acontecia, ela sentia um nojo enorme de si mesma todos os dias. 

─ Mas já?... ─ Ele alisava o cabelo de Victória.

Ela podia tentar fugir dali, mas seria pior, e ela sabia, por experiencia própria. A garota rezava com todas suas forças para alguém aparecer ali. 

Até suas preces serem atendidas e Vinicius aparecer, estava apenas com uma calça moletom preta. Ele descia as escadas sem tirar os olhos do celular, estava de fone.

Ao ver Vini, Bernardo se afastou de Victória, mas não demonstrava nervosismo. Vini parava de olhar o celular por um instante e via sua irmã e seu padrasto ali, e sem entender nada, franziu o cenho vendo eles encararem o mesmo.

─ Que foi? ─ Vini perguntava desconfiado.

─ Nada, Vini. Estava falando para Victória ir dormir, amanhã tem aula, certo? ─ Bernardo sorriu com falsidade e Vinicius assentiu.

─ Bom, eu vou dormir. ─ Vivi passou pelo padrasto e parou em frente a Vini, que depositou um beijo no topo de sua testa.

─ Boa noite, Vi. ─ O garoto abraçou a irmã caçula, que após o abraço subiu as escadas, voltando para seu quarto, de onde nem deveria ter saído.

─ Boa noite, Victória. ─ Bernardo olhou para a mesma sorrindo, com aquele maldito sorriso, que apavorava Vivi. A garota parou por um momento, mas logo voltou a subir sem olhar para trás, sentindo aquele olhar queimar suas costas.

Ao chegar em seu quarto, foi trancar a porta, mas a chave não estava lá, o que fez a menina sentir seus batimentos acelerados, mas pensou que ele não teria coragem de fazer algo com ela, devido o seu irmão estar em casa, sentou na cama tentando regular seus batimentos. 

Após alguns minutos, Victória foi ao banheiro, tirou suas vestes e entrou no box, a garota tomava pelo menos 5 banhos no dia, não conseguia se olhar no espelho, se sentia nojenta, em cada banho ela esfregava cada lugar tocado pelo homem com uma força absurda. Chorava todas as noites, se achava inútil.

Ao acabar o banho demorado, se enxugou com sua toalha e vestiu sua calça moletom e camiseta de Vini, ela costumava usar roupas confortáveis, incluindo seus pijamas, mas depois que Bernardo passou a morar na casa, ela parou de dormir como queria.

A vontade de pentear o cabelo estava ausente, apenas deitou na cama, mas não parava de pensar no homem invadindo seu quarto que estava destrancado e fazendo o que bem entendia com ela. Se mexia de um lado para o outro, até o medo aumentar e ela decidir ir para o quarto do irmão.

Levantou da cama, colocou as pantufas de corações, pegou sua coberta e um ursinho de pelúcia que havia ganhado do pai e caminhou até a porta, Victória suspirou fundo antes de abrir, colocou a mão na maçaneta e abriu devagar, saiu do quarto, nem exitou em fechar a porta para não fazer barulho. 

Caminhou pelos corredores escuros em direção ao quarto de seu irmão, ela virou para trás para checar como estavam as coisas e viu Bernardo em frente a porta de seu quarto, o que a fez gelar, acelerando os passos, bateu na porta do quarto do menino com toda sua força.

Vivi comemorou mentalmente ao escutar barulhos de chaves destrancando a porta.

─ Que foi, porra? ─ Vini abriu a porta, grogue de sono.

─ Graças a Deus! ─ Ela abraçou o garoto que retribuiu sem entender. ─ Posso dormir com você?

─ Por que? ─ Ele coçava os olhos.

─ Vi um filme de terror e estou com medo. ─ Vivi mentia muito, essa não era a primeira vez, por esse motivo, já não gaguejava mais como antes.

─ Fala sério. ─ Vini revirou os olhos.

─ Você deixa? ─ Victória implorava através dos olhos.

─ Eu não, cê é fedida! ─ Ele franze o cenho.

─ Haha, muito engraçado, Pieri! Eu tomei banho, tá? Deixa, por favor!!! ─ Victória cruzava as mãos.

─ Tá legal, entra. Mas por Deus e por mim, para de ver filme de terror. ─ Victória entrou no quarto e o mais velho fechou a porta.

─ Brigada, Vini! ─ A garota sorria.

O quarto do mais velho era bem bonito e organizado, a cama era de casal, e o ar condicionado estava ligado. Vinicius deitou em sua cama primeiro, deixando um espaço para a caçula deitar, logo Vivi colocou sua coberta sobre a cama, tirou suas pantufas e deitou de costas para Vini, abraçando seu ursinho, após um tempo, sentiu Vini abraça-la, era o que a garota precisava para dormir bem.