Capítulo 6

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Aurora

Conforme o céu escurece, as estrelas brilham no céu como pequenos diamantes. Sempre gostei de admira-las, era um consolo para mim, passar a noite olhando para o céu e pensar em minha mãe nesses momentos. As lágrimas já secaram em meu rosto e eu cansei de chorar, não adianta. Apenas não consigo entender o porquê meu pai nunca me contou meu destino. Cresci sabendo que uma rainha e um rei, devem pensar em seu povo em primeiro lugar, e por isso compreendo meu pai, por mais que doa e rasgue meu coração, me sentindo traída por ter sido mantida no escuro todo esse tempo.

Lembro-me que Odete uma vez me disse, que o povo passará fome, e que meu pai conseguiu terras para eles plantar e voltar a produzir. Agora sei como ele fez isso, a revelação do sacrifício que meu pai fez, trocando o destino de sua única filha pelas terras que alimentariam nosso povo, pesa sobre mim.

O vento acaricia minha pele, um toque gélido me arrepiando e fazendo meu corpo tremer, minha roupa está úmida, grudada em meu corpo pelo sereno que forma pequenas gostas de água, que me trazem a realidade. Sim, era real e eu estava ali. Penso que talvez seja a hora aceitar meu destino, pois foi esse destino que salvou o meu povo da morte, devo isso a eles, já que meu pai me ofertou ao Dragão. Mas o receio da criatura que me espera dentro dessa caverna faz com que o medo me atinja como uma faca afiada, perfurando o meu coração.

Uma escrava. Esse será meu título sob o domínio dele. Um destino cruel, talvez até mais cruel do que morrer em um sacrifício de fogo. Porém é o que foi traçado para mim. Não um príncipe, e sim um dragão.

Fecho os olhos e minha palma arde, na marca que agora carrego em minha pele. Escuto a melodia calma invadir meus ouvidos, assim como foi no castelo, porém dessa vez ela não me conduz, apenas me chama, como se esperasse que eu fosse atrás dela. Resisto o máximo que consigo, porém o chamado é mais forte do que consigo suportar.

Levanto-me sentindo a dor em minhas pernas, pelo tempo que passei na mesma posição. Envolvo meu corpo em meus braços, abracando-me conforme adentro na caverna, sentindo-o tremer, tão frio e úmido que dói em meus ossos a cada passo, como agulhas perfurando minha carne. Fecho os olhos e deixo o medalhão me guiar até ele outra vez.

O fogo das tochas não me esquentam, nem mesmo as paredes de pedra que outrora eu sentia seu calor, agora não sinto. Será que morri congelada, e esse chamado é o da morte? Penso abrindo um leve sorriso, triste porém irônico.

Abro os olhos me vendo na frente do Dragão, ele está sentado naquela pedra lisa, e parece me analizar devagar. Não digo nada, apenas tremo, batendo os dentes um contra o outro em um ritmo frenético.

— Tire esse vestido molhado, princesa. Eu vou esquentar seu corpo. — Fala em um tom calmo, olhando dentro de meus olhos.

Não sei se foi pelo feitiço, ou se foi meu corpo reagindo no automático. Desamarrei os nós do meu vestido, os dedos quase não conseguiam pegar as cordas de tão rígidos. E quando consegui, o deixei cair, revelando apenas a minha roupa de baixo branca.

— Essa também está molhada. — Ele fala olhando lentamente para meu corpo.

Respiro fundo, sabendo o inevitável, não tinha para onde correr ou fugir, estava presa, enfeitiçada dentro de uma caverna, congelando até quase a morte. Quase, pois acredito que o feitiço não me deixara morrer e pensar nisso é terrível, vou chegar perto da morte e voltar.

Quantas vezes isso pode acontecer? Infelizmente essa é uma pergunta que não posso responder.

Tiro a roupa de baixo, mostrando a minha nudez, pela primeira vez a alguém depois de Odete que cuidou de mim desde pequena, estava me vendo dessa forma.

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⏰ Última atualização: Apr 14 ⏰

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( Degustação) Enfeitiçada pelo DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora