Capítulo 4 - Sem Esperança.

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Assim que Roger levanta as grades não penso em mais nada. Apenas subo o ringue a correr, afasto Nikki da minha pequena, ajoelho-me há sua frente e puxo-a para os meus braços.

- Morena? - Chamo-a mas não há qualquer reação da sua parte. - Vamos pequena, olha para mim. Abre os olhos, por favor. - Eu tentava, tentava mas não havia forma de ela abrir aqueles olhos profundos e intensos.

Começo a ficar desesperado e então verifico o pulso e percebi que este estava demasiado fraco. Não perdi mais tempo. Grito para que Clancy - o barman - me traga a minha mochila que estava na parte reservada para mim, pego na menina e começo a furar por entre a multidão para puder saí dali.

Quando chego á porta, Clancy está ao meu lado com a minha mochila e as chaves do meu carro na mão. Ele abre-me a porta e atravessamos a rua o mais rápido possível para chegar ao carro. Quando o avistamos, Clancy novamente me abre a porta, desta vez a porta traseira do meu Range Rover Evoque branco. Enquanto a deito delicadamente no banco traseiro, não posso evitar olhar para o seu rosto todo inchado, coberto de vermelho sangue e já com alguns hematomas pretos. Eu não quero nem imaginar como está o resto do corpo dela depois dos imensos pontapés que Nikki lhe deu.

Nikki.

Raiva. Desilusão. Ódio.

Vai ter volta, vai ter volta para ela. Isto não fica assim.

- Alex. - Clancy chama-me. Ele já tinha colocado o carro a trabalhar. - Não percas mais tempo. Ela não parece muito bem. Vai.

E eu não perco mesmo. Dou-lhe uma batidinha nas costas em forma de agradecimento, entro no carro e arranco a toda a velocidade.

A viagem ao hospital nunca me pareceu tão longa como agora. Não consigo não me virar para trás e olhar para ela. Eu só queria que ela abrisse os olhos. Eu só queria saber que pelo menos ela ainda está aqui. Sinto-me impotente.

Durante a viagem, as imagens da luta - não, da suposta luta, aquilo não foi uma luta, foi tortura - passam-me pela cabeça milhares de vezes: minha pequena a cair ao chão, Nikki a gritar e a acertar-lhe com fortes pontapés, a minha pequena a fechar os olhos e não voltar a abri-los. É doloroso só de pensar.

Quando chego ao hospital, pelo lado das urgências, paro o carro de qualquer forma, salto cá para fora e vou pegar nela.

- Médico. Um médico, por favor. - Entro nas urgências a gritar o mais alto que consigo, mas não aparece nenhum. - Hey. Enfermeira? Ela precisa de ajuda, por favor.

Finalmente uma enfermeira percebe a minha presença e quando olha para a morena em meus braços arregala os olhos - um mau sinal - e logo chama um médico e mais enfermeiros, que chegam com uma maca. Deito-a na maca, mas não a largo. Agarro-lhe a mão e acompanho o movimento do médico - que já vai a gritar ordens - e dos enfermeiros que empurram a maca em direção de uma porta. Quando lá chegamos, alguém tenta me impedir de a ultrapassar, dou luta, mas acabo por resistir, não tenho mais forças.

- Por favor senhor, preciso que espere deste lado. Não pode passar. Assim que tivermos noticias, será informado. - Alguém pede e assinto mesmo que não concorde e não saiba quem o disse.

Acabo por me sentar numa cadeira da sala de espera, perto da porta, derrotado.

Derrotado. Era como me sentia ali sentado. Eu não queria que nada disto tivesse acontecido. E ainda por cima era tudo culpa minha. Se eu não tivesse falado com a morena, Nikki não dava uma de louca e não a tinha atacado assim.

Mas por mais culpado que me sinta, não me sinto arrependido. Não podia. Eu não me podia arrepender de me ter sentado ao seu lado, e de ter falado com ela. Aquela menina, morena, pequena havia me atraído de tal forma que parecia mentira.

Eu não entendo a razão de estar assim - louco, destroçado, triste, encantado - por uma menina que havia conhecido á menos de duas horas. Quer dizer, não é a primeira vez que uma menina sai do clube, depois de uma luta, diretamente para o hospital, mas era a primeira vez que eu trazia uma e me importava tanto com ela. Simplesmente não dá para entender.

E, minha pequena? Minha? Que história era essa? Eu nem sei o nome da menina. Não sei a idade, de onde é, onde mora. Não sei nada dela. E mesmo assim a chamava de minha? Ou eu estava a ficar louco ou ....

"Ou estás louco por ela."- Uma voz na minha cabeça sussurra.

Não, não podia ser. Eu nunca fiquei assim por ninguém. Nunca nenhuma menina me pareceu tão importante como ela. Excepto a minha mãe. Ela era a mulher mais importante da minha vida. Mas parecia que agora havia mais uma a tentar competir pelo lugar. E era tudo tão rápido que eu continuava sem perceber e a parecer mentira.

Eram 2:26 da madrugada e eu continuava ali sentado com a cabeça encostado na parede à espera e sem notícias.

2:48 da madrugada quando a porta - da entrada- das urgências abre bruscamente e por lá entram dois homens - Collin e Joshua Hamilton - que quando me vêm correm em minha direção.

- Hey, mano. - Collin, meu irmão mais velho diz quando se senta do meu lado esquerdo. - Clancy ligou me a contar. Estás bem ? - Ele pergunta.

- Eu ... - Hesito - Eu estou, mas ela não, então.... eu não sei Collin. Eu não sei, ainda não apareceu ninguém. Não dizem nada e eu não sei como ela está. Aliás, nem se está viva.

- Alex, mano, não penses assim. A menina sobreviveu de certeza e daqui a pouco alguém virá dizer alguma coisa. - Josh fala sentando ao meu lado direito. - Relaxa, ok? Vai dar tudo certo.

- Relaxa ?! - Levanto-me. - Relaxa?! Josh, a menina apanhou forte por minha causa. É culpa minha ela agora estar neste hospital toda partida e machucada.

- Alex, acalma-te. Josh está a tentar ajudar. Não o culpes. Nem te culpes a ti. É sexta-feira, a menina sabia o risco que estava a correr ao entrar ali. Ninguém tem culpa, a não ser a desvairada da Nikki. Eu sempre disse que ela não batia bem. - Collin interfere.

- Desculpem, são vocês que estão a acompanhar a menina que chegou á pouco toda machucada? - uma enfermeira de meia idade pergunta. Levanto-me imediatamente.

- Sim, sim. Há alguma noticia? Já a posso ver? - Pergunto.

- Receio que não. Neste momento ela está a ser operada. Teve uma grande contusão pulmonar. E está muito machucada exteriormente e interiormente, sendo que as lesões no rosto e no estômago são as piores. Também foram apontados alguns problemas na coluna, havendo mesmo o risco de .....de ficar paraplégica ou ..... até mesmo tretaplégica. O quadro não é o melhor. Sinto muito, mas não há esperanças. Seria necessário um milagre, lamento. - A enfermeira responde.

"Não há esperanças."

"Necessário um milagre."

Minha pequena caiu, e meu mundo com ela.

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Hey, meninas e meninos.

Ainda estou há espera das vossas ideias, mas aqui está um adiantamento.

Espero que gostem e digam alguma coisa, por favor.

The Fighter: Life is a constant battle.Onde histórias criam vida. Descubra agora