Cap. 7

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- Quando eu tinha 6 anos, eu tinha um amigo. Ele era incrível. A gente só brincava junto, fazia tudo juntos, éramos unha e carne. Só que eu também tinha uma aranha, é, animal estranho de estimação, mas eu gostava dela. Ela era minha companhia quando eu não tinha ninguém, me escutava quando eu precisava.

- Sem um caderno... - Erin interrompe.

Zaya a olha, mas logo volta sua atenção ao que falava antes.

- Eu achava aquele animal, incrível. E esse meu amigo, ele era meu melhor amigo. - se cala.

- E o que aconteceu depois, Zaya? - Erin pergunta atenta a qualquer resposta.

Zaya continua com seu olhar a qualquer lugar sem importância, travada em seus pensamentos. Sorrir passando a mão no nariz acompanhado de um fungado.

- Estávamos brincando na rua, de bicicleta. Primeiro ele ia depois era eu. Quando a perninha fugiu de sua gaiola e não sei como foi até onde nós estávamos, ele passou por cima dela com a bicicleta. Quando escutei o barulho dela sendo esmagada, meu coração foi esmagado junto. Eu ri, ri muito. Ai não quis mais falar com ele.

- Eu sinto muito, Zaya. - sua voz é dócil de conforto.

Zaya a olha forçando um sorriso torto.

- Por que sente? Era só um animal, não era importante pra você.

- Mas era pra você. E a conversa aqui não é sobre mim, sei que isso te machucou de alguma forma, tanto que até hoje ainda guarda a memória.  - Pega na mão da outra lhe fazendo um carinho oferecendo um sorriso.

Zaya se cala e apenas deixa se perder mais um pouco naquele olhar.

- Por hoje é só. - diz se levantando pra sair do quarto.

- Até quando vai continuar quebrando a regras? - pergunta sem olha-la.

- Até quando for preciso pra que você nunca mais se sinta sozinha.

Zaya sorrir.

- Não pode mudar quem eu sou, e nem aquilo que já está me condenado.

Erin se aproxima da outra repousando sua mão no ombro da mesma, Zaya porém, continua sem olha-la.

- Eu não posso, mas você sim.

Atrai o olhar da outra.

- E se eu não quiser?

Apenas se encaram.

- Já faz uma semana que estamos nessa, doutora. Pode dar ruim pro seu lado. - desdenha.

- Valerá a pena, não?

- Não sei, me diga você. Eu valho a pena?

Erin se cala diante dessa fala.

Logo é despertada de seus desvaneios por um telefone que atende prontamente.

- Sim?
O quê?
Vocês tem certeza?
Eu não consigo acreditar nisso.
Por favor... Façam o que puderem.
Estarei ai em 20min.
Obrigada, enquanto houver esperança ainda farei o possível.
Até logo.

- Algum problema, doutora?

Erin suspira pegando suas coisas.

- Pessoal, Zaya.

Vai até a porta pra sair do quarto.

- Releia meu caso, doutora. - Erin para. - Achará algo importante.

- O quê? - pergunta confusa.

- Meu caso. Releia! - a olha - Será importante.

Erin balança a cabeça negativamente, achando aquilo ridículo da parte da outra.
Sai do quarto indo direto procurar um táxi pro hospital.

Terapia. ( Lésbico ) NÃO REVISADAOnde histórias criam vida. Descubra agora