"Querido diário, hoje eu resolvi criar coragem e vir falar com você sobre as coisas que têm acontecido recentemente comigo nos últimos dias. No dia 14 de março, fui diagnosticada com HIV. De início, levei a notícia como se nada tivesse acontecido e pensei que ficaria por isso. Achei até que fosse melhor, mas não foi bem assim. Logo depois de olhar minha ficha passando de mão em mão pelo hospital, meu psicólogo levando de um lado para outro, e toda aquela correria que não parecia ter fim, fui tomada pela ansiedade e comecei a ficar completamente sensibilizada comigo mesma.
Logo após o diagnóstico, meu psicólogo conversou comigo e iniciamos os protocolos de saúde que são obrigatórios pelo próprio governo. Fazendo isso, começou nossa "aventura" pelo hospital, indo de departamento em departamento. Meus amigos que foram comigo não entenderam nada do que estava acontecendo, pois eles não sabiam ainda. Um deles gritou: 'O Beto, por que você leva tanto minha irmã pra baixo e pra cima? Tá me deixando nervoso já.'
Quando olhei para ele, consegui sentir o desespero controlado através dos seus olhos, talvez o medo de pensar que algo pior aconteceu.
Naquele momento, comecei a refletir: o que eu falaria para eles? Negaria que meus exames deram positivo? Conversaria e assumiria o que aconteceu? Ou simplesmente não falaria nada, o que, para mim, deixaria mais óbvio ainda. Logo em seguida, fomos direto fazer a coleta de sangue para um segundo exame de outra marca de outra empresa do HIV, para ter total certeza de que sou reagente ao vírus. E logo depois veio a notícia: bingo, eu realmente estava infectada com o vírus do HIV.
Nesse espaço de tempo entre a coleta de sangue e o resultado positivo, fui novamente ficar nos bancos com meus amigos e lá veio a enxurrada de perguntas.
'E aí, irmã, o que deu seu exame?'
'Então, gente, deu positivo.'
Os olhares em choque, os rostos incrédulos, as expressões faciais, as vozes baixas e, o melhor, a não aceitação.
E tudo isso só me levaria para o mesmo lugar: o encaminhamento para o desespero de ser uma jovem com 21 anos e um problema que eu carregaria a vida inteira sozinha.
Ainda sem acreditar no que aconteceu, eles enfatizam seus porquês. Eu jamais os julgaria por não acreditarem, sendo que, ao falar do meu diagnóstico, eu simplesmente não esbanjei nenhum tipo de reação. Na verdade, eu não sabia que tipo de reação era necessária naquele momento. O que eu deveria fazer? Chorar? Rir? Ficar séria? Me desesperar?
Então, respirei e controlei aquele momento, ou pelo menos eu achava que estava controlando. Mal eu sabia o que estava por vir."
VOCÊ ESTÁ LENDO
"Entre Linhas: A Jornada após o Diagnóstico"
Teen Fiction"Título: 'Além do Diagnóstico' Descrição: Em 'Além do Diagnóstico', acompanhamos a jornada emocional e desafiadora de Ana, uma jovem de 21 anos que recebe um diagnóstico impactante de HIV. Este livro narra a trajetória de Ana desde o momento em que...