Descompasso Etéreo
Por mais que eu durma, ou feche os olhos ele não sai de meus pensamentos estou perdendo tempo, sei disso. Já faz cinco longos meses desde seu sumiço, mas a vaga lembrança do curto período em que passamos juntos seria o que me mantém consciente de que tudo o que aconteceu em Axtria ainda se mantinha vivo em mim.
Olhando pela janela do quarto na torre sul do Castelo eu ouvia o cantar e grasnar das aves marítimas, invejava a liberdade delas. Poder voar sem se preocupar com a sucessão da coroa, em particular minha coroa, de meu povo e dos nobres cujo tinha a indecência de tentar impor regras a um rei e a seu sucessor.
A quase perda de minha irmã, deixou-me pensativo. Eu não gostaria de ser rei, mas essa consequência caiu em meu colo assim que vim a esse mundo como um filho primogênito do senhor dos mares, a segunda família mais antiga de Galopius.
Depois do incidente aos nossos vizinhos mais afortunados onde se teve a perda de muitas famílias nobres do reino do Oeste, os nobres de Axtria tiveram receio que a calamidade fizesse uma visita em nossa morada. Mas até onde eu sabia, Kai estava como desaparecido, após tentar fazer uma barganha não tão bem-sucedida com o senhor de Xerathes Seu paradeiro era incerto até mesmo para um de meus melhores espiões.
— Sinto muito por ter perdido o rastro do Lorde Kai, já mandei homens vasculharem por toda Galopius.
— Eu entendo, não se cobre tanto. Afinal ele está com Emeric, esse rapaz iria suceder o próprio pai como líder das tropas reais de Axtria, foi treinado para dificultar seu trabalho. — disse a Gaucin o espião que havia contratado logo que descobri que o príncipe do país do Sol estava vivo. — Agora vá e não me decepcione novamente, mas lembre-se de não deixar que papai e minha irmã descubram nada. — dei ênfase em minha última fala, pois eles não poderiam saber sobre o que estou a fazer.
— Como desejar senhor. — disse o homem com mantos escuros se curvando diante de minha presença, logo não havia resquícios de sua estadia em meus aposentos.
Ao terminar meus assuntos com o espião me dirigi até o meu local de maior paz em todo o reino.
No final havia coisas importantes a serem feitas, e meu amado estaria em boas mãos.
Não muito longe do castelo existia um lugar um lugar que costumava ir ao acordar, desde muito novo mantive esse hábito. E ele se intensificou devido a perda da matriarca de Daria; minha mãe.
Gostava de vir à capela da cidade, por motivos de que achava as escrituras antigas em adoração aos deuses inebriantes, não que fosse um religioso completo, somente gostava de pensar o quanto divino eram esses seres, os nossos deuses.
E sempre acendia três velas verdes para minha mãe, essa era sua cor preferida quando viva.
Assim, todos os dias vinha fazer minhas preces à deusa Dunari, para que um dia Kai retornasse até mim, e que vivêssemos aquilo que prometemos a meses atrás.
— Sempre me perguntei o porquê de você vir até a capela depois do desjejum — quem havia interrompido minhas orações era minha irmã mais nova. Enxerida como de costume. — Me responda, o que tanto pede a deusa das marés para ter de volta?
— Algo que foi tomado de seu tão estimado irmão, irmãzinha — minha fala era exacerbada de sarcasmo.
— Ora irmão até para os deuses há limites, não acha? O garoto de cabelos negros já deve estar morto a essa altura. E não seria sua birra a trazê-lo de volta! — Desdenhou Maila.
Ela me deu as costas antes que pudesse retrucar sua fala equivocada, pois tinha novas notícias de Kai e ele estava vivo, só teria que o encontrar antes dos inimigos, mas cada pequena fração de tempo era determinante para o encontrar com vida. E tempo era algo que ele não tinha, por isso precisava agir rápido.
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Coroa Do Sol
FantasiaEm um reino onde os ventos do destino sussurram segredos antigos e as areias do deserto ocultam mistérios profundos, a história de Kai, um príncipe de coração inquieto, se desenrola. Seu espírito rebelde e anseio por liberdade o conduzem por caminho...